Sair da Casa da Mae
Quem quer sair de uma história, cala-se e vai embora.
Porque as grandes dores são mudas.
E decisões definitivas não se demoram em explicações.
É um negócio perigoso, Frodo, sair da sua porta. Você pisa na estrada, e, se não controlar seus pés, não há como saber até onde você pode ser levado
O amor vem de onde menos se espera, quando não se está procurando por ele. Sair à procura do amor nunca resulta na chegada do parceiro certo. Só cria melancolia e infelicidade. O amor nunca está fora de nós, mas dentro de nós.
A característica mais proeminente do imbecil é a incapacidade de sair fora da sua esfera de interesses e perceber que a do interlocutor pode ser outra.
Então diga, que não vai sair da minha vida, diga que não passa de mentiras quando dizem que o amor morreu. Então diga que o tempo fecha todas as feridas, que pra nós existe uma saída, e nem por um segundo me esqueceu.
O tamanho da dor
Eu sei o tamanho da sua dor.
Imagino o quanto te custa levantar a cabeça, sair de casa.
Até respirar parece uma tortura.
A dor no peito parece indicar o fim da vida que nunca chega.
Em sua cabeça, o que importa é quem te fez sofrer. Você não aceita a situação atual.
Não é justo o que fizeram com você.
Falar é fácil, e fica todo mundo te enchendo com as mesmas frases:
"Você precisa reagir"! ."Você precisa reagir"! "Você precisa reagir"!
"Você precisa ser forte". "Você precisa ser forte". "Você precisa ser forte".
"Esquece isso." "Esquece isso." "Esquece isso."
Sabe que isso já tá doendo nos ouvidos? Será que os outros pensam que é fácil passar pelo que você está passando?
Será que eles pensam que é só querer e tudo está resolvido?
Como esquecer o passado, se o passado para você é o seu hoje...é o seu presente?
Se para você as lembranças daquele dia, quando você sofreu a "grande humilhação da sua vida", estão tão vivas, mas tão vivas que parece que tudo está acontecendo agora.
Tá vendo, foi só lembrar e você já começa a chorar, de tão forte que é a dor.
É, realmente eu sei qual é o tamanho da sua dor, e não acho justo que as pessoas fiquem tentando julgar o seu sofrimento, a sua situação.
Cada um de nós sabe exatamente onde a dor é mais forte. Cada momento que vivemos é registrado em nossa mente como "um arquivo fotográfico".
Quando precisamos identificar alguma coisa buscamos nos nossos "arquivos mentais" a foto correspondente ao que buscamos entender.
Se alguém fala em "uvas", você não precisa ver as uvas para saber o que são; dentro do seu "arquivo" tem uma foto de uva e você manda buscar essa foto instantaneamente. É um processo natural.
Quando te falam de algo que você não conhece, você precisa ver ou viver a situação para colocar essa foto no seu arquivo.
Pois bem, nos seus arquivos, existem diversas fotos de felicidade. Diversas fotos de momentos em que você sorria. Fotos de momentos especiais nos quais os amigos estavam presentes, a família, e outras, onde você estava muito bem.
O exercício é esse: mande buscar essas fotos no seu cérebro. Reveja cada momento feliz e guarde, registre, capture esse sorriso, essa paz, esse "calorzinho" gostoso que sentimos quando estamos felizes.
Vá revendo as fotos da felicidade que estão armazenadas em você mesma. Não deixe que outras fotos "escuras" entrem no seu álbum.
Segure em sua mente essas fotos de felicidade e saia dessa dor mais facilmente!.
Não quero te falar as mesmas velhas frases que todo mundo já te falou. Você sabe o que é preciso fazer.
Não é fácil, eu sei que não é. Toda batalha é dolorosa. Toda doença deixa marcas, e a dor é uma grande doença. Pior ainda se ela for a dor de uma paixão, porque é uma dor invisível e sem remédios farmacêuticos.
Para todas as doenças existem remédios, que curam ou amenizam a dor. Para a dor do amor, só o tempo, a sua vontade de viver e um novo amor para apagar.
A nossa grande vantagem como seres "racionais" é que nós podemos criar o nosso álbum de fotografias do jeito que nós queremos. Monte um novo álbum para a sua vida. Coloque nele apenas as fotos que te fazem bem e espalhe ao vento as fotos que te fazem sofrer.
Eu acredito em você!
Quando você sair da tempestade, você não será a mesma pessoa que era quando entrou. Esse é o objetivo dessa tempestade.
“A noite chega, os poetas acordam e vão sair à procura de seus versos e poesias, acreditando que ainda existe o Verdadeiro Amor.”
(do livro: “Livrai-nos de todo mal”)
Quantas vezes eu não senti vontade de sair do corpo e encarnar um objeto sem vida. Um lápis, talvez, ou qualquer coisa inanimada, silenciosa, parada, sem vida. Pois era assim que eu me sentia. Mas passou. Eu chorei, as lágrimas acabaram, tudo acabou. Meus olhos secaram e eu descobri a inutilidade de chorar por coisas que não valiam a pena. A dor é igual um barco que você observa da praia, parece que está parado, você se distrai com outra coisa, e quando vai ver o barco está longe. Se você estava sentindo uma dor quando começou a ler isso, agora ela é menor do que antes. É difícil de acreditar quando se está mal, tudo vira dúvida, mas eu entendo. Você pode não saber, mas supera. Sua cama parece o melhor lugar, então deite, durma, esqueça. Ou não esqueça, mas deite e coloque sua música predileta no fone, escute e ignore um pouco essa sua vontade de sair por aí, gritando aos sete ventos metade das coisas que sente. Não é errado não saber tudo, só não se esqueça de saber o essencial, que é esquecer. Tudo passa, e não são só os momentos perfeitos. Por mais que a dor te lembre e te incomode, ela nunca diz a verdade completa… Ela nunca diz que vai passar.
Eu adoro ver uma garota sair e conquistar o mundo pelas lapelas. A vida é escrota. Você tem que encarar e quebrar tudo.
O verbo amar vem do latim “amo”, que é uma contração de “a me o”: “saio de mim”. Amar é sair de si, doar-se ao próximo.
O pássaro tem que lutar para sair do ovo. O ovo é o mundo. Aquele que nasce, primeiro deve destruir um mundo.
MUDE
Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Durma no outro lado da cama... Depois, procure dormir em outras camas. Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros.
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia. O novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.
A nova vida. Tente. Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental... Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores. Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco. Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só. E pense seriamente em arrumar um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino. Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude, de novo. Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda !
Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não
vale a pena!
Nota: Trecho adaptado do poema pertencente a Edson Marques. A autoria do texto tem vindo a ser erroneamente atribuída a Clarice Lispector.
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