Sair da Casa da Mae
Nasci, errei
A bagagem do passado, eu carreguei
Me vi e percebi
Que estou preso por erros que cometi
Eu Te vejo em tudo
Na formação das nuvens tem Você
Ouço o Seu sussurro na brisa que vem do amanhecer
Na dança do mar, ouço a Sua voz ecoar
E ao Seu soprar, posso ver criar a vida
A vida joga bolas curvas em você. Você acha que ela vai numa direção e, de repente, percebe que está indo na direção oposta. Então é difícil saber o que vai querer em cinco anos, quando a bola curva vem na sua direção e você não tem certeza se deve tentar rebatê-la, pegá-la ou simplesmente sair do caminho.
Pra onde vão me levar esses olhos verdes?
Vou me perder ou vou me encontrar?
Quais são as propostas desses olhos verdes?
Peço pra sair ou peço pra ficar?
você não pode
entrar e sair de mim
tipo uma porta giratória
eu tenho muitos milagres
acontecendo dentro de mim
para ser sua escolha conveniente
Eu sei que algum dia vou conseguir sair daqui
Mesmo que demore a noite toda ou cem anos
Preciso de um lugar para me esconder, mas não consigo encontrar nenhum por perto
Quero me sentir vivo, lá fora não consigo enfrentar meu medo
Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.
Nota: Trecho da crônica Por não estarem distraídos.
...MaisOs adultos apaixonam-se ao acaso, ainda que façam um esforço para escolher muito ou com muita inteligência. Já aprendi. O amor é um sentimento que não obedece nem garante. Precisa de sorte e, depois, empenho. Precisa de respeito. Respeito é saber deixar que todos tenham vez. Ninguém pode ser esquecido.
O amor precisa ser uma solução, não um problema. Toda a gente me diz: o amor é um problema. Tudo bem. Posso dizer de outro modo: o amor é um problema mas a pessoa amada precisa ser uma solução.
O amor constrói. Gostarmos de alguém, mesmo quando estamos parados durante o tempo de dormir, é como fazer prédios ou cozinhar para mesas de mil lugares.
Todos nascemos filhos de mil pais e de mais mil mães, e a solidão é sobretudo a incapacidade de ver qualquer pessoa como nos pertencendo, para que nos pertença de verdade e se gere um cuidado mútuo. Como se os nossos mil pais e mais as nossas mil mães coincidissem em parte, como se fôssemos por aí irmãos, irmãos uns dos outros. Somos o resultado de tanta gente, de tanta história, tão grandes sonhos que vão passando de pessoa a pessoa, que nunca estaremos sós.
Descubro cada vez mais que o paraíso são os outros. Vi num livro para adultos. Li só isso: o paraíso são os outros. A nossa felicidade depende de alguém. Eu compreendo bem.
Amar é uma proibição de estar só.
O toque de alguém, dizia ele, é o verdadeiro lado de cá da pele. Quem não é tocado não se cobre nunca, anda como nu. De ossos à mostra.
O amor era uma atitude. Uma predisposição natural para se ser a favor de outrem. É isso o amor. Uma predisposição natural para se favorecer alguém. Ser, sem sequer se pensar, por outra pessoa.
A companhia de verdade, achava ele, era aquela que não tinha por que ir embora e, se fosse, ir embora significaria ficar ali, junto.