Sabia

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"E seguiu tocando a vida. Porque, no fundo, sabia que era tudo o que podia fazer. Viver e ter esperanças."
(A Cidade do sol)

No ninho do sabiá
há quatro bocas
que não param de piar

Não sabia se queria a constituição ou um esturjão com molho de rábano.

Levei quinze anos a descobrir que não sabia escrever, mas depois já não podia parar - tinha ficado demasiado famoso.

O gato tigreiro
olha o sabiá
que voa ligueiro

Gaiola se abrindo
e o haijin livre de amarras:
sabiá cantando.

QUATRO HISTORINHAS DA ALEGRIA

(...) Sim, ele era encrenca, das boas.
(...) Eu sabia o que estava fazendo, ele também: estávamos fazendo uma coisa errada.
(...) Gostei da luz, dos olhos dele. Gostei que estava me encantando, gostei de não poder me encantar e mesmo assim estar me encantando.
(...) Apesar de todo esforço, meu poder era uma ilusão. Apesar do desprendimento, eu me enganava o tempo todo.
(...) Nada de alegria, alegria. Ele fecha a porta e volta para sua vida real. Para os dois, porque ele não era egoísta: tristeza, tristeza.
(...) Alegria, alegria. Eu me implorava. E dá para sentir isso o tempo todo? Eu me cobrava tanto ser feliz que às vezes perdia a noção de que já era. Fugir da felicidade ou fugir com ela?
(...) Num ímpeto de tesão, ou talvez após um trabalho de consciência confusa que, por preguiça, acabava se decidindo impulsivamente, respondi ao e-mail dele: sim, senhor. Vamos para onde o senhor quiser, a hora que desejar e na posição que preferir.
Nem todas as histórias precisam ter virgens pálidas chorando às margens de um mar de espumas. Nem tudo precisa ser romance tuberculoso. Alegria, alegria.
(...) A felicidade, assim como a bebedeira, vai e vem. A felicidade, assim como o sexo, entra e sai. A felicidade, assim como ele, era impossível. Mas não é pra tentar ser feliz que a gente vive?

Se antes de você aparecer eu já te amava, eu já te esperava, eu já sabia que você existia, como eu posso não te amar agora que você tem forma, sorriso, coração e nome?

Algo de que eu tinha certeza - sabia disso na boca do estômago, no cerne de meus ossos, sabia disso de minha cabeça à sola dos pés, sabia no fundo de meu peito - era que o amor pode dar às pessoas o poder de despedaçar você.

O amor é a capacidade de descobrir no outro o que ele ainda não sabia que tinha.

LUA

Ele me deitou nua em cima do calçamento
e eu sabia que era loucura
que era coisa de momento
pensei até que era a lua
danada no quarto crescente
ou era fúria de maré
crescendo dentro da gente
e eu me sentia suada
e eu me sentia escura

mas não tinha medo de nada
que toda paixão da coragem
e me deitei na calçada
com orgulho e vadiagem
e quanto mais me sujava
mas me sentia à vontade
mais eu queria e deixava

mais eu pedia e mais dava
e ria, gemia e brincava
de ter tanta liberdade
ele me deitou na rua
numa qualquer de passagem
e eu sabia que era loucura
que era coisa de um momento
de grande camaradagem.

lembra o tempo
que você sentia
e sentir
era a forma mais sábia
de saber
e você nem sabia

⁠Eu não sabia que era tão assustador falar que você gosta de alguma coisa.

Ela lia muito, e quando contava uma história nunca sabia ao certo onde a teria lido, às vezes não sabia sequer se a tinha vivido e não lido.

Você é a pessoa mais esperta, sábia e inteligente que existe, até o dia em que você vacila
e se apaixona.

Sabia que eu não gosto de pensar muito, antes de fazer algo? É porque quando penso muito, crio motivos para desistir.

E, livre, nem ela mesma sabia o que pensava.

Clarice Lispector
Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

“Ela sabia que precisava dele. Mas tinha medo da compulsão. De querer ele sempre e sempre e pra sempre. E amanhã e depois. E de dia, e tarde, de madrugada.”

Não tenho mais nada a perder. Não sabia que o mundo era assim, sujo. Agora sei.

Com que inocência demito-me de ser
eu que antes era e me sabia
tão diverso dos outros, tão mim-mesmo,
ser pensante, sentinte e solidário
com outros seres diversos e conscientes
Da sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio, ora vulgar ora bizarro,
em língua nacional ou em qualquer língua
(qualquer, principalmente).
E nisto me comprazo, tiro glória
de minha anulação.