Poemas de Rupi Kaur

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Não quero ter você para preencher minhas partes vazias.
Quero ser plena sozinha.
Quero ser tão completa que poderia iluminar a cidade.
E só aí quero ter você, porque nós dois juntos botamos fogo em tudo.

Toda vez que você
Diz à sua filha
Que você grita com ela
Porque a ama
Você a ensina a confundir
Raiva com bondade
O que parece uma boa ideia
Até que ela cresce
E passa a confiar em homens
que as machucam
Porque eles se parecem
Demais com você.

Rupi Kaur
Outros jeitos de usar a boca. São Paulo: Planeta, 2017.

o amor vai chegar
e quando o amor chegar
o amor vai te abraçar
o amor vai dizer o seu nome
e você vai derreter
só que às vezes
o amor vai te machucar mas
o amor nunca faz por mal
o amor não faz jogo
porque o amor sabe que a vida
já é difícil o bastante

Qual é a maior lição que uma mulher pode aprender?

Que desde o primeiro dia, ela sempre teve tudo o que precisa dentro de si mesma. Foi o mundo que a convenceu que ela não tinha.

todos nascemos
tão bonitos

a grande tragédia é que
nos convencem de que não somos

Rupi Kaur
Outros jeitos de usar a boca. São Paulo: Planeta, 2017.

da próxima vez que ele
comentar que os
pelos das suas pernas
cresceram de novo lembre
esse garoto que o seu corpo
não é a casa dele
ele é um hóspede
avise que ele
nunca deve passar por cima
das boas-vindas
de novo

se você não é o suficiente para você
mesma
você nunca será o suficiente
para outra pessoa

se você nasceu com
a fraqueza para cair
você nasceu com
a força para levantar

o que é mais forte
que um coração humano
que se despedaça uma e outra vez
e continua vivendo

as pessoas dizem coisas
para cortar você ao meio
mas você tem o poder de não
as transformar numa faca
e cortar a si mesma

o amor não é cruel
nós somos cruéis
o amor não é um jogo
fomos nos que fizemos um jogo do amor

eu tive que ir embora
eu estava cansada
de deixar que você
me fizesse me sentir
qualquer coisa
menos que inteira

a representatividade
é vital
sem ela a borboleta
rodeada por um grupo de mariposas
incapaz de ver a si mesma
vai continuar tentando ser mariposa

não é o que deixamos para trás
que me destrói
é o que podíamos ter construído
se ficássemos

Rupi Kaur
O que o sol faz com as flores

você me pergunta
se nossa amizade continua
eu explico que a abelha
não sonha em beijar
os lábios da flor
para depois se contentar com as folhas

Rupi Kaur
O que o sol faz com as flores

tentei fugir tantas vezes mas
assim que eu dava as costas
meu peito sucumbia ao peso
eu voltava ofegante
talvez por isso te deixasse
arrancar minha pele
qualquer coisa
era melhor que nada
deixar que me tocasse
mesmo que sem gentileza
era melhor do que não ter suas mãos
eu aguentava o abuso
eu não aguentava a ausência
eu sabia que queria vida de uma coisa morta
mas não importava
que estivesse morta
porque pelo menos
era minha

Rupi Kaur
O que o sol faz com as flores

⁠Se você vê beleza aqui
não significa
que há beleza em mim
significa que há beleza enraizada
tão fundo em você
que é impossível não ver
beleza em tudo.

você liga e diz que sente a minha falta
encaro a porta da frente de casa
esperando uma batida
dias depois você liga e diz que precisa de mim
mas você não veio
no jardim cada dente-de-leão
revira os olhos de decepção
a grama decidiu que você é notícia velha
de que me importa
se você me ama
e sente minha falta
e precisa da minha presença
se não faz absolutamente nada
se eu não sou o amor da sua vida
com certeza serei a grande perda

Rupi Kaur
O que o sol faz com as flores

eu não preciso do tipo de amor
que enfraquece
eu quero alguém
que me energize

você não pode
entrar e sair de mim
tipo uma porta giratória
eu tenho muitos milagres
acontecendo dentro de mim
para ser sua escolha conveniente

Rupi Kaur
O que o sol faz com as flores