Ruído
Meu ouvido, ta tao ruim agora, ta fazendo um ruido na minha cabeça, eu sinto o meu coração bater tao forte que parece que vai quebrar minha costela, e eu queria parar de ser tao indeciso, nunca sei se a cor da parede ta boa, ou se seria melhor mais escuro, isso tudo ta tão chato, toda noite quando deito, sinto meus olhos muito pesados, muito mesmo, tenho que me esforçar bastante pra manter eles abertos as vezes fico com preguiça, então eu fico só com um olho aberto, meu corpo também fica pesado, eu gosto de beber água e pegar coisas pra comer antes de deitar, a casa toda escura, com aquela mesa no meio do caminho, a casa ta toda bagunçada, obra sempre é cansativo, nada está onde deveria, então eu esbarro sempre, minhas pernas estão tão moles. Mas ficar deitado na cama assim, nesse estado, parece tao reconfortante, a luz branca da pagina inicial do YTB clareando sutilmente o meu quarto, e eu procurando algo pra assistir, mas eu nunca saio da tela inicial, eu não consigo escolher algo pra assistir, mas não fico tao chateado com isso, porque eu ainda me sinto bem com a cama me engolindo como de fosse areia movediça. Mesmo estando deitado, fazendo esforço pra manter os olhos abertos, eu não sinto vontade dormir, eu ainda quero encontrar algo pra assistir. Eu fico tentando arrancar essa ***** da minha cabeça, tento até com alicate, eu sei que não vou conseguir arrancar de uma vez, mas parece que isso virou um passa tempo, quando percebo, já são 5 horas da manha, e eu não fiz nada, além de afundar mais e sujar meus dedos de sangue. EU NUNCA VOU CONSEGUIR ME LIVRAR DISSO. Eu não sou muito popular com as pessoas, não são muitas que procuram saber de mim, mas as que procuram, são importantes pra mim, gosto delas, mas eu não sei o porque, mas quero ficar sozinho, mas eu também queria alguém pra ir a um bar, conversar com alguém, mas não queria ter que me preocupar com as palavras que eu deveria usar. Eu ainda tento encontrar alguém pra conversar, só que o lugar no qual eu procuro, só encontro pessoas igual a mim, não que eu ache isso ruim, mas eu me olho no espelho, e nunca me sinto confortável, eu sou um problema e lá só tem mais problemas, então eu fico só, e isso as vezes é tão bom, mas ainda não é que eu realmente quero, por enquanto eu quero a solidão, porque por mais que seja ruim, eu ainda não consegui decidir o que dói mais, ficar sozinho ou acompanhado.
O que fazer quando nem você se conhece?
Superficial e frágil é o silêncio do mundo
basta pouco, um ruído insignificante
para que ele esvanesça.
Quando atravessamos a porta, o fraco ruído noturno das ruas desapareceu e tudo que restou foi um silêncio tão profundo que fazia meus ouvidos zumbirem. Era como entrar em um túmulo.
Substitua todo ruído externo pela alta-fidelidade do eterno, pois apenas assim o coração encontrará o verdadeiro eco de sua melodia autêntica.
Eu secreto
Acorda do nada.
Me cala quando me diz...Quando me digo.
Estrondo; barulho; ruído.
Me ensurdece e surdo escuto essa voz... E me mudo sem fala.
Me reconta pra mim. Me sofre. Me conclui versões.
Me mato por não duvidar.
Árvore sem fruto... Só sombra produz.
Nada me enxerga. Nem olhos brilhantes.
Existe vivo por não existir em outro; por nunca, nem por acaso, terem me dito.
Não existe mais nada. Não importa mais nada. Só aquele momento, só aquela pessoa, só o ruído daquela respiração, só o gosto daquela pele...
Em meio ao carvão
Busca o diamante
No ruído, o som
No fécio, o fragrante
Agente passivo da pseudo-cidadania
Crime e castigo ativo hipocrisia
Literatura? Ingenuidade!
A náusea perdura, imudável verdade.
E a vida se esvai
Conforme o costume
Do lixo se extrai
Nada mais que chorume.
Destino
Sou como uma folha ao vento
que passa sem fazer ruído
nem lugar definido.
Pousarei em algum momento
num lugar desconhecido.
Para novamente levantar vôo
e partir, sem deixar sinais
de que alí estive.
Até que um dia desapareça,
como por encanto,
assim, como tudo na vida.
2020
O ano em que percebemos que o mundo tem muito ruído e que muitas vezes será preciso dar espaço, desligar o microfone e ouvir mais os outros para que a vida flua.
RENASCENDO NA TEMPESTADE
Surgistes sem fazer nenhum ruído ou qualquer alarde, sem fazer nenhum sentido,
Colocando cada qual no seu devido canto, na esquina da vida no vértice do mundo.
Recolhendo cada um no seu espaço particular para aprender a lhe dar com as escuridões da sua própria companhia, tumultuada de lembranças e agitada com pensamentos consequentes da falta de distração que a vida agitada evitava.
Reaprender a ser alegria, ser paz, nos longos dias mergulhado em solidão,
Incitando a desejar um olhar, um gesto, uma palavra, uma companhia. Dando sentido e entendimento daqueles que estão ao redor da nossa vida.
Fazendo filtrar o que nos faz bem e o que arruína as energias da nossa vida.
Depois que a tempestade passar, depois que tudo isso acabar alguéns saberão dar sentido, a vida o que somos e temos no nosso dia a dia.
Arrastados ao autoconhecimento e testados na fé, para aprender a transmutar pois tudo é cíclico e passageiro.
E a cidade permanece silenciosa ,um amontoado de casas inanimadas com longas ruas desertas, nas praças esfinges de bronze de benfeitores esquecidos retrata uma imagem degradada do que fora o homem do passado.
No quinto dia, domingo, choveu muito. Eu gosto quando chove forte. Parece que há um ruído branco em todo lugar, que é como silêncio, mas não é vazio.
Meu pior estágio é o de silêncio.
Quando eu calo, nenhum ruído resiste.
Mato as expressões para nada escapar,
não deixo pistas e o outro fica no escuro.
Não há brechas ou sinais, ignoro e levanto muros.
Me torno um enigma que ninguém pode desvendar.
Deusas
No silêncio noturno, pestanejando,
Audível tão somente o ruído da ampulheta,
Memórias da temporalidade,
Tessituras da areia e do vento,
Conflitos prementes da razão,
Uma tempestade de partículas,
Juntas, formando consciência...
Irresignado com o legado cultural,
Entrevi, dentro do Panteão mitológico,
Vênus, a Deusa do feminino.
Ela, envolta de requinte arguto e versado,
Pôs-se a recitar...
“Existe uma verdade cientifica, filosófica,
A mentira, quando repetida
gera crenças profundas, conforta.
A verdade, por sua vez, inquieta...”
Eu, com o cálice na mão,
Condiciono-me, compenetrado,
Ela, com magistral beleza, prossegue:
“Afloramos arguidas,
Distintas biologicamente,
Provemos a vida,
Únicos contrastes.
No corpo social,
Estipêndios menores,
Sem enaltecer o intelecto,
O inventivo, a inovação.
Quanto mais à “alta roda”,
Menos varoas encontramos.
Queres tua prole assim, fadada a essa herança?
Ensina-lhe o caminho da revolução!
Equidade, Respeito,
Sem possessividade...”
Desperto, observo a ampulheta,
A transitoriedade dos grânulos,
As âmbulas intermeadas
Com a consciência formada...
Há tempo, quero te recrutar,
Ativista da causa,
Não me Kahlo!
Paulo José Brachtvogel
Transformando
Por onde andei
Era chão atapetado
Não havia ruído
Mas o corroído da alma
Era mais barulhento
Por onde andei
Palavras sussurradas
Pois não há suturas
Para emendar
Sonhos impossíveis
Por onde andei
Vaguei
Fui tateando
E o impossível
Se despiu
Por onde andei
A poesia tingiu
E fugiu
Por onde andei
Fui sobrevivente
De minhas escolhas
E da minha coragem
Por onde andei
Minha voz
Virou você
Um barco de estações escritas
Com seu nome
Que naufragou
Por onde andei
Na vida
Resisti, escapei
Me salvei
De mim mesma
Das horas
De lagarta
Nas horas de borboleta.
Livro: Pó de Anjo