Rugas da Alma
Espelho mostra-me a alma
Por favor oculta o meu rosto
Ao ver estas rugas
Sinto algum desgosto
Não me vejo com a idade
Que teimas me mostrar
Às vezes até penso
Só pode estar a gozar
Ec.
Obsevando-me
No espelho da alma
vejo-me
Detalhadamente...
As rugas em torno dos olhos
Marejados
Lacrimejados
De tanto chorar
De emoção
De raiva
De felicidade
Diante das dificuldades
Que me surgem pelo caminho
Pinto meu olhar
Admiro a beleza
Da natureza morta
Que nem eu fico
Em alguns momentos
Morro diariamente
E sempre renasço no dia seguinte
Me refaço
Me contorno
Me sombreio
Treino para enxergar
Somente o lado bom
O meu melhor
E foco nas imperfeições humanas
E nas perfeições divinas
Na realidade dos fatos
Na continuidade dos atos
E o espelho vai diminuindo
Diante da amplitude da minh'alma
A partir do crescimento do meu ser
Da evolução do meu espírito
E me cega com o brilho
Do meu próprio olhar
Ou do critico olhar alheio
Me desvio e desfoco
Não passo mais sufoco
Porque me amo assim
Naturalmente!!!
...
Forjei as rugas do meu semblante com a juventude da minha alma e consolidei a promessa de nunca mais anoitecer. Retalhei minha tela com ensejos do meu propósito, e percebi que de noite ainda era dia, que o sorriso não anoitecia e que o choro desvanecia.
Armei meu picadeiro com as farpas do deboche alheio, preparei meu espetáculo com as lascas da inveja distraída e protagonizei uma história singular, de expectativa abstraída. Frustrei as pretensões do inimigo ao virar de costas para inabilidade opositora, e com este simples gesto, provoquei o conluio e a fúria em manifesto.
A incompetência se vestiu com os farrapos da imperícia, e inapta, limitou-se a bradar, intolerante, blasfemando contra a sabedoria e a jornada do herói itinerante. Foi quando as pedras do silêncio ignorante se chocaram com as vidraças emolduradas pela voz de um certo lábio. A poesia virou arma, e o errante se curvou ao sábio.
O belo muitas vezes possui rugas na alma, e somente um punhado de inteligência é necessário para se fazer notar
Desfolhar as pétalas do tempo, revela as rugas indecisas, cravadas na epiderme da alma que obedecem a um pacto de pensamentos desencarnados pela memória.
Amadurecer não é o mesmo que envelhecer. O último é inevitável e o primeiro, opcional.
Maturidade está nas cicatrizes da alma e não nas rugas do corpo.
Não, nem o tempo nem os outros tem poder sobre a alma. Compete a cada um o processo íntimo de cura, cicatrização, evolução e amadurecimento.