Ruas
Empurrado pra's ruas
Disse que não me faltava quase nada
Mas quando me deu um cobertor
Não percebeu
Que o frio vem também da solidão
Da falta de um pão
Na barriga vazia de quem nada comeu
Disse que me arrumaria um bom emprego
Mas quando encontrou uma vaga
Esqueceu
Que pra tudo tem que ter formação
E pra quem não recebeu primeiro educação
Restou acostumar-se com a vida de plebeu
Disse que eu estaria limpo após um banho
Mas depois de todo um sabonete usado
Não percebeu
Que a sujeira vem das ruas deste mundo
E quem está sempre nelas continuará imundo
Porque não tem um lugar pra chamar de seu
Disse que resolveu minha vida
Mas quando falou que o fez
Esqueceu
De certificar-se que eu só sobrevivia
E que cidadania nenhuma eu teria
Enquanto a cidade crescer mais que eu
Porto Alegre
Cai a tarde,
e as ruas emudecem – numa esquina
Um bar enlouquece – Porto Alegre.
Muitos sonhos sem sonos?
Muitos sonos sem sonhos!
Por olhares onde vou
Tuas sombras me abraçam.
Porto Alegre!
Por mais que o silêncio me habite
Porto Alegre.
Sempre haverá um grito de alegria...
Um gol.
Um amor.
Um livro.
Um filho.
Uma poesia.
Por tuas ruas...
Ando por tuas ruas,
ando por teus paralelepípedos,
hora desarmônicos, hora não.
Irregulares pedras contrastam
com a perfeita simetria de hidráulicos ladrilhos.
Ando por tuas ruas,
improvável não imaginar os tempos de antanho,
calçadas altas que serviam para descer das carruagens,
trilhos por onde os bondes deslizavam, pairavam.
Eram veículos sem muita velocidade.
Imaginar isso nos dias de hoje
parece um tanto estranho.
Ando por tuas ruas,
improvável não imaginar casas arquitetadas sem tantas alturas,
um céu sem ranhuras com mais azul pra contemplar,
o Chafariz que servia para a sede saciar,
hoje ornamenta, é cultura,
enquanto para outros mostra as atuais amarguras.
Fábio Zündler
Aprendendo a te perder!
A noite é triste!
Chove, venta e não te tenho aqui comigo,
a saudade dói!
Saio pelas ruas com passos perdidos.
Minha mente já inconsciente!
Nada mais faz sentido,
sento-me neste velho banco desta velha praça onde o tempo não passa, e bebo!
Brindo com a solidão,
rindo das minhas desgraças
de olhos fitos ao chão!
Ontem, sonhei, amei, tentei viver,
hoje estou sofrendo,
aprendendo a te perder!
POR AÍ
Hoje saí pelas ruas da cidade
Vi edifícios com mil janelinhas
Cada qual com uma história para contar
Vi gente apressada mesmo sem ter onde ir
Vi a moça fazendo bala de coco no tacho
O coco queimado no açúcar tinha cheiro de infância
Por alguns minutos fui criança outra vez
Senti cheiro de terra molhada ao passar por um jardim regado
Senti respingar na pele águas de um chafariz
Senti alegria ao ver o abraço entre duas crianças
Senti uma vontade danada de sentar numa calçada
E sentei
Hoje saí pelas ruas da cidade
Achei tantos tesouros
Que jamais poderia pagar.
Ruas vazias
Apenas há passos
Compassos e ecos
Do pisantes vacuo escutar
Sentir angustia meu ver
Mas preciso inteiramente
Abraçar o que existe
O que resta, dessas ruas vazias.
Kaike Machado
Esquinas, becos, escadas e ladeiras.
Dorme a sorte, cai a tarde, levanta cedo, menos conta menos julga.
Estrada confusa. Rota de fuga.
Futuro trato. Desembaraço.
Vai ideia vai vc vai firme.
Q história todo mundo conta
contra tudo. Alguns pagam por todos.
Minuto de silêncio pra apagar memória. Enquanto pensa anda.
Qualquer lugar está distante
pra quem ñ quer ir.
Partir partiu. Nunca a metade.
A outra parte sumiu. Sumiu quem viu. Quem o dono da rua nesse momento. Certidão ñ tem foto.
Compromisso depende da irmandade. Tem quem diga nada ñ.
Vou andando. Moto carro caminhão.
Vou andando.
Trem barco avião estrada passo direção.
E depois e depois.
Quem pergunta o q sabe,
vai ouvir mentira.
Se sabe também.
Vou andando...
Continuaremos perambulando por aí, falando nas ruas e sabendo que eles ouvirão. Sabe de uma coisa? Eles terão que ouvir.
Conexão de ruas e praças vazias
É pelo canal de poesia
É pela foto do teu dia
É pela lua nova que brilha
E também o Sol que arde e irradia
Onde está minha conexão
É pela flor que gira
É pela frase repetida
É pela falta e agonia
À espera de uma declaração
Onde sinto um coração
É pelo café na xícara
É pelo perfume guia
É pela terra úmida e fria
Na chuva que amanhecia
Onde sinto ventar recordação
É pela vista insensata
Incansável e iludida
Encontrar-te em tudo
Pois uma vez
Tudo em ti já encontrei
Minha mente é guarnecida
Pela imagem desse sonho rei.
Andei pelo mundo afora
ruas, subúrbios, cidades,
senti a violência e a tranquilidade
Ouvi o vento uivar e a chuva cair lá fora
Vi de longe a felicidade
Senti frio e amei, amei quase tudo o que vi,
por amar chorei e sorri
quando chorei eu senti
a nobreza de meu sentimento
como naquele momento que de emoçao eu sorri
Andei dentro de mim mesmo
pensei que caminhava a esmo
entre órgãos e desprezos
Mas, algo eu procurava, algo que eu não sabia
se algum dia acharia, talvez,
talvez acontecesse um dia, mas,
algo ainda intrigava
eu não sabia o quê procurava
Seria carinho? Compreensão? Amor ou desilusão?
Não, teria que ser diferente
Não sei porque, mas teria,
A ansiedade me dizia, mas, por quê? Pra que tanta complicação?
Poderia ser uma aventura
ou método de avaliação
No fundo seria ilusão
Reflexo de algum minuto
como uma projeção, projeção de algum lugar
Talvez de dentro de mim, talvez o resto de minha alma que por acaso fora perdida
talvez a morte...talvez a vida,
mas, algo eu procurava, a toda hora, a todo o tempo,
No sol quente e no vento
Na chuva que não passava.
sim, algo eu procurava,
Pra mim um mistério profundo,
talvez fosse um grão de areia...
talvez fosse o próprio mundo!
Andamos nas ruas, olhamos as pessoas
É noite
Não sabemos o que vemos em cada olhar
As vezes nos solidarizamos
As vezes vemos monstros
As vezes nos assustamos ou sentimos medo
Cada um com seus receios
Andamos nas ruas e não vemos um ao outro como irmãos
Parecemos bichos
Parecemos atletas
Parecemos tudo
Menos gente
Gente acuada
Gente enojada
Gente saturada
Gente cansada
Olhamos pessoas nas ruas buscamos olhares diferentes
E não nos damos contas que somos da mesma tribo
Da mesma nipe
Da mesma terra
Olhamos pessoas na rua
Somos gente meu Deus!
Por que o medo?
Somos gente com medo de gente...
Não peço ajuda,porque ninguém quer ajudar vira latas,sou artista posso não ter muito dinheiro mas o pouco que tenho divido com eles e este é o meu melhor aplauso.
MC Beth
..."Se alguma dia você explicar uma paixão, esqueça, você divagou porque paixões não se explicam, se vivem, porque para onde meus sonhos me levam de asas não preciso, duas rodas me bastam. É faca na catraca, vento nos cabelos e fogo no escape." ... Ricardo Fischer
"Ainda que eu caminhe pelas ruas esburacadas do meu bairro, barrigudo algum impedirá que eu chegue ao ginásio."
Perdidos em ruas vazias tantos corpos sem luz
Muros pichados mostram que palavras hoje são meras ilusões
a rua está cheia, mas ao mesmo tempo vazia, que vazio é esse que vejo?
Gente querendo ser gente, perdida em tantos descasos, feridas e fardos.
Poetas
Ah! se todos os poetas se conhecessem.
Se pudessem se sentar na mesma mesa
e declamar ao pôr do Sol!
Se pudessem dividir suas dores e seus amores.
Se conseguissem se identificar apenas com um olhar.
Então, ao se cruzarem na rua, dariam as mãos .
E recitaram seu melhor soneto no mais belo dueto.
Contagiando a tantos mais com seus haikaiss.
E essa nossa, sina seria só uma rima.
De quem faz a vida em estrofes e versos.
Espalhando a poesia por esse universo!
Ana Jalloul
Goiânia
“Em Goiânia, o dia não termina
e a noite é o dia interminável,
nas ruas lavadas de azul”.
(em "Aldeia absurda". Goiânia GO: Editora Kelps, 1999.)