Ruas
A poesia é uma seta
apontada em minha direção,
pois toda alma de poeta
diverge de qualquer razão!
Traduz-se um sentimento
à revelia de qualquer forma de emoção
e o que é expresso em palavras
pode não ser amor, mas sempre será paixão!
As mãos que um dia te deram amor
relatam hoje em linhas tortas uma saudade
e num choro compulsivo de inconformidade,
retratam em versos toda a sua dor!
Há um temporal em mim,
que desbota a minha cor,
mas que mata a minha sede...
Há um vendaval em ti,
que assopra os teus segredos
mas não dispersa os teus medos...
Somos Éolo, somos tempestade
somos a vontade aparente do que queremos ser...
somos safra de uma diversidade
somos flor com espinhos, somos bem querer!
"Sei que não sou escutado, sei que minhas palavras magoam, sei que o meu corpo está no mais cruel temporal, sou como pássaro que não voou, sou como uma alma que o mundo não amparou, sou como a história que os livros não contaram, sou como a morte de todas as vidas, sou como à vida que venceu todas as mortes".
"Quero versos não rimas, quero amar além das minas,quero o poder o quanto o sofrer, quero a paz somente a paz, quero viver o teu viver, quero a poesia de todas as poesias".
"Hoje morri como se nunca tivesse vivido, amanheci como se nunca tivesse conhecido o mundo...Minha alma chora, meu corpo não é o mesmo, meus sonhos concretos formam-se pelas águas do esquecimento, minha sabedoria diluída a posição do novo...Sou o vento que o universo trouxe , sou o pássaro que ainda está preso, sou ainda uma criança perdida na seara do mundo, sou um homem imperfeito, quero sorrir com a alma, quero toda a paz vier á exceder meu entendimento, quero apenas viver independentemente se o meu mundo morrer".
" Escrever histórias é falar verdades, é conter mentiras envolvidas em lindos adornos, é realizar sonhos impossíveis, é dizer o irreal como se fosse a mais originária verdade. Um homem só é uma história quando ele mesmo escreve sua própria história... Quando criarmos histórias reais não estaremos falando do acaso, mas tão somente despindo nossa alma".
"Somos meros imortais, meros porque nossa existência é infinita. Viemos ao mundo com sonhos e pensamentos, construindo ao redor de nós um universo. Conhece-te a ti mesmo não é só um dom filosófico, mas um principio de construção pela verdade".
Imbecis chamam de progresso
a lama que no peito de um povo sangra...
Chafurdam-se no leito dos seus minérios,
acabando com vidas e esperanças!
Roubaram o nosso "anil"
e nos deixaram "verdes": míseros morimbundos
somos filhos de uma "pátria armada"...
E o amarelo se fez luto:
em nome de um solo, outrora mãe, gentil!
A aura que circunda os anjos
me direciona e me inspira...
Mas quero experienciar todos os reflexos:
até mesmo os nem tão bons assim...
E que o amanhã seja o espelho
(límpido, transparente e impoluto)
do que se perpetuará em mim!
Ouço o tanger melódico dos meus lúdicos sonhos
e sigo o canto do aboio que em meu peito mora...
sou a bruma leve, sem cortinas para a vida,
Sou o pontear que ondeia as cordas da viola!
O sol me 'alumia' em claves prateadas
e me cerca num mundo que é meu habitat...
Me envolvo em 'causos', frutos da minha cantoria
e ouço o canto do vento leve, só pra mim assoviar!
Eu quero o colo da sabedoria,
quero paciência no dia a dia
e sempre alegria no caminhar...
Quero em mim as cores da decência,
o discernimento e a luz da coerência
e a paz na vida festejar!
Na voracidade do breu
um halo em luminosidade se apodera de ti...
Circunda o teu semblante e te faz tão minha,
sem parecer que um dia te perdí!
Você é a luz que nunca se apagará em mim!
Pelas ruas divaguei meus sonhos,
procurando em cada rosto o brilho do teu olhar...
Semblantes lânguidos misturavam-se aos prantos,
não estava ali o que eu queria encontrar.
Não estava ali o teu sorriso
e a minha incerteza era só mais uma na multidão...
Em passos trôpegos e já de sobreaviso
voltei pra casa e entreguei-me à solidão!
Os nossos corações foram ponteados
e cuidadosamente zelados por uma flor,
que a partir do seu desabrochar
testemunhou e com carinho apadrinhou
uma estória linda, que mesmo sem mais existir,
nunca acabou!
Molha-me, oh chuva
e enxagua-me de quaisquer intempéries
que madrugaram em mim...
Esperarei o vento brando bater à minha porta
trazendo notícia de que foi só um dia
que amanheceu assim!