Rua
Devo estar com uma aparência péssima mesmo. Fui dar uma volta na rua de chinelo, e meu pé ficou igual do menino carvoeiro. Mas é porque transpiro muito no pé e ele começa a sambar na borracha do chinelo e fica todo cagado...Fui entrar na agência do Itaú pra sacar dinheiro, e uma senhorinha correu da porta com medo de entrar sozinha comigo, achando que eu fosse assaltá-la. Tudo bem, não estava com meus melhores trajes... Mas, quando fui ao seu encontro para dizer que ela poderia ir no banco, que eu não era bandido, sem me dar qualquer chance, ela gritou o rapaz da Cet-Rio que estava em frente a capela do colégio Zaccarias, no Catete, dizendo que estava sendo assaltada O cara me abordou enquanto chamou um carro da guarda municipal, que, estava exatamente parado em frente ao restaurante de frutos do mar Berbigão, certamente esperando o arrego do dia embrulhado numa quentinha, enquanto tinha gente na rua gritando que ia me bater... Só fui liberado porque, graças a Deus, com a chegada da Guarda, por sorte, eu estava com o crachá do globo no bolso... Me pediram desculpas, e eu respondi que eles poderiam ficar com o carro parado na porta do banco, em vez de vegetarem esperando comida em frente ao restaurante. Antes que eles me dessem um fora, Dona Lurdes concordou e perguntou porque o carro estava em cima da calçada em frente ao restaurante, e não em frente a agência bancária, do outro lado da rua... eles ficaram sem graça de contrapor a velha e calaram a boca...Ali, estava estabelecido uma primeira relação de afeto e reciprocidade entre eu e minha nova "vovó". Inclusive, a dona Maria de Lurdes, muito sem graça, não sabia o que fazer para se desculpar... Eu, claro, perdoei...Talvez ela tenha razão em julgar e achar que, a qualquer momento, possa ser esfaqueada na rua... Que triste, vivemos um momento horrível na cidade onde todos se sentem ameaçados até mesmo por pessoas de bem....Consegui, pelo menos, dar um beijo carinhoso na bochecha da dona Lurdes antes de ir embora, pois ela começou a chorar por ter sido injusta comigo, e reconheci que era de coração. Descobri também que a Dona Lurdes mora aqui no Catete desde quando Getúlio presidia o Brasil aqui do palácio. Já aceitei o convite e amanhã vou comer uma broa de milho na casa da dona Lurdes, que mora hoje aqui na Bento Lisboa. Segundo ela, está acesa como se fosse ontem as passagens de Getúlio pelo bairro. e ela quer me contar tudo o que lembra... Quero escutar suas histórias e ver as fotos que ela diz ter pra me mostrar dessa época, "ao jornalista desleixado"..., já tomei esporro da Dona Lurdes por ser jornalista e estar andando com os pés sujos na rua... então, acho que, no meio dessa violência toda, nasceu uma nova e bonita amizade, onde a diferença de idade de dezenas de anos é um mero detalhe superficial...Já lavei os pés... Agora, depois do primeiro plano executado com sucesso, preciso colocar a cabeça no lugar e pensar direitinho como roubarei a casa inteira dela, nessa oportunidade única, e de que maneira vou assassiná-la, em seguida, para que tudo pareça um acidente, depois de três dias, pois já descobri que ela não tem parentes aqui no Rio ...
Saudades das brincadeiras de pega-pega com a turma da rua de cima, de esconde-esconde na hora do recreio da quarta série
Saudade daquela amiga inocente que sentava no fundo da sala de aula, hoje ela é o "furacão sexy" da rede social
Saudade daquele amigo engraçado e bacana que hoje sofre de depressão
Saudades das cartinhas no portão,
Saudade de uma época que não precisava ou importava estar na moda para sair de casa
Saudade de receber uma ligação de um amigo querido ou um parente no telefone fixo porque celular era raridade
Saudade de quando se matava a saudade fazendo ou recebendo uma visita de alguém querido
Saudade
Saudades
De um tempo em que tudo era assim, daquele jeito meio sem jeito
"O problema é querer ter um em casa e dois na rua,e prometer fidelidade com os dedos indicadores entrelaçados.
Quem tem lábia consegue enganar mas não esconder,uma hora ou você enxerga ou lhe mostram."
Não interessa quem passa na rua
Dance!
Se alegria ou tristeza
Só dance!
Para quem perdeu o compasso
Relance!
Para todos os desafinados, meu Deus
Nuance!
Solidão?
Romance
Não houve bolo nos meus vinte anos, nesse dia optei por estar na rua a assistir ao desenvolvimento da revolução dos cravos (o que fascina um jovem na mudança de comportamentos e liberdade). Foi a minha melhor prenda que recebi nesse dia.
Após 43 anos volvidos de altos e baixos, com mudanças de esquerda e direita, valeu a pena e é maravilhosa esta data, pelo que ergo o meu punho e grito “VIVA O 25 DE ABRIL”!
"Ainda aquela falsa opinião de quem está na rua é de direita ou esquerda. Um erro basilar de análise política é restringir o debate sobre o caráter ideológico dos manifestantes, se eles são de esquerda ou direita".
Ando a passos serenos pela rua, um homem em minha frente busca algo em seu bolso, uma moeda vai ao chão , não era qual quer moeda era um moedão, peguei-a corri para minha casa e liguei a televisão.
- Não acredito, mais um milhão!
- Malditos políticos ladrão!
GOIABATEMBIXO
O doador.
Havia um doador,
Na rua da saudade.
Doando sementes de sorrisos;
E também de amizade.
Doava toda sorte de sementes,
Para adultos, idosos e criança.
Tinha sementes de sonhos,
E também de esperança.
Infinito era seu amor.
Tamanha era sua bondade;
Suas palavras eram sabias,
E cheias de verdade.
Passei em sua casa;
Tinha muita gente para atender.
Ainda tinha muitas sementes.
Para receber, só tinha que crê.
É doador simples e fiel;
Cheio de amor e de luz.
Nasceu em uma manjedoura;
Seu nome é Jesus.
Como uma noite fria, vazia e boêmia;
Passando Rua em Rua sem nomes
Sem endereço de destino
Remoendo meus algozes
Discrente da vida, do mundo
Solitário em meio à imensidão.
À mera o nada
Tudo me faz de desdém.
Solidão pérfida
Inimiga
Árdua, êrmo!
Tem longevidade
E só resta ser ufano.
Estava andando na rua. Havia me atrasado para a aula, novamente. Os problemas me consumiam por dentro: contas para pagar, problemas de família, crises existenciais...
Até que tropecei na calçada. Balancei, mas não caí. Resmunguei e olhei para o céu. Parei.
Fiquei ali olhando como tudo era belo. O céu azul anil, as nuvens brancas que, se prestasse muita atenção, formavam o desenho de um cachorrinho. E naquele instante eu pedi perdão e agradeci, pois, mesmo com os problemas, eu sabia, eu sentia, que não estava sozinha.
Aprendi que quando atravessar a rua, será sem pressa, todas as corridas serão inúteis se eu não conseguir enxergar a vida que vibra do meu lado.
by/erotildes vittoria do meu poema Vida.
UNIVERSO CEGO
Existe um universo perdido
no entroncamento d'aquela rua...
na faixa... Estrelas cintilantes
piscando cores, minhas e suas.
Vermelho, pare... Atenção!
Amarelo, consciência...
Verde, pulsar de coração
passos para vida intensa.
Existe um universo perdido...
Alem d'aquela esquina
janelas, portas abertas bandidos
na placa, uma frase que rima.
Aglomeração do outro lado
copiando impedimento
o mundo esta fadado
com esquema fraudulento.
Existe um universo perdido
no mundo em que vivemos
viríamos se estivéssemos vivos
observando a verdade e vendo.
Antonio Montes
Poesiaria
Tristes são as poesias de rua.
Falta-lhes a básico:
Rimas
Versos
Palavras.
Me comovo...
Todas elas deveriam morar
Num livro lindo,
Confortável
De capa bem elaborada,
Aconchegante.
Contudo poucas condições literárias disponho.
Louvo cada poeta e seu esforço para adotá-las.
Tenho um sonho utópico, louco, desastrado
De construir uma poesiaria
E hospedá-las confortavelmente.
Pois a poesia sonhada
Estará sempre bem instalada.
Criança
Criança que brinca na varanda, na casa ou na rua,
Sua imaginação voa do chão ao espaço,
Imagina carro, avião e dinossauro,
Tudo que imaginar parece real,
Sem se preocupar com nada,
Corre, pula, deita e rola até tardezinha,
Quem é? Mamãe chamando para entrar,
Amanhã é dia de brincar.
ALPENDRE
Do alpendre...
Uma lua, uma rua
a brisa da noite se estende
... E as recordações se entendem
com todas saudades sua.
A quanto tempo ficou!
A corda que voce pulava...
Os sorrisos e o anel da noite
que pelas mãos, inocentes passava...
Aquele primeiro beijo...
Dado com tanto tremor!
Depois do temporal da chuva
o arco-íres e suas cores
em meio a ciranda da roda...
Trazia, jardins e amores.
O sonhar com tanto amar
propagava-se cantando versos
o tempo era de cirandá
os versos, eram de confesso.
Hoje, d'aquele alpendre
a lua te faz recordar
d'aquela infância encantada
que encantou-se no tempo
levando-te, sem avisar.
Antonio Montes
- Relacionados
- Bairro
- Herói
- Poemas sobre Ruas
- Ruas
- Moradores de Rua
- Crianças de Rua