Rua
Era uma vez um são João sem fogueira uma palhoça sem quadrilha uma rua deserta uma sanfona sem dono que não para de tocar.
Lapidar
"" Moldar a pedra bruta
cheia de vida
tal qual o brilho
da rua
num instante
o pormenor
da lua
brilhante...
- "" Sou a tua casa, a tua rua, a tua segurança, o teu destino. Sou a maçã que comes e a roupa que vestes. Sou o degrau por onde sobes, o copo por onde bebes, o teu riso e o teu choro, o teu frio e tua lua ..."
Suco de maçã
Aquela noite não quis sair. Preferiu ficar no aconchego da casa.
Na rua só fatos rotineiros, nuvens pesadas escondiam a lua, pela qual tinha grande atração.
Nos bares em frente a sua casa, os amigos riam e bebiam em mesas colocadas sobre as calçadas. Cenas absolutamente rotineiras. Na sua solidão fitava a rua pela janela de vidro e mantinha-se atento ao telefone celular. Como não surgia a tão desejada ligação resolveu fazer um suco. De maçã. Se sua amada estivesse ali diria que era da fruta proibida. Sempre era assim. Esta insignificante lembrança deu-lhe certo alívio e conforto.
Gargalhou da própria sorte. Fechou os olhos e deixou rodar na memória os mais belos momentos que junto passaram.
A rememoração do perfume dela enchia a casa de certo cheiro de saudade. Mas o telefone permanecia mudo e aquilo o angustiava. E aquela voz que o faria feliz não era ouvida.
Só uma ligação e bastava.
Contudo o dia amanheceu. O telefone não tocou. Ficou aquela lacuna sem ser preenchida.
Na noite seguinte quando ela chegou e perguntou se havia esperado muito pela ligação, orgulhoso, mentiu que tinha dormido cedo.
Assim teve uma noite perfeita.
Dessas que valem por uma vida.
PORTAS DE RUA
Adoro portas espelhadas
Do centro da cidade,
Nas ruas mortas dos fins de semana,
E, passo na rua, sua,
Onde o trem dorme sossegado
E o pipoqueiro nem existe.
Adoro estas portas espelhadas
Onde acomodo os cabelos
E a camisa
Nas
Calças.
E vaio o vento
Que balança a chaminé.
Desperto o meu medo,
De faro aguçado.
Acordo um telefone
Mudo,
Surdo,
Numa sala trancada.
Esperança,
Num desses espelhos,
Estarás amada,
Retocando o batom,
Pela janela oposta.
Vazio
Andando sem destino,
Pela rua a vagar.
Sentindo os raios da noite
Começando a declinar.
Correndo passa um menino,
Sorridente a passear,
Tentando encontrar a menina
Que o fez apaixonar.
Eu ando... Sem rumo.
Nem sei onde quero chegar.
Mais feliz é o menino
Que tem a quem buscar.
Salto os olhos pela janela
cheio de amores
para assistir a menina que passa
na rua das flores
esquina com a primavera
De que adianta meu nome numa placa ...,sendo nome de rua ?
De que adianta ter fotos e livros num museu ?
Porque esperar eu morrer, para me homenagear, se não estarei por aqui para agradecer e sequer por essa rua, nunca irei passar ?
Triste constatação e ironia, quando eu morrer,até os inimigos virão me abraçar e chorar...ou será que não ?
De que adianta ?
De Celebrante De Casamentos Ecumênicos Gilberto Braga
Ainda que eu procure em cada rua, jamais encontrarei aquele olhar, um olhar que não é qualquer, mas é aquele, que um dia olhou no mais profundo do meu interior, aquele, que tocou em minha alma e me trouxe a vida, e esse olhar jamais esquecerei...
Voltando a sorrir.
Dobrei a esquina,
Em outra rua deixei pra traz os urros de choro e dor...
A paga do mal, deixei meu carinho, meu cuidado.
...em outra rua, outra estrada ...
Minha sombra sorri
Restou cautela e coração!
e algumas baladas tristes das noites cruciantes...
em nova rua, novos sonhos
em novos sonhos me descobri o mesmo ...!!!
Com mesmos medos e mesmas coragens
......de frente pra vida......
Não sou beato, me criei na rua
Aprendi a me virar, viro avesso
e não mudo só pra te agradar
Te dou linha e depois esqueço
Almany Sol
...eu não sei quem você é, eu não sei por onde você anda, o teu nome, a tua rua, sua cor preferida, seu perfume...mas eu já te amo tanto, como se o único lugar do mundo que você tivesse pisado, fosse o meu coração!
Talvez se eu não fosse tão exigente, querendo encontrar um amor assim, sem querer esbarrando na rua, derrubando seus papéis ao chão e a gente se abaixando juntos para junta-los, e pegar justamente o mesmo fazendo nossos olhares se cruzarem. É, talvez se eu não fosse tão exigente, querendo encontrar um amor na biblioteca, puxando por um lado da prateleira o mesmo livro que ela puxa do outro lado, fazendo nossos olhares se cruzarem em meio aos livros. Talvez, se eu prestasse mais atenção, teria visto que o roteiro foi escrito e a história aconteceu, juntando a gente na longa espera pelo elevador, e depois novamente, nos fazendo descer as escadas juntos. Talvez se eu tivesse ao menos perguntado o nome dela...
O Lado Verde da Vida.
Na medida em que andava pela rua, empurrado pelo vento, Leonardo tinha apenas imagens vultuosas da realidade. Pensamentos iam e vinham aleatoriamente, trazidos por uma mente incompreensível e apartada de qualquer esforço refletivo.
Subitamente, Léo tropeça em uma raiz externa de uma árvore, que passa então a ser alvo de seus pensamentos. Analisando-a, começa a se indagar do humor dela. Cores vivas, folhas verdes balançadas pelo vento, descaídas em um ritmo sereno de se ver, tudo em perfeita harmonia. Mas como pode um ser vivo ser tão autossuficiente assim? A não ser que algum mal elemento a pragueje ou a derrube, é impressionantemente curioso e invejável imaginar a solidão benéfica da árvore.
Não precisa matar para se manter viva. Não precisa de companhia para irradiar boas energias. Não precisa sair do seu lugar para renovar suas forças. Apenas precisa ser ela, ali, presa ao solo entre o qual se alongou durante os anos, firmando as raízes que a mantém ereta, viva, altiva. Não há qualquer ingratidão de sua parte, pois que jamais abandona a terra que lhe ergueu, salvo a remoção compulsória contra a qual não pode combater. Porque se pudesse, não tenha dúvidas, a árvore morreria, porém nunca abandonaria o solo natural ou supervenientemente infértil que um dia lhe contemplou com a vida e lhe fez companhia acima de qualquer problema ou diferença. Sofreria, morreria, mas jamais o deixaria.
De sobra, ainda ajuda outros seres vivos a sobreviver, oferecendo abrigo e refeição, assim mesmo, sem qualquer pretensão ou troco, apenas por ter uma bondade inerente a si mesma, que talvez nem ela se dê conta.
Inobstante, eventualmente seus conterrâneos interferem em sua vida. Daí para diante, a árvore torna-se apenas vítima dessas forças, que terminam por pôr termo à sua vivência sadia e benevolente, em razão de fins injustificadamente perseguidos. Mas quanto a isso, não precisa a árvore se preocupar, pois nada de errado fez, senão se manter inerte e continuar a ajudar a todos mesmo no momento mais difícil de sua trajetória.
Costas encostadas no tronco e por ele aquecidas, foi assim que Leonardo se viu consolado pela árvore. Ao levantar, agradeceu e concluiu que regeria seus passos tentando neles avivar a muda da planta que consigo nasceu sem ao menos saber. E dessa forma percebeu que cabe a cada um se dar conta da sua muda e a regar todos os dias. Ao final, partiremos deste lugar, mas deixaremos nossas árvores. E nesse mundo não se tem relato de uma partida digna sequer que não tenha deixado um pedaço do seu verdor.
Ela fica boladona quando eu saio de casa
É que quando eu tô na rua meu relógio atrasa
Uma dose de Whisky parece que dá asa
Vontade de ir pra casa parece que vaza
Hoje deixo a vida me levar. Se no final da estrada eu me deparar com uma placa dizendo: "Rua sem fim", simplesmente retornarei e começarei tudo novamente. Pois tenho absoluta certeza que mesmo os caminhos cercados por túneis, na maioria deles existe uma luz no final.
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