Roubo

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COMIDA FRIA

Lá em casa, habitualmente, não cozinhamos aos sábados. Saí para buscar o almoço com a nossa fornecedora atual, Dona Maria, que nos últimos anos abriu o portão de sua casa e começou a entregar aos finais de semana uma deliciosa feijoada, nas versões tradicional e “light”. Sorridente, falante e cortês, Dona Maria atende a todos com o seu gorro e avental branquinhos, e faz questão de dizer que tudo ali é feito com qualidade, asseio e carinho. Motivada pelo pedido de alguns clientes, estruturou a sua garagem e agora mantém meia dúzia de mesas plásticas, forradas com um tecido rendado, quatro cadeiras em cada e um freezer cheio de cervejas e refrigerantes para que os clientes possam se deliciar com a iguaria ali mesmo, caso prefiram.

Estacionei o meu carro numa rua perpendicular. Peguei a minha filha pela mão, tranquei e acionei o alarme e fui me aproximando da casa de Dona Maria. Do lado do seu portão principal, estava estacionado um carro muito bonito, com cabine dupla, cor prata e recém lavado, denotando o capricho do dono. Em um piscar de olhos, vi um rapaz de boné baixo (acho que para esconder parte do rosto) ao lado do carro, na porta do passageiro. Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, o rapaz retirou a camiseta branca, enrolou em algo (que depois fui descobrir que era uma pedra bem grande) e bateu com toda a força dos seus braços finos no vidro da porta do passageiro, fazendo cacos de vidro voarem para toda lado. Mais rápido que o The Flash, meteu a mão dentro do veículo violado, retirou algo e saiu correndo. O “algo” era uma bolsa feminina, da cor vermelho escuro. O alarme do carro bonito começou a gritar alto, chamando a atenção do dono que estava no interior da casa de Dona Maria, aguardando o almoço.

O senhor careca, proprietário do veículo, também demorou alguns segundos para entender o que havia acontecido. Já com as mãos na cabeça em desespero, ouviu o meu grito abafado. Eu apontava e sacudia a mão desocupada na direção onde o rapaz decidiu correr… Mas foi em vão. A nossa capacidade cerebral de entender a cena, agir, gritar, fazer qualquer coisa útil foi infinitamente mais vagarosa do que as pernas compridas do rapaz tomando a direção já calculada.

Na sequência, uma pequena senhora de cabelos alaranjados também apareceu e descobri que era a dona da bolsa roubada, esposa do calvo senhor. A mesma, chorosa e assustada, afirmava repetidamente que não havia dinheiro ou nada que um meliante pudesse aproveitar lá dentro, somente seus documentos, cartões, maquiagens, remédios e pertences pessoais.

Tentando concluir a minha missão ali, apesar do susto e da injeção de adrenalina, entrei na casa de Dona Maria (que nessa hora voltava da rua após procurar ajuda policial com o casal) e meu coração estremeceu diante da cena que vi. Em uma das mesas com forro rendado colocadas à disposição dos clientes, duas porções completas e caprichadas (e ainda nem tocadas) da deliciosa feijoada da Dona Maria. Aquele momento íntimo e sagrado da dupla havia sido interrompido pelo grito do alarme, e acredito que os dois, naquela mistura de emoções e sobressalto, haviam perdido o apetite.

Nessa hora, minha filha, sacudindo levemente o meu braço, pediu explicações:

– Mamãe, aquele era um ladrão?

– Sim, meu amor, era.

– Por que ele quebrou o vidro do carro do moço?

– Para pegar dinheiro, meu bem. Ele não tem trabalho e não tem dinheiro para comer. Por isso faz isso com as pessoas – Expliquei de um jeito que ela pudesse entender, sem entrar em detalhes sobre o que eu realmente pensava a respeito do destino do dinheiro (não) roubado. E ela continuou:

– Uai mãezinha, mas se ele estava com fome não era mais fácil ele pedir um prato de feijoada para Dona Maria? Ela é tão carinhosa e boazinha e faz um montão bem grande de comida…

Dizendo isso, ela pegou a sua bolsinha rosa e começou a retirar suas moedas:

– Mamãe, essas moedas aqui pagam uma feijoada?

Sem entender, respondi:

– Não meu amor, não é suficiente. Mas para quê você quer comprar outra porção? Uma só dá pra gente, mamãe já pediu e pagou.

– Eu quero comprar comida para dar para aquele rapaz. Vamos encontrá-lo. Daí ninguém fica triste. A senhorinha do cabelo engraçado não precisa chorar por causa da bolsa dela, nem o moço careca precisa ficar triste com o carro quebrado. E o rapaz não precisará mais fazer coisas ruins com outras pessoas.

Ajoelhei, abracei a minha filhinha, beijei a testinha inocente dela e nada mais consegui dizer.

Peguei a embalagem térmica com uma porção da deliciosa iguaria, busquei para mim a mãozinha miúda e fomos caminhando devagar, atravessando a rua, em silêncio.

Antes de sair dali ainda pude observar novamente a mesa posta para o casal. Corações aflitos e comida fria.

Inserida por nivea_almeida

Quando achastes que ganhou algo, será larapiado implicitamente.

Inserida por euoguedes

Como vou fazer amizade com essas pessoas se tudo o que consigo pensar é quão fácil seria roubá-las?

Inserida por pensador

"Sempre que assisto ao telejornal, o assunto é o mesmo: corrupção.
Sempre que leio o jornal, o assunto é o mesmo: corrupção.
Sempre que navego na internet, o assunto é o mesmo: corrupção.
As vezes me pergunto por que roubam a nação.
As vezes me pergunto qual seria a solução.
Outras vezes me pergunto por que tem corrupção."

Inserida por CarlosWilliamLeite

Quantas vidas tiveram fim por uma carteira?
Quantas vidas acabaram por uma bolsa?
Quantas vidas foram tiradas por um celular?
Quantas vidas desperdiçadas por um cordão?
Quantas vidas encerradas por um relógio?
Tantas vidas que viraram morte por tão pouco? Eu não aceito me perguntar mais!
E o marido que saiu pra trabalhar e nunca mais viu o rosto de sua esposa?
E a mãe que foi comprar pão e nunca mais viu o rosto de seu filho?
E o filho que caminhava para a escola e nunca mais viu o rosto de seus pais?
CHEGA! CHEGA! CHEGA! CHEGA!
(A lágrima cai e não dá pra perguntar mais nada)

Inserida por alleh_pinheiro

⁠Se te roubarem coisas e não conseguirem roubar o seu sossego e a sua paz, então mesmo roubado você ainda está em melhor situação que os roubadores.

Inserida por renatomendesurso

⁠E eu fico pensando nesta vida, tão sábia e tão peralta, em meio a tantas coisas tristes me fazendo rir um pouco de quem me traiu por uns "punhados de níqueis". Num cenário de caos, poderá ter que tentar flutuar com o sobrepeso na alma, na consciência e na bolsa...

Inserida por jozedegoes

⁠O invejoso é mais perigoso que o ladrão, porque ele não quer pegar o que é seu ele quer tomar o seu lugar.

Inserida por LeonardoBrelaz

⁠O "rouba mas faz" devia ser só na academia, e não na política.

Inserida por danmelga

⁠A índole de um político fica clara quando ele escolhe o que declara como corrupção e o que diz ser perseguição política;

Inserida por israellopess

Num passado, não muito distante
Muitas contendas se travaram…
Por causa de um simples “irritante”
As amizades quase se despedaçaram.

Agora que se sentem lesados
Vêm suplicar por colaboração.
Deveriam ser ignorados
E privados de qualquer atenção.

Alegam que ela os furtou
Mas, sempre a apoiaram…
Agora que o panorama mudou
Querem que os demais por eles ajam.

Inserida por antoniovilelagomes

Esse é o melhor dia da minha vida! O garotinho aqui acabou de roubar uma coisa dos piores vilões do mundo. Agora eu serei um supervilão.

Inserida por pensador

Ela não sabia que no perdão mina a liberdade roubada dos outros. Piedosa, deixava sempre um punhado das suas rejeitadas culpas.
E seguia sem perdoar-se, minando culpas, em busca de novos guardiães.

Inserida por jozedegoes

⁠Se a declaração de imposto de renda fosse em época de eleição, governo nenhum seria eleito, mas por sorte do governo o rebanho tem a memória curta.

Inserida por andreangelorossato

Primeiro foi o verbo...
Com a palavra conquistou o povo.
No poder,
Em primeiro passa a ser verba... pública!
Tudo em nome do povo.
Não, do roubo!

Inserida por zatonio

A vitória através da trapaça é uma forma de vencer também no campo da incompetência.

Inserida por ALISON2

“Você acha que a sua bicicleta vai ficar protegida com esse cadeado enferrujado e manjado ? Cai na real moleque ! Aqui é Brasil, onde os caras roubam vigas de 110 toneladas, atravessam a cidade e ninguém sabe de nada. “

Inserida por Peralta71

O íntegro é banido
E, por vezes, excluído.
O bandido é louvado
E, também, acarinhado.

In VERSOS - Trovas e Sonetos

Inserida por antoniovilelagomes

O anti-intelectualismo, o vitimismo, a ideologia do "rouba, mas faz" e a inversão de valores viraram rotina. Como uma praga, seguem se espalhando em diferentes latitudes e longitudes

Inserida por maxrocha

Ao estranho que me parece, tenho muito medo da implosão do falso Brasil distante do real sem os institutos do suborno, das negociatas e da corrupção.

Inserida por ricardovbarradas