Rose
O mar e o amar
Sentei de frente para o mar.
E sem nada pensar, acendi um cigarro.
Mas, logo me veio você!
Pensei no seu corpo, e o imaginei ali, lindo, junto ao meu sob os raios do sol.
Pensei no seu lábios, fechei os olhos e mordi os meus.
Olhei pra minha pele branca e me lembrei de como sua pele branca me faz queimar mesmo em dias sem sol.
Pensei na paz que você me dá e a comprarei com a paz que o marulho traz.
Pensei em você e senti sua mão em forma de brisa tocando meu rosto e meus cabelos.
Pensei no amor que sinto por você e o comparei com a imensidão daquele mar.
Minha mente atravessou todo aquele imenso mar, e meus lábios sentiram que a saudade compara-se a ele, por seu tamanho, estado físico e sabor...
E o cigarro?
Ah! Foi "fumado" pelo vento!
Mesmo com o coração ferido, posso sentar-me à mesa com você pra eu te ensinar as regras da matemática, do português, do Inglês e da física.
Mesmo com o coração ferido posso escrever sobre o amor.
E posso te tirar da mesa e das regras e te levar pra cama e esquecer que as regras existem...
Quando você vir à mim, prometo apreciar-te como adorno pra minha cama...
Ficarei à te observar como a mais linda escultura.
Pensarei em nós e me imaginarei sendo par deste adorno e deste corpo escultural...
Mas, também tentarei te deixar de lado.
Tentarei organizar meu armário (embora já organizado), te mostrar meus livros, meus desenhos, meus poemas, meus discos, pentear meus cabelos...
Tentarei acender e fumar um cigarro, usar o suporte clareador para os dentes ou ir até cozinha comer algo, apenas pelo enorme receio do que eu lhe possa fazer com as mãos e com a boca!
Eu me rendo.
Me entrego às traças.
Me transformo em metal, pra ferrugem me consumir.
Ou em madeira pra que cupins me devorem...
Ou em restos e dejetos dos quais os ratos se alimentam.
Só custa-me continuar humana e ser consumida pela dor da sua ausência.
Eu comporia as canções mais lindas pra você.
Escreveria os poemas mais perfeitos .
Eu cantaria a música mais linda mesmo com essa voz precária.
Eu dançaria minha melhor dança pra você.
Eu faria meu melhor prato.
Eu faria o amor mais perfeito com você.
Eu te conquistaria.
Eu faria MUITO por você, se por tão pouco não tivesse me deixado!
Pediu desculpas como se tivesse esquecido de colocar o relógio pra despertar.
Ou como se tivesse deixado quebrar o copo com o último leite.
Pediu desculpas como se tivesse esquecido o ferro de passar ligado sobre a camisa preferida.
Ou como se tivesse se distraído e deixado o último ônibus da noite passar.
Pediu desculpas como se tivesse se esquecido do moletom em pleno inverno. Ou como se tivesse deixado a lasanha queimar.
Fútil...
O pedido de desculpas virou coisa fútil.
As desculpas não evitariam o atraso.
Não fariam o último copo de leite se refazer.
Não consertaria a camisa preferida.
Não faria o ônibus dar ré.
Não aqueceria por ausência do moletom.
E a lasanha? Queimou!
Mas, foi tão cara!
Pediu desculpas.
Mas nada mudou.
A mágoa ficou.
O vazio deixou...
A dor se acomodou.
E não refez o coração que você mesmo prometeu que não quebraria...
E eu, que me sentia pequena diante de você quando tratava-se de estatura.
Eu me sentia grande quando tão pequena em seu colo.
Me sentia um ser enorme quando sua mão encobria meu pequeno rosto e seus olhos lindos fitavam os meus e seus lábios diziam "sua linda".
Eu era imensa quando lhe abraçava a cintura com as pernas e quando com apenas um braço você me segurava.
Eu me sentia gigante quando eu ficava na pontinha dos pés pra te beijar...
Ao seu lado, nunca me senti pequena.
Você fez com que eu me sentisse uma grande mulher.
Suas palavras, seus elogios, suas declarações de amor, seu carinho, o respeito demonstrado me faziam crescer.
Assim, passei a ver as coisas sob um novo prisma.
Mas hoje, quando olho pra mim, enxergo um vazio...
Porque agora o vazio no peito excede a grandeza que você é e que eu imaginava ter!
Vou te acompanhar com os olhos sem virar a cabeça.
E quando não estiver mais ao meu alcance, não se importe se eu ficar de "cabeça virada".
Quando fecho meus olhos te vejo.
Quando mordo os lábios te desejo.
Quando respiro fundo te sinto...
Venha unir seu corpo ao meu.
Faça-me entender o que dizem essas batidas dentro do peito.
Cada "pra sempre" tem seu tempo de duração.
Fazemos de cada momento uma eternidade quando damos uma eternidade de valor ao um pequeno momento.
O meu "pra sempre" pode ter durado alguns anos e poderá durar algumas horas, minutos ou fração de segundos.
O valor que damos ao tempo, é o que o eterniza.
Sim... o "para sempre" existe.
E muitos "para sempre" existiram durante o tempo em que se sonharam juntos, em que dançaram à sós em volta da fogueira... muitos "para sempre" duraram por lindas tardes de sol, por instantes em que se vê o sol nascer...
Alguns "para sempre" duram por uma gestação, por uma promoção no emprego, pelo primeiro dia na escola, pela compra de uma casa maior e até mesmo por ver os filhos se tornando doutores...
Cada "para sempre" dura o que tiver que durar.
Alguns, duram apenas por um beijo, um abraço ou por uma noite de prazer. E alguns se acabam com um simples adeus...
Faça você mesmo o seu "para sempre". Mesmo que ele dure por milésimos de segundos, o importante não é o tempo de duração e sim a importância da duração desse tempo...
Sim... o "para sempre" existe.
Sim... é você quem o faz.
Tente não se mostrar tão frágil, ou muitos vão querer te quebrar.
Tente não se mostrar tão dura, ou será visivelmente intocável ou imutável.
Mas não deixe de ser fina como uma taça de cristal e traga em si a suprema força de uma rocha, que mesmo sabendo de sua força, permite que as águas lhe dêem formas...
Codinome.
Hoje em dia, os nomes das coisas são substituídos por aquilo com que eles mais se identificam.
Hoje, um namoro é só "um lance".
O ato de morar sob o mesmo teto é só "um rolo".
Chorar depois da decepção recebeu o nome de "drama".
Dizer que ama foi renomeado de "chatice".
Pedir em casamento é "juntar os panos".
Cobrar presença é "pegar no pé".
Mentir é "algo pro seu bem".
Trair é "deslize".
Não pego carona nessa "canoa furada".
Pra mim, que sou romântica e sentimental ou chamada de "demodê", as coisas continuam tendo seu "nome de batismo".
Portanto:
O que é, é.
O que não é, não é.
Se amei ou amo, amei ou amo.
Se errei, errei.
Sou sensata e sem codinome para sensatez.
E não vou chamar de "experiências" os erros que cometi na vida e nem de "tempo perdido" o amor vivi.
Posso ter aprendido com os erros, mas não deixaram de ter sido erros.
Posso ter chorado por amor, mas não deixou de ser amor. Não deixei de amar.
Sem codinomes para o "Amor".
Você se foi mas deixou algo aqui, sabia?
Receio que não tenha levado nada meu.
Tento me desfazer disso mas parece impossível.
Deito-me e ali está.
Rolo na cama e ali está.
Mudo minhas posições pra tentar não "presenciar " e evitar saudades, tentativas sem sucesso!
Cabeça no travesseiro.
Travesseiro na cabeça.
Cabeça na cabeceira.
Ponta-cabeça.
Sobre o edredom.
Sob o edredom.
Cruzada sobre a cama e quem sabe, até mesmo embaixo dela (essa loucura ainda não me sobreveio), e em tudo ali está...
Como me livrar?
Como não te sentir por perto?
Ah! Esse teu cheiro gostoso em tudo, esse teu perfume, menina!
Volte aqui pra buscar?
Só para buscar.
Volte?
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