Romantismo
Entre as passagens,
repletos de esperas,
os olhares se moveram
como bailam os planetas,
eles se reencontraram
para acertar os ponteiros,
os aromas dos entremeios
entre perfumes e a plateia,
como fôssemos cometas,
para fugir da alcateia,
e abrir novos caminhos.
Navegar nos teus olhos
me fez outra pessoa,
das esferas dos anseios
tu me viste e veio
com poéticos enleios.
Atração irreversível
dos corações a aurora,
paixão irrepreensível.
Meu espírito a gosto,
nas mãos de novembro
bem naquele momento
que o mundo parou,
a tua pele me arrepiou.
Encanto irremediável
das histórias o poente,
paixão incontrolável.
Por nós tu interveio,
porque sabes de mim
e do tímido silêncio.
Ainda não tivemos,
nem a glória do tempo,
entrecruzadas passagens:
dádivas do bom amor,
você me disse e repetiu:
- Você tem valor!
Só o tempo irá dizer
se sou eu o teu amor.
Não brinque com o meu fogo,
Sei brincar com a tua fantasia,
Não intente com o meu juízo,
Sei assumir com a grandeza
De ser diferente: sou poesia.
Não evite os meus beijos,
Sei buscar o melhor de ti,
Não invente [escapar...,
Sei farejar-te e irei atrás
Do aroma que eu senti.
Não disperso o desejo,
Sei salsear com a tua alegria
Não experimente esquecer,
Sei abraçar-te com jeito
De causar toda a energia.
No meu corpo tenho a sina,
Serei a tua sublime alcova,
Sou muito mais [alma
Do que você imagina:
Sou a loucura que fascina.
Sou gemido, sussurro e grito,
O incêndio mais elevado.
Eia, vulcão atrevido!
O meu corpo bem macio
É que te faz ainda menino.
Danço e rasgo o verbo,
A liberdade que me deste,
Peguei como um [laço,
Abraço com a vontade
De ter qualquer possibilidade.
Darei o meu melhor riso,
O meu inefável paraíso,
A liberdade que recebi;
O teu corpo terei a qualquer custo,
Na intensidade que me [atrevi].
Adoro as manhãs em que teu beijo me desperta e eu ainda de olhos fechados me aconchego nos teus braços com ar de menina indefesa.
Uma rosa do jardim de Iemanjá só é entregue em tua mão, quando a bênção vem do céu e do Pai vem a devida permissão!
Então me abraça, mas me abraça forte e me faz sentir que tudo o que tenho aqui dentro de mim é seu e de mais ninguém.
Mas você chega assim de repente com essa cara de quem quer ficar, esse sorriso lindo só seu e o meu coração não consigo segurar.
"Pensei que fosse tempestade, ventania, pensei que fosse intesidade, chuva forte... você chegou trazendo calmaria... Pensei que fosse inverno, que fosse solidão, pensei em outono, pensei em sentimentos quebrados pelo chão... mas você veio radiante, feito primavera, trouxe perfume, trouxe flores nas mãos... Por fim, pensei que fosse noite, saudade, mentiras, pensei em promessas vazias, que sonhava, que escrevia em vão... então, feito composição, melodia, materializado, tão iluminado quanto o dia, trouxe flores, trouxe Paz, para meu coração..."
ENLUTADO
Enlutado. Pela morte da memória, pela morte das lembranças que hoje sepulto sem saudades. A morte da tolice, a morte da maldade, a morte do engano e da vaidade, hoje sepulto o mistério, a magia, a idolatria, o feitiço, hoje sepulto a traição e a desonestidade. Sepultamento sem morte, sem dor, sem lágrima, sem sangue, mas com muita sinceridade. Sepulto o fracasso e o fracassado, sepulto a incapacidade, a tristeza a vergonha a imoralidade. Sepultamento sem túmulo, sem flores, no chão duro, no monturo, no chão seco sem qualquer vitalidade, sepulto no pântano, na lama fria e suja, no lugar mais desprezado. Para ser esquecido, desfragmentado, deletado, apagado. Hoje sepulto "O PASSADO".
Uma breve história
Num dia ensolarado
Aos meios matos, cuidado
Caminho em sua frente não por estar irado
Mas sim para que as serpentes avancem em mim primeiro
Todos os dias que chego a noite lhe vejo
Sempre bem, aparentemente
Mas não sei como chegar até ti
Já que os homens proibiram os céus
Não há hora para lhe ver
Não há poema grande a ti, escrever
Não há coração que aguente tua falta
Não há aviões que atinjam a velocidade de suas assas
De tão rara, os eternos-da-morte, deixam-na passar
Não por ouro, nem por prata e sim pelo teu sorriso
"O amor era uma mistura de café com cachaça que acelera e deixa zonzo. Uma agitação mole." Fred Di Giacomo, "Desamparo"
Eu bato na sua porta sexta à tarde
meu coração não para
Eu penso em milhões de coisas a cada segundo
Sim, tenho medo de a perder
você abre uma porta com um sorriso e depois levanta os olhos
Eu assisto viajar pelo seu corpo, esbelto, eu viajo .....
sua doce voz massageia minha mente, isso me deixa com medo de ser um sonho
Eu não quero acordar
Sábado acordo bem, prestes a sair
acordo dando sorrisos e um pouco de preguiça
o cheiro de café na mesa, minha família sorrindo
e meus irmãos lutando como ursos
uma tarde eu torno a avistá-la
seu cabelo treme com o vento, cobrindo seus olhos
Ele olha para mim com as bochechas vermelhas, um sorriso de vergonha, dançando ao luar
sentada na beira de uma montanha, ela coloca a cabeça no meu colo
Meus olhos lindos como a cor do céu,
com um pouco de mar
você morde a ponta dos seus lábios, deixa eu imaginar
com uma mão no meu rosto, uma conversa perto do meu ouvido
um sussurro, que linda a voz, não precisa de detalhes
voltando para casa, pulamos alegremente, numa rua deserta
As luzes dos postes iluminam nossa estrada e ela sorri para a corcova de repente vários tiros
ela parou de sorrir
demônios levaram seu corpo, sua mente esbelta, não estava lá
suas roupas manchadas de sangue
seus olhos com uma cor de vazio
o cabelo dela já estava sem cor
o céu não estava estrelado e a noite vai
as gotas de sangue atraíram seu nome, estava quase a gritar
de repente tudo escureceu, olhei para o horizonte onde você estava
Linda novamente, mais de repente apareceu uma criatura
um par de chifres, enormes dentes e unhas
Eu tentei salvá-la, ela apenas sorriu a cantarolar
"Esperou-se tanto o melhor dia, o momento certo... Esperou-se tanto, um sinal divino que viesse de fora...
Que não ficaram juntos, não houve história, não se teve tempo... Um esperava o outro, mas os dias seguiam, indo embora...
Esperou-se tanto que passou uma vida inteira, porque para eles, nunca chegou a hora..."
a covardia sentimental
os covardes sentimentais fogem de tudo
de qualquer possibilidade de envolvimento
criam um personagem e o interpretam propositalmente
esse personagem tem pose de durão
sentimento é sinônimo de fraqueza
grande parte dos que agem assim
têm muitas cicatrizes maquiadas pelo dia a dia
estão cheios de histórias mal resolvidas
de amores não correspondidos
ou de experiências desagradáveis
escondem tudo o que podem pra debaixo do tapete
não suportam a possibilidade de admitir suas fraquezas
parecem invencíveis
intocáveis
mas são paticamente inexistentes
aqueles que conseguem manter tudo isso
depois de serem abraçados pela paz que o amor proporciona
quando o amor nos toca
não há pose que consigamos sustentar por muito tempo
o amor nos despe do mundo
nos torna crianças novamente
tira-nos rótulos e a importância dos diplomas, cursos e riquezas
o amor permite exalarmos nossa própria essência
sem maquiagens, sem personagens
o amor tem o poder de nos transformar
principalmente em nós mesmos
aproximação
não sei o que acontece comigo quando te aproximas
tua presença vem acompanhada de uma energia tão boa
meu peito compõe poemas que só podem ser traduzidos
em suores frios, gagueiras e mãos trêmulas
mas sei que as palavras que ele tenta dizer, são lindas
quando estás aqui, meu coração parece gritar de felicidade
é uma coisa tão boa sabe
uma sensação enorme de segurança
de estar no lugar certo na hora certa
no melhor lugar do mundo eu diria
em outras palavras
pareço estar nos braços da felicidade
e olha que só falei em “aproximação”
quando num abraço nos envolvemos
aí a história muda
acho que até os deuses param pra nos aplaudir
e os anjos que vagueiam por aí
chegam à inequívoca conclusão
de que aqui na terra
o amor ainda existe