Romance
Como é raro encontrar quem abra mão da comodidade das releituras e que se arrisque criando estórias.
O mesmo vento que pode apagar uma chama pode também transformá-la em um incêndio incontrolável.
Pra mim ela é o vento, livre, indomável, refrescante, às vezes tão intenso que me tira do chão, às vezes assustador.
E, talvez, como o vento, ela não tenha nascido para pertencer à alguém.
Talvez, como o vento, ela exista para ser sentida, admirada, ouvida e até temida.
Talvez, como o vento, ela exista para trazer mudança.
Nesse caso, tudo o que posso desejar é respirar mais do ar que ela traz.
Ao menos, tanto quanto for possível para um homem com apenas uma vida para viver.
Pra mim ela é o Sol.
E, tal qual Ícaro, eu me embriaguei em seu brilho e na sua beleza.
Temo que, tal qual Ícaro, minhas asas possam ser queimadas por seu calor e eu caia de volta para a terra fria, monótona e enclausurante.
Pra mim ela é o oceano.
Os tons de verde dos seus olhos são como as mais belas praias verde-esmeralda, convidando apreciadores a admirá-las, a explorá-las.
Lindos e tranquilos tons de verde que escondem uma profundeza capaz de engolir o próprio mundo, o tempo e o espaço.
Nem mesmo a física faz sentido ao redor daqueles tons de verde, em 1 minuto no mundo real sou capaz de viver toda uma vida alegre, próspera e intensa, perdido naqueles tons de verde.
O curioso é que, mesmo correndo o risco de me afogar ou perder a sanidade, eu sou irremediavelmente, incontrolavelmente atraído por aqueles tons de verde.
Casa... me deixe voltar para casa, casa é onde quer que eu esteja com você.
"Ele achava que precisava sempre estar por perto, para que nada acontecesse à ela, é claro que não admitiria isso nunca."
Amor e Sabedoria
Antes de te conhecer eu era apenas um débil
Esmagado pela montanha da negligência.
Meu conhecimento era frágil
E tão exaurida a minha inteligência.
Passei a buscá-la com Okraszewski,
Meu ego fora grande como uma melancia.
Tinha que ler clássicos como Dostoievski,
Para no fim, te alcançar, bela Sophia.
Eu sou como Dante,
E tu como Beatriz.
Passando por um sofrimento exorbitante
E no final, com você, ser feliz.
Me questionei do amor em filosofia,
Compreendi em psicologia
Que o verdadeiro amor é consciente,
No entanto, te amarei até no meu profundo inconsciente.
Ela: Você mudaria alguma coisa no passado?
Eu: Não. Mudar algo poderia significar que você não entraria na minha vida.
Então não, eu não mudaria nada. Faria tudo exatamente da mesma forma, cometeria os mesmos erros, sentiria as mesmas dores e verteria cada uma das mesmas lágrimas pra garantir que eu te encontre.
O universo tem cerca de 13.8 bilhões de anos, eu tive a sorte de compartilhar a mesma ínfima porção desse tempo com você e
não vou arriscar isso por coisa alguma.
Ficamos em silêncio por uns minutos e eu disse:
Não se preocupe, essa é uma paixão natimorta.
Já nasceu sem esperança de sair de dentro do peito de ver a luz do dia, de sentir o calor da sua pele ou o doce da sua boca.
Ela: E o que você faz com uma paixão dessas?
Eu: Você faz do peito um túmulo e coloca uma lápide com datas de nascimento e morte indefinidas, afinal, nunca se sabe ao certo exatamente quando essas paixões nascem;
Foi naquele sorriso?
Naquele abraço de despedida mais apertado do que o de costume?
Naquela piada em que rimos juntos até passar mal?
Tampouco se sabe quando elas morrem, ou se, eventualmente, um dia, morrem.
Orgulho e Pena
Novamente nos despedimos com um beijo no rosto e um abraço.
Novamente eu voltei sentindo um misto de orgulho e pena de mim mesmo.
Orgulho, pois, novamente, eu resisti a todos os meus impulsos, sentimentos e desejos e não a beijei como um louco inconsequente. Garanti que as coisas continuem da forma que estão, o lugar seguro, a sua amizade.
Pena, pois, novamente, me acovardei, não tive a coragem necessária para tomá-la em meus braços e beijá-la como um louco inconsequente, não falei sobre os meus novos e não planejados sentimentos. Não me dei a oportunidade ou o direito de estar apaixonado pela primeira vez na vida. Não nos dei a chance do talvez.
E como poderia?
Como eu poderia arriscar o que temos por um sentimento possivelmente unilateral?
Talvez ela me perdoasse por um movimento impulsivo e não retribuído. Mas eu, eu jamais me perdoaria.
Novamente luto com meus demônios em silêncio e sozinho. É uma batalha que ainda estou ganhando, embora não saiba ao certo até quando.
Chego a desejar o dia da minha derrota.
A Planta
Eu preciso organizar algumas coisas na minha cabeça, no meu peito também. - Eu disse enquanto tomava mais um gole de cerveja.
Por dentro eu me perguntava como iria fazer isso ou se isso sequer seria possível.
Eu me imaginava num quarto escuro, visualizava esse sentimento como se fosse um vaso com uma plantinha que acabara de brotar e estava lutando com todas as forças para permanecer viva na escuridão.
Eu não poderia deixá-la onde estava atualmente, não era o lugar certo pra ela, eu queria muito que fosse, mas não era. Ali não chegava a luz do sol.
Não havia nenhum outro lugar no quarto em que eu pudesse colocá-la.
Me perguntava por que eu simplesmente não a deixava no chão para morrer.
A resposta que vinha logo em seguida era simples: Eu queria que ela viesse.
Eu queria vê-la crescer.
Eu queria ver e sentir o perfume de suas flores.
Eu queria saborear seus frutos.
Eu queria deitar sob sua sombra e vê-la forte, frondosa e imponente.
Ela era algo totalmente novo pra mim e eu não queria desistir dela.
Mas precisava, desesperadamente, movê-la do lugar de onde a coloquei sem querer ou planejar. Ou poderia perder alguém muito importante na minha vida.
Concluí que a única saída era levá-la nos meus braços porta à fora. Perambular por um mundo de escuridão até encontrar um lugar onde eu possa colocá-la.
Precisava encontrar um raio de luz do Sol.
O sentimento de ter encontrado alguém com quem tem sintonia e deseja estar ao seu lado por toda a vida. Que ama, respeita e cuida de forma recíproca. Esse sentimento é incrível e indescritível, só quem vive sabe.
Que saudade é essa que não manda mensagem, não tem tempo para se ver, não quer estar junto? Que saudade é essa que não te motiva a fazer o mínimo para estar com quem ama?
Trai sempre, não porque a carne é fraca, mas porque a confiança é forte. Confiança de que você sempre vai perdoar e aceitar de volta...
No relacionamento em que a prioridade é a disputa por um dos pares estar certo e o outro errado. Os dois terminam certamente infelizes e frustrados.
Espero que seus relacionamentos não sejam jogo de sorte. Tipo mega sena, que em milhares de apostas, uma rola, mas mora no interior e ninguém nunca viu. Ou jogo do bicho, que você sonha com um e na hora é outro...