Rio
Conta pra tua tristeza que ela é um rio que deságua, em alto mar, que, por vez, parece forte como se fosse zarpar, entremeando a brisa fria em busca do horizonte. Meia noite, meio dia, sol que nasce atrás do monte neblina turva e brilhante cai na madrugada fria, lua cheia lá no céu e em meu peito nostalgia.
Eu sou um rio que deságua no teu mar de solidão sou água limpa de beber descançando em riachão sou mar revolto abrindo os braços e abraçando a maresia, seu seio, seu sexo, sua simetria.
Compreenda, sou a solidão...
como a noite que cai e sinto
sua vida escorrer num rio,
estou do seu lado
meus amigos também estão bem...
RIO VERDE
A nuance da mocidade
Habita-a,
Arde como brasa.
Na pele,
Nítida as intempéries
Vividas na luta
Seara, bem como, na cinza.
O Rio Verde,
Profundo e inestimável,
Enaltece a riqueza
De sua alma.
O mundo é atroz,
Mas sua sutileza deixa-o
Afável e vívido.
Dessarte, não tema.
Sempre foi você
Dizem que uma mente é como um rio que flui ideias,
Talvez eu seja percurso e você a água
O saber é como um rio fértil, onde todos têm a oportunidade e capacidade de mergulhar, mas são poucos os que se interessam.
QUERIA SER COMO UM RIO
Queria tanto beber em meu pranto, está seco, já não sei nem mesmo chorar...
Um rio inteiro podia cair, inundar por completo esse meu mundo deserto
Não sei bem de onde vem, é lá bem do fundo e dói tanto o meu peito vazio
Destruir é sempre mais fácil que reconstruir,
descer é mais simples que subir
Meu coração é forte, aguenta a pressão,
Mas não sou eu, eu sou vago, sou triste
Sou só.
Caminhos mil eu andei, atravessei desertos fantásticos na escuridão extrema
Me dei por completo, traí, confiei, busquei um jeito de não ser vazio
Aqui dentro o meu peito
Como dói o vazio, corrói mais que ácido
Me entrego a tortura de mim, meu peito me cala
Queria tanto poder ser abrigo, um canto qualquer, não quero ter paz
Nasci no inferno, em trevas profundas,
Eu quero ver luz, não sinto meu corpo, só tenho alma e vazia
Explode meu peito, nasci como um deus, agora sou homem, ando na vida
Cansado de tanto assim ter vivido,
Caindo sempre de canto em canto, de vida em vida...
Trazendo sempre a dor profunda, que faz de mim conhecimento
Queria tanto cair como um rio, o mar secou, a vida é árida
Tudo o que é belo não me pertence, nasci um deus
Que seja então eu deus de mim, que seja eu meu próprio pai
Eu vejo o mundo, mas não é meu, terá sido um dia?
Ando aqui e nem é por mim, eu nada sei, eu tudo sinto
Que venha o pai, que me resgate, que me dê vida, que seja eu um rio inteiro
Que seja pranto, mas que seja algo que não seja assim...
Assim me dói tanto.
Viver num mundo que não é meu, eu ando aqui, mas nem é por mim´
Foi sempre assim, nasci assim, nasci um deus, sem pai para mim
Queria tanto fazer sair aqui do meu peito o mundo inteiro
Para quê lucidez de uma vida, se ela atormenta?
Eu queria o canto do mundo, um canto lindo, um canto calmo
Queria ser rio, queria inundar o meu mundo inteiro
Queria ser louco, queria ser livre, queria partir, sair daqui
Que venha o Pai, que me consuma, que eu já não sou mais dono de mim
Eu nunca fui, eu fui sempre assim, nasci vazio
Nasci um deus
Sem pai para mim
Queria ser como rio, nascer numa fonte, descer pelo monte
Por campos verdes andar, ser forte corrente, e bem lá na frente, voltar a ser mar
Inundar o abismo, o vazio de mim, poder no meu tempo evaporar
Subir lá pró alto, meu peito abrir, livrar o tormento
Queria chorar, chorar forte pranto, vir lá do alto
Tomar as entranhas da terra, subir a montanha, ressurgir numa fonte
Queria ser como um rio, por vezes tranquilo, mansinho
No tempo fugaz, trazer na corrente do meu pensamento
Somente um conto do vale encantado, ter sido por mim
O mundo criado.
Não sei, sou assim, sou meu próprio destino
Eu sou o meu canto, não, não vejo meu pranto
Porque no meu mundo, eu sou deus de mim.
(Adilson Santana) (Queria Ser Como um Rio)
ISBN: 9789898080790 - Arquivo. Biblioteca Nacional de Lisboa - Portugal
tenho um (a)mar dentro de mim
um oceano de lágrimas
um mar de problemas
um rio de lamúrias
um riacho de tristezas
um lago de incertezas
uma lagoa de imperfeições
uma represa de ilusões
uma cachoeira de bençãos
um poço de desejos
um rego de felicidade
um fio de alegria
um copo de fé
e uma xícara de amor
e eu acho que a vida
se baseia em proporções
mais precisamente
nestas proporções!!!
Mariana, Brumadinho, Barão de Cocais, Nova Lima, Macacos, Itabirito, Rio Acima, Itatiaiuçu, Ouro Preto...
Em Minas, horizonte
era a curva protetora
das serras e montanhas
serenas, quietas
emoldurando o azul do céu
em Minas,horizonte
agora é castelo de areia
que desmorona
a cada sirene que toca
no meio da noite
ou que não toca
e no meio do dia
destrói sonhos e vidas
levados por ondas de lama
em Minas, horizonte
agora é banhado
por rios de lágrima e água suja
em Minas, horizonte
agora é medo...
TÍMIDA
Saiu do rio
Perdeu-se por quem ama
Nua deitou-se na cama
No corpo tremor de frio...
Em lânguidas magias
De seu êxtase hipnótico
Num prazer hipotético
Fez alegorias...
Vestiu-se de donzela
Saiu feito fera
Sentiu-se bela...
No peito desejos vorazes
Na alma doces loucuras
E outras tantas fugazes...
Irá Rodrigues
Eu vi um homem matar um animal
Eu vi um homem matar um rio
Eu vi um homem matar uma árvore
Eu vi um homem matar outro homem.
Com tudo me acostumo...
E por todos os lugares que eu ande...
Dentro ou fora do Rio Grande...
Não mudo o meu rumo.
Agora ou nunca
Tchau! Estou indo à beira do rio pescar e ver como está o frio.
Perguntei pro meu tio se o meu cavalo ele viu.
Tenho que afastar a égua dele, pois está no cio.
O lago que pretendo ir é tão sombrio que tem seu próprio brio.
É bom que eu pegue peixes, porque da última vez me serviu.
Passei um pouco de trabalho, mas nada me impediu.
O cheiro da fumaça, da água, da mata e do cavalo foi a combinação que me confundiu.
Ir aos lugares naturais assim, meu coração residiu.
E ir para outros cantos nunca ninguém me pediu.
Se bem que outro dia um convite semelhante alguém expediu.
Mas também, a pessoa nem persistiu e ainda nem se decidiu.
Ainda estou parada na porta me imaginado com uma companhia dessa e meu pensamento sorriu.
Pensei no dia que teríamos se eu aceitasse tal convite.
E também pensei nas horas que eu perderia ao lado de gente indecisa.
Seria uma pena desperdiçar o meu dia único, entre eu e minha pessoa.
Bom! Deixa eu ir de uma vez porque a minha vontade doida de ficar só ainda não sumiu.
Tomara que não me liguem, senão terei um grande desafio.
Rio Torto
O amor é um rio torto
Que nasce de um esforço
De suportar outro corpo
Feito de carne e osso.
Este desce a montanha
Com toda paciência.
Ausente de artimanha
Repleto de prudência.
Este rio caudaloso
Vai depressa desaguar
Num coração ditoso
Que é infinito mar.
Imagine alguém nadando em um rio caudaloso e cheio de
correntezas, contra a corrente!
Terá uma árdua tarefa pela frente e provavelmente irá se
acabar antes de conseguir realizar coisa que preste.
Por outro lado, imaginemos outro alguém deitado em uma
canoa, fluindo suavemente através da corrente suave de
um riacho que o conduz em direção a seu destino.
Esse alguém escolheu fluir com o rio ao invés de lutar
contra ele, tudo para ele é mais fácil, as coisas parecem vir
parar em suas mãos sem nenhum esforço!
Assim também, aquele que escolhe fluir com a vida, está
canalizando as energias que possui dentro de si e que têm
suas origens na Natureza e a vida Ihe será bem mais fácil e
seu fardo bem mais leve.
...tu'ausência me atordoa mas não me deixa vazio; sou como as águas de um rio que para o teu mar escoa...
Assim com a água corrente nunca é a mesma ao passar pelo rio, assim é o homem que se modifica ao trilhar sua jornada.