Rio
Minhas memórias são coloridas,
Nem preto nem brancas,
Tampouco cinzas,
Adormecer é meu rememorar em sonhos,
Nunca opacos,
Sempre lúcidos,
Me enlouquecem,
Me destroem,
Me enaltecem,
Alertam,
Ensinam por osmose,
Citose,
Cresço ou desapareço,
Amortece,
Adoeço em insônia do saber,
Sem querer sofrer,
Por ser,
Por não ser,
Na cobrança que é viver,
Sendo eu,
Sendo você,
Qual é que vai prevalecer?
Libriana.
Quando ela nasceu,
O céu sorriu,
Eu sorri meio que sem saber que ela estava retornando,
Ela brilha,
Uma lágrima escorre no rosto de emoção te reconheço,
Minha conexão não falha,
Sinto o todo,
A pele arrepia,
Faz o contexto?
O prazer da sua companhia supera tudo,
Seu cheiro gruda,
Seu sorriso transcende,
Seu jeito de menina encanta,
Nunca espanta,
Quero te dar colo,
Quero te dar tudo,
Conchinha,
Aperto,
Beijo na nuca que desce pelas costas e derrete o peito de euforia,
Ainda que em pouco,
Sinto muito,
Muito com liberdade,
Muito de bom,
Com alma de pipa, voa que voa,
E volta para os meu braços,
Sou seu ninho passarinho,
Vai pra longe,
E quando te ver de novo,
O reconfortante abraço dos braços que não se fecham,
E o repouso nesse peito que já é parte Seu,
Pode fazer morada!
Gosto de palavras complexas,
Enquanto as simples,
Me fogem,
Vão embora,
Voam como se minha estação fosse sempre inverno,
Elas os pássaros que migram para o calor,
Branco de sumiu,
Feito...
Letícia Del Rio
O monólogo alto,
O alto do monólogo,
Quando a consciência exterioriza em palavras o que você sente no peito,
Sem respeito,
As ideias me rasgam,
O sentimento me corta,
Me embaraça,
O relógio avança,
Enquanto a vida me dói.
O monólogo do tempo perdido.
Se existe algo que me arrependo é de não ter estudado naquele tempo...
Enquanto jovem me achava curtindo a vida,
Enquanto curtida estava sendo por ela,
Me sinto cansada e esmagada,
Pela luxúria e falta de empatia,
Da maioria que te passa por cima,
A dor dos que tem menos de todo dia me dói hoje,
Sem desistência sigo,
Correndo atrás do tempo perdido,
Esbaforida,
Mas, nunca vencida,
Embora insista a ideia da desistência a cada esquina,
A cada tombo,
A cada gongo que se experimenta dia à dia,
Me sinto presa,
Escravizada pelo sistema,
Embora tenha prazer em servir,
O prazer de quem me pisa,
Parece ser sempre maior,
Eu quero vencer,
Mas, não quero me tornar desamor,
Não quero ter o peito petrificado em ouro,
Quero permanecer sendo sangue, quente, amor,
Que o prazer de ajudar não me deixe,
Prefiro a morte,
Ao viver como esses defuntos em vida,
Que fedem e ferem,
Que se acham maiores,
Embora em fim,
Na partida se tornaram desnudos e suas partes em decomposição,
Como todo cidadão,
Turbidez,
Desabafo,
Fácil,
Poucos vão ler,
Talvez ninguém,
Porque no mundo de hoje,
Ninguém se importa.
Conflitos diários de uma Mulher no trabalho.
Quando é que o conhecimento será valorizado?
Quando é que vai existir uma igualdade de gênero?
Quando é que se terá um rendimento em equipe e não de um querendo matar ou outro por venda?
Quando é que os privilégios, os benefícios entre o grupinho fechado masculino vai parar?
Quando é que eu vou ter as mesmas chances desses lobos vorazes que me destroem mês à mês através de atitudes em que se há de desconfiar...
Pago o preço,
Da honestidade,
Do conhecimento,
E de ter nascido mulher...
Sem mais,
Desabafo,
Meus olhos cansados mostram meu esforço de uma construção gerada a noites mal dormidas, mais de 5 horas de estudo por dia e muita força de vontade de um dia não precisar mais sofrer esse tipo injustiça.
O vinho é uma arte abstrata,
Onde os olhos, olfato e palato se encontram, numa viagem sensorial, familiar e histórica,
Seu artista,
O enólogo,
Seu ateliê a vinícula,
Sua matéria prima os vinhedos,
Seu Pincel são as Vitis,
E eu uma enófila,
Transmitindo em poesia a profissão Sommelier,
Trazendo cada garrafa pronta em sensações de letra,
Amor em transcrição,
Poesia engarrafada,
Uma canção que toca o coração.
Quando tento expressá-las,
Elas me somem!
Travessas palavras que de branco me consomem,
O que sinto por você é inexplicável,
Amor infindável!
Quero você pra toda vida,
Mãos dadas,
Você me põe pra cima,
Quero seu ser tudo,
Assim como você pra mim é,
Porto Seguro,
Lugar perfeito,
Seu sorriso de Sol,
Seu olhar de mar da Lagoa da Conceição em Floripa,
Um dia te levo lá,
Sentiremos num banquinho à beira mar,
Sem pressa,
Aos beijos,
Espumante à um brinde a vida,
À nós,
À sós,
Ao eterno,
Felizes para sempre!
Degustação de lágrimas.
Tudo tem seu preço,
Vendi minha inteligência e tempo à falta de integridade humana,
Minha gana,
Jogada no lixo todo dia,
Bando de mentira,
A vida joga e manipula,
Eles te esmagam,
Te rasgam,
Todos os dias pelas suas costas,
Mostram seus dentes sorridentes,
Escondem suas presas,
Vampiro,
Sugador,
Nos alimenta de migalhas,
Sobras do que cai de suas mesas fartas,
Fartas pelo no suor escravizado,
De tempo de vida roubado,
Até o último suspiro de dor,
Quase não respiro mais,
Resseca pulmão mais que cigarro,
Esse gosto amargo tipo fel,
Cruel,
Consome,
Assola,
Esses monstros à tira-colo,
Golón,
Garganta que nem tem mais,
Desintegrou,
Do veneno do sapo engolido dia após dia,
Com esses toques de Agonia,
Então,
Deguste e aproveite,
Desse banquete,
De lágrimas escondidas nesse sorriso em que me visto todos os dias,
Pra melhor atende-los,
Então,
Novamente,
Disponha e me devore.
Desesperadamente,
Sem fim.
Eu sou o Amor,
Ou seria somente Dor?
Ou o Amor é isso?
Alma nua,
Vontade de sair correndo na rua,
Uma saudade crua,
Dura,
A lágrima nos olhos,
A distância que mata,
Aos poucos,
Sádica,
Caótica,
Cruel,
Doce amar?
Entre o Céu e o Fel,
Em paixão me localizo,
Ternura ou loucura?
Me acho,
Encaixo e desencaixo,
Arregaço,
Esse coração de esculacho,
Ladeira abaixo,
Não sossega o facho,
Acende e queima,
De volta a fogueira ...
E nem é São João.
O que eu mais temia aconteceu...
Fodeu,
O amor apareceu,
De novo,
Frondoso,
Charmoso,
Tirou seu chapéu,
Com todo seu véu,
Ao chão,
Me leva ao céu,
Me entrego,
Em laço,
Mais um traço,
Do medo,
Desmoronamento,
Enquanto o sino da igreja toca,
Se desloca o sono,
Os sonhos,
Eu quebro os pratos,
Grego,
Louça,
A Louca,
Era meu coração.
E o mundo sempre gira sem o perdão,
Ou vai dizer que não?
Mas, o que se faz quando não há de que?
Nem um porque?
Mas, a culpa vem como um carrasco de morte,
Na sentença,
A presença que se esvai,
Correu,
Sem alimento evaneceu,
Estranha,
Estranho,
Faz anos.
Sair desse ciclo,
Pico,
Entre amor e temor.
Já tentei mudar,
Mas, não dá...
Dá...
Coração que tende a falhar.
Só queria um dia,
Que eu não morresse de saudade,
Que meu copo sempre cheio não transbordasse,
Eu só queria ter freio nesse coração de bicicleta na ladeira,
Onde o chinelo tá só o resto,
De tanto que já carcomeu,
Não desiste, se arrasta,
Quase sem borracha com o resto que sobrou no asfalto.
Siga seu coração eles dizem...
E pra que?
Se ele tende a me doer?
Maluco, maléfico e tendencioso,
Terrível, bandido e ambicioso,
E onde fica a razão,
De mim se esconde...
Não sei pra onde,
Queria medir na mesma medida,
Retribuir como sou atribuída,
Mas, ele não me deixa sair,
Ruído e sedento a me denegrir,
Capcioso coração que pulsa e nele o sangue se bombeia,
Sangra e verte-se vigorosamente de um lado para o outro,
Em um é puro e no outro é doente.
Paixão,
É o fogo que me alimenta,
Eu não gosto do raso,
Nem sou razoável,
Sou a chama que queima sem silêncio,
Sou o grito incontido no vazio,
Sou a dor,
E também sou profundo amor,
Vc sabe onde estou?
Porque não me encontro,
Não me acho,
Não me movo,
Não sinto e não vejo quem me vê,
E meus pensamentos me incomodam até o amanhecer.
Sou o 80 do 8 ou 80,
Sinto,
Portanto,
Existo,
Com força!
Prefiro,
O pecado do excesso, da culpa,
Do que a cruz de ser pela metade,
Me entregar pela metade,
Ser unha.
Sou carne.
Prefiro,
A dor da entrega,
O sangue escorrendo,
Do que no contido me perder do que sou.
Não sou um réptil,
Embora,
Nem saiba eu de que se trata a mim.
Então,
Já vou.
Como seria se pudéssemos ser e fazer tudo o que gostaríamos?
Sem represálias ou julgamentos, como seria? Se as pessoas pudessem nos amar como somos e nós termos também a capacidade de ama-las, entender cada nuance de diferença e ponto de vista. Como seria? Porque cada pessoa que passa deixa um pedaço de si em nós e nos deixamos em pedaços nelas, nos tornando uma junção de tudo, e muitas vezes num oceano de saudade, mas, se fosse de outro jeito? Como seria?
6:05
Tudo vem à tona,
Como uma maratona,
Que horas são essas?
Para que gosta de dormir à beça,
Penso nas mil e quatrocentas vidas,
Como seriam vividas?
Multiverso,
Eu no avesso,
Queria ter mais coragem,
Parece que comigo vivo de sacanagem,
Um saboto desse broto,
Kkk,
Vem pra cá,
Nesse bloco de notas,
Desabafar,
Conversando comigo até clarear...
Tem dias que os dias se arrastam em findar,
Tudo dói,
De dor de alma sabe?
Nada físico...
A vergonha me transpassa,
Me sinto a própria vergonha,
Falo demais,
Tropeço nas minhas próprias palavras,
Prolixa,
Na intensidade,
Me sinto em maldade,
Mesmo sabendo dentro do coração,
Que não sou assim não,
Sinto que firo,
Sem querer cometo Sincericídios,
Me acho dura com quem amo,
Me acho exagerada com pessoas que admiro que nem notam minha existência,
Tortuosa,
Cercada de más escolhas,
Escorada naquilo que me satisfaz e ao mesmo tempo me desfaz...
Desmerecida,
Desmedida,
Destempero,
Como se fosse o último dia,
E no final...
Tudo se transforma em nada,
E mais do mesmo,
Vazio,
Pó.
A ansiedade é uma espada,
Dilacera o peito dos dois lados,
A carne treme,
O coração sangra,
A pele que sua,
Pinga a dor,
Que não se acaba,
Na terra,
Como semente frutifica,
Pensamento como tempestade,
De vasto vento,
Avassala,
Quem à encara,
Brutal desvairada,
Sádica sensação que não me esvai,
Prolifera como cólera,
No âmago amargo de quem não a espera.