Rio
A boca se fecha,
As mãos descansam,
O pensamento se cala,
A caneta repousa sobre o papel já marcado em letras,
Dentro de mim sempre claras,
Fora,
Um emaranhado de idéias,
Até hoje nunca entendido,
Há os que se fizerem à saber,
Mas, era mentira,
Aos poucos desmoronava,
Ele era o álcool,
Eu era a tinta,
Sou azul,
Não sou eu que escolho o verso,
Sim, ele me escolheu,
E escorregando pelo papel,
Me mostra em letras,
Sou um pensamento aprisionado,
Liberto e compreendido pela esferográfica.
As grades da sociedade que enibem o pensamento,
A falsa escolha de liberdade da vida,
As algemas monetárias,
A falta de consciência, a maldade,
Engolindo nosso povo mais que areia movediça,
O sol que um dia iluminou,
Hoje se apaga,
Envolto na fumaça que sobe das chaminés da ignorância,
Valores invertidos,
Amores corrompidos,
Famílias se esmigalham,
Com essa chuva ácida de falta de valores,
Nesse jogo de interesse,
Pessoas se fazem e fazem outras descartáveis,
Se usam,
Se estragam,
Se machucam,
Os olhos se secam com a poeira da corrupção,
Cegos,
Não só de governantes,
Mas à todo instante,
Uma enxurrada de hipocrisia constante,
Onde as palavras não tem peso de regra,
E tudo vira uma tremenda bagunça,
Enquanto isso...
As bocas se calam,
As mãos se fecham,
E o mundo não para de girar.
Nem felicidade,
Nem tristeza,
Dentro de mim,
Nada se passa,
Faz chover na alma,
Numa forma tão rala e sem jeito,
A ponto de irritar a carne,
Nada me excita,
Nada me passa,
Chuva que fez meu tempo parar,
Sinto sono,
Sinto nada,
A vida me atrapalha,
Enquanto isso,
O tempo se esmigalha.
Em todas as minhas palavras,
O que há em comum?
Somente o vago,
O inexplicável,
Ou uma explicação fora do padrão,
Tipo ficção científica,
Em todas as minhas conclusões,
Incertezas me tomam,
Como num vôo alto,
Pendurada em borboletas,
Em todos os pensamentos,
Visão com asas,
Minha única certeza,
Vem de lá,
Vem do alto,
Não do asfalto do vazio da cidade,
Meu cérebro não descansa,
De tanto raciocínio que me cansa,
Em todos meus sentimentos,
Intensidade,
Nunca fui de me entregar em metades,
Isso se faz sentir em meu corpo frágil,
Dores intensas da alma,
Em todas as minhas atitudes,
A falha, o impulso, a incompreensão,
É assim quando se ignora a razão,
A predominância da emoção maltrata,
Machuca,
Intensifica devaneios,
Em minhas poesias me encontro,
Nessa tinta azul,
Derramada num papel em formato de letras.
Liberte-me,
Desses sentimentos humanos e mesquinhos,
Não participo de competições,
Minha vida não é um jogo,
Deveria, sim,
Ser uma prova para evolução,
Perdendo-se pontos com banalidades, futilidades,
Superficial,
É quem enxerga apenas o que vêem os olhos,
Enxergo com a alma,
Sem carnalidade,
Olhar seco,
Sem cobiça,
Sem desejo,
Busco encontrar-me,
Ao máximo mais serena,
Ao mínimo mais tolerante,
Em tudo que difere ao meu ponto de vista.
Inconstância,
Sentimentos,
São as grades que trazem o aprisionamento,
Paixões,
Questionamentos,
São círculos,
E ciclos que vivem em círculos
Não ligo de perder um jogo,
Minha competição é a vida,
E eu meu maior adversário,
Por isso me desafio todos os dias,
A ser sempre uma pessoa melhor.
Sonhos lúcidos.
Viajo à Alma,
Para libertar o corpo,
Alimento o espírito,
Para aliviar a mente,
O desejo de ser livre realmente,
Libertando totalmente o pensador que mora em mim,
Passar horas a fio à luz do luar,
Vendo o dia amanhecer,
Vendo o sol raiar,
Na beira da praia,
Sem medo do tempo voar,
Sem as cadeias que as horas trazem ao ter que trabalhar,
Quero sentir o ar de outros ares,
E falar tão claramente sobre eles,
A ponto de te fazer tocá-los com minhas palavras,
Dentro de minhas próprias sensações,
Descobrir lucidez em cada parte,
Nesse mundo de insanidade sana,
A reviravolta do meu ser em palavras,
Nem sempre tão claras,
Em sua maioria criptografadas em verso,
Para que sinta o que eu vivo,
E viva dentro de si,
A razão que há em mim.
Lindas palavras camufladas de amor,
Somente se transformam em tristeza e dor,
Palavras,
Se tornam grandes mentiras,
Quando não vividas,
Prefiro que sejas,
Então fico em silêncio,
Para que meu caráter se torne prolixo.
A triste realidade deste mundo,
Um desamor tão profundo,
Obscuro orgulho,
Maduro,
Coração impuro,
Não se compraz,
Lágrimas para ele,
São como pingos de chuva,
Inodoros, insípidos e sem cor,
Usa pessoas como objetos,
Se finge de amor,
Causando a mais imensa dor,
Sem pedir desculpas,
Pois, não há consciência,
Num eu tão grande que causa dormência,
Anestésico pesado,
Alucinógeno desse mundo,
Escuro e profundo,
Sem precedentes,
Destruição de muitos,
Aprendizado à astutos.
O segredo da mais pura paz e verdadeira felicidade é o Amor,
O Amor tem Nome,
Acima de todos os nomes,
Senhor Jesus,
O verdadeiro Amor,
Não se prova por belas palavras,
O Amor tem formato de Cruz,
Quem Ama como Ele Amou,
Dá a vida, trata o outro,
Como a si,
O Amor verdadeiro tem gosto,
Não traz desgosto,
Pois, onde à luz,
Não há espaço para trevas,
E vice versa.
O segredo é o amor,
Os bons olhos são luz,
Que transformam solidão em esperança,
Olhe com olhar de uma criança,
Que com pureza alcança,
A plenitude de Deus.
Tudo começou em prolixidade,
Chegou vestido de sorrisos e poesias,
Munido de versos e melodias,
Olhos castanhos,
Morava nos meus versos,
Eu me fiz parte dos teus,
Nunca foi ausência,
Sendo que a pior ausência é a que se dá na presença,
É sentir saudade mesmo estando perto
Ausência de palavras,
Demonstrações de afeto,
Carinhos, palavras sinceras, segurança,
O calor de beijos intermináveis,
Canções de amor.
Só, de tão audível silêncio que ensurdesse,
Só, de um tão alto silêncio que estilhaça a vidraça, dessa vida que se passa.