Rio
Nossas mentes são imaginárias. Elas são feitas de verdadeiras quedas de água, de onde só transitam nossos anseios, tanto de alegrias, como de tristezas... Corre, como um rio, que desce pelas cordilheiras, lavando as pedras. Assim, elas estão com seus umbrais sempre enfeitados, com rosas, que, agarradas às paredes, dão a volta na porta, enfeitando-a... Tal qual o rio, a nossa imaginativa voa longe, como se tivéssemos um barco a navegar em nossas águas serenas... Ali, como um rio calmo, vai correndo a paz, diante dos raios de sol, que refletem em nós... Dentro, da nossa inventiva, há toda a beleza do mundo... Ali, o nosso barco navega em águas tranquilas.. Os ventos ateiam uma suave brisa, acalentando as sombras de amarguras, que poderão aparecer, vez ou outra... Quando a vaga tormentosa, desse mundo nos aturdir, não nos importaremos, pois estaremos descendo rio abaixo, sempre a favor do vento... Em certas curvas, que o rio faz, parece-nos que estamos em um labirinto, onde os sentimentos se perdem, mas, logo adiante, se encontram, para abarcarem a nossa ventura, sempre decaindo rio abaixo, atrás das alegrias, que a vida nos oferece...
Quando paramos o igarité, deparamo-nos com avenidas coloridas, onde, ali, moram as alacridades e os regozijos... Nessas alamedas, encontramo-nos com nós mesmos, em meio às flores, que brotaram de tubérculos, que estavam intumescidos, onde o céu é bem azul e nós passamos o tempo todo cantando as nossas prosperidades..., assim, como o rio, que canta, quando desce as serras, batendo em suas pedras... Dentro de nossa essência, ali, prendemos todas as nossas satisfações... Porque o rio é assim, corre desde o alto das montanhas, até o vale da ribeira, até desembocar no mar... É esse mar, que nos traz veloz a nossa serenidade... Ali, não há dor, somente amor... Esse rio sabe ser doce como mel... Ele é feito de esperas, é um botão, que floriu em plena primavera... Pequeno grande rio, que sabe espalhar encanto, por suas águas abrandas, distribuindo afagos, com os raios derramados pelo sol do amanhecer...
Logo, descobrimos que existe a felicidade, onde no silenciar leva o tempo de uma conexão e o fim de uma exclusão, como o desprezo com os lírios, que também são efêmeros...
Marilina Baccarat escritora brasileira
Prefiro dizer o que penso, com a paixão que o assunto me inspira; paixão nem sempre é cegueira, nem impede o rigor da lógica.
LIÇÕES PROVERBIAIS
Chega de choradeira...
“Não adianta chorar o leite derramado.”
Se um projeto fracassou,
A Vida outro já lhe planejou.
Se o tempo difícil não passa,
Tenha coragem, mostre sua raça.
“Água mole em pedra dura...”
Se seu amor o abandonou,
“Amor não abandona, protege.”
E você não sabe o que a Vida para ti elege.
Se você foi traído por um amigo,
“Amigo não trai amigo.”
Você se livrou de um astuto inimigo.
“Quem com ferro fere,...”
Se você está sentindo solidão:
Solidão não mata; fortalece o coraçãorpreendente.
E, como diz a sabedoria popular:
“O que passou, passou.” “Bola pra frente.”
A Vida é surpreendente,
E reserva muitas surpresas para a gente.
ALMA DE LUA
Hoje é lua cheia
E minh’alma
Ainda mais vazia
Hoje é lua crescente
Como a dor
Que minh’alma sente
Hoje é lua minguante
E em minh’alma
Mingua a alegria restante
Hoje é lua nova
E em minh’alma
A tristeza se renova.
POEMAS LEVEDADOS
Faço poemas
Como se faz pão caseiro:
A massa tem de ser misturada,
Atritada, homogeneizada, levedada.
Os ingredientes que formam
A “massa” de meus poemas
São: meus pensamentos, minha emoções,
E minhas sensações.
Dois “recipientes” básicos são usados
Na preparação de meus poemas:
Minha mente e meu coração.
O processo de levedura
- Como no pão caseiro –
Às vezes é demorado,
Depende das “condições climáticas”:
Quanto mais quente melhor.
Só escrevo poema
Sob pressão e calor.
A mente e o coração
Têm de estar em ebulição.
Às vezes, como no pão caseiro,
Meus poemas saem meio puxados
No “sal e/ou no açúcar”;
É que, já me disseram,
Sou um tanto quanto exagerado
Ao expressar meus sentimentos.
RELEVO SENTIMENTAL
Às vezes, sou um abismo tão profundo,
Que, ao olhar para dentro de mim,
Sinto vertigem – caindo-me nas entranhas do mundo.
Às vezes, sou uma planície tão extensa,
Que, ao olhar para dentro de mim,
Perco-me num horizonte vago – sem fim.
Às vezes, sou um deserto tão escaldante,
Que, ao olhar para dentro de mim,
Não sei se paro ou sigo adiante.
Às vezes, sou um planalto tão irregular,
Que, ao olhar para dentro de mim,
Embrenho-me em depressões cheias de espinhos e cipoal,
Cercadas de montanhas difíceis de escalar.
No mais das vezes, apraz-me ser este relevo,
Pois, ao olhar para dentro de mim,
Sou nova paisagem a cada dia,
Não conheço monotonia:
Se hoje sou depressão;
Amanhã, sou majestosa montanha,
Com meu olhar otimista,
Olhando o mundo a perder de vista;
Depois de amanhã, sou verdejante colina.
Com flores, pássaros e rios de água cristalina –,
Sou vida que não conhece rotina.
DEUSA DA MINHA NATUREZA
Quando a vi – na hora,
Pensei: Ah! Se ela me quisesse agora!
Como o mito de Zéfiro e Flora,
De bruto que sou,
Eu me transformaria
Em suave brisa d’aurora.
Mas, diferentemente do mito de outrora,
Só eu me encantei por minha deusa Flora,
Ela nem me percebeu –
Passou e foi-se embora.
XODÓ
Morena, meu chamego,
Tua ausência me tira o sossego.
Faz-me falta teu afago.
Se não voltares logo,
De saudades me afogo.
Como viver sem teu aconchego?
ALMA DE LUA
Hoje é lua cheia
E minh’alma
Ainda mais vazia
Hoje é lua crescente
Como a dor
Que minh’alma sente
Hoje é lua minguante
E em minh’alma
Mingua a alegria restante
Hoje é lua nova
E em minh’alma
A tristeza se renova
POESIA SEMPRE
Prometo
Poesia
Na dor
Na alegria
Se a morte separa
Se a vida não para
Permanece
A poesia
Na dor
Na alegria
ETERNO DEVIR
Pessoas queridas partindo
Pessoas são folhas caindo
Tudo na vida ruindo
Nada na vida parado
O novo ao velho fadado
Na ação – ser transformado.
RELEVO SENTIMENTAL
Às vezes, sou um abismo tão profundo,
Que, ao olhar para dentro de mim,
Sinto vertigem – caindo-me nas entranhas do mundo.
Às vezes, sou uma planície tão extensa,
Que, ao olhar para dentro de mim,
Perco-me num horizonte vago – sem fim.
Às vezes, sou um deserto tão escaldante,
Que, ao olhar para dentro de mim,
Não sei se paro ou sigo adiante.
Às vezes, sou um planalto tão irregular,
Que, ao olhar para dentro de mim,
Embrenho-me em depressões cheias de espinhos e cipoal,
Cercadas de montanhas difíceis de escalar.
No mais das vezes, apraz-me ser este relevo,
Pois, ao olhar para dentro de mim,
Sou nova paisagem a cada dia,
Não conheço monotonia:
Se hoje sou depressão;
Amanhã, sou majestosa montanha,
Com meu olhar otimista,
Olhando o mundo a perder de vista;
Depois de amanhã, sou verdejante colina.
Com flores, pássaros e rios de água cristalina –,
Sou vida que não conhece rotina.
DOR NO CORPO E NA ALMA
Mais uma noite de insônia,
Uma noite comprida,
Uma noite doída,
Afirmo sem cerimônia!
É que as horas não passam
E a mente e a alma não cansam!
Dói o corpo extenuado, cansado
De tanto virar na cama
De um lado pro outro lado.
Dói a alma - o tempo parado,
Como um mágico cruel,
Traz-me à lembrança o ser amado
Deixando-me o gosto amargo de fel
Por ter e não ter quem amo e me ama:
Só a tenho na lembrança – que a chama!
Mas a quero em meus braços – na cama!!
INVERNO: ESPERANÇA E TRISTEZA
Todo ano, quando chega o inverno,
Vem-me à memória o inverno anterior!
Ou melhor, vem à memória a esperança
E o desejo que sinto todo ano – no inverno,
De não estar sozinho no inverno posterior!
Ano após ano, o inverno cada vez mais frio,
E minha esperança e meu desejo – não se cumpriu!
Fico a sonhar como seria uma noite de inverno
Sentindo o aconchego da pessoa amada,
Com ela abraçado, sentido o frio vento na face,
E o calor do amor aquecendo a alma – apenas sonho!
Não sei por que, no inverno, sinto tanta solidão.
É como se fosse saudades de um distante inverno,
No qual fui muito feliz por dormir aconchegado
Nos braços de quem muito hei amado!
Solidão e saudades de alguém que perdi
Num distante passado – mas que esta aqui,
Dentro do meu coração triste e magoado!
Quando se aproxima o inverno, dentro de mim, hiberno!
Fico introspectivo, em meio à tristeza, uma esperança acesa:
Este ano não estarei só, encontrarei minha amada, com certeza,
E dormirei com ela abraçado, esquecerei os invernos passados,
Finalmente serei feliz, terei meu sonho realizado!
Mas, como já estou acostumado – mais um inverno só – meu fado!
E começa em minh’alma esperançosa o sonho do próximo inverno,
Passo o ano acalentado desejo de, com meu amor, dormir abraçado!
Este ano, frio inverno, olho no espelho, dizem-me, minhas cãs brancas
Que o tempo voa, que solidão é o preço que pagarei nesta encarnação!
ONDE VIVE MEU AMOR?
Todo amor que tive, foi-se,
Não sei por onde anda ou se vive!
O amor que não tive, nunca se foi,
Eu sei por onde anda e que vive!
Todo amor que tive foi comensal
Da mesa farta dos meus sentimentos!
Locupletávamo-nos com a fartura de nossas energias,
Que de pouco em pouco, reduziam-se em migalhas frias!
O amor que não tenho, mas que um dia tive,
Eu sei por onde anda e que vive:
Sinto seus passos doídos em meu coração,
Ouço sua voz no mais recôndito de minh’alma!
Transmutamos energias sutis, que alimentam nosso sonho,
Enquanto, neste Mundo, trilhamos unidos e distantes,
O caminho no qual um dia nos reencontraremos – suponho,
Pois, creio que o Grande Juíz da Vida não é cruel nem medonho!
INCONSTANTE, MAS PERSEVERANTE
Por onde passo
Ora vacilante passo
Ora firme compasso
No que sinto
No que faço
Ora sou instinto
Ora espírito distinto
Ora sou bagaço
Ora puro aço
Ora arregaço
Ora sou palhaço
No tempo, no espaço
Passo a passo...
Passo, passo...
O INIMIGO VIVE COMIGO
Há algum tempo minh’alma
Ansiosa, agita-se se calma,
Como a querer me fazer
Seus sentimentos, escrever!
Ora vislumbra-me por inteira
Ora esconde-se sorrateira!
Sim, falo de minha própria alma,
Que na verdade sou eu mesmo!
É que às vezes, escondo-me de mim mesmo,
Outras vezes, mostro-me todo, a mim mesmo!
Uma parte de minh’alma ao Mundo quer se mostrar,
Outra parte querer do Mundo se esconder!
Sinto minh'alma carente de amor, de afeto!
Levo a vida sentindo-me um Ser incompleto!
Meu desejo de amar, só meus poemas a me consolar!
Mas essa dor em minh’alma insiste em me maltratar!
Triste sina essa minha, tenho tanto afeto a oferecer,
Porém, há uma estranha força impedindo acontecer
A aproximação de alguém que posso meu frio coração
Aquecer! E quando alguém chega, eu, algoz de mim mesmo,
Atrapalho-me, erro, falho,... Sim, sou algoz de mim mesmo!