Rio
COPO D'ÁGUA
Às vezes me sinto um rio.
Outras vezes um Oceano sem fim.
Ainda tem algumas vezes
que me sinto apenas um Copo D'água.
Mas esse Copo D'água
- visivelmente simples -
é quem mata minha sede.
Então percebo
- que no verso e inverso da vida -
não importa como eu me sinta,
seja no vazio contido do nada
ou no silêncio de uma multidão,
sou e serei sempre um TUDO de mim!"
(Janaína da Cunha)
Do Livro Versos Soltos - pág. 52
Você chegou como um rio
Entrando, infiltrando
Achando seu proprio lugar.
De um jeito natural
Devagar você veio
Ate tomar conta
De tudo que sou
Agora, cada parte de mim
Tem partes de você.
DO AUTOR
Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu e morreu no Rio de Janeiro. Era descendente de escravos e filho de pais mestiços. O preconceito contra os negros foi um tema constante em suas obras. Leitor ávido, se destacou com a obra 'Recordações do Escrivão Isaias Caminha' em 1909. Dois anos depois, lança seu maior sucesso: Triste Fim de Policarpo Quaresma.
Além das dificuldades financeiras, sofria de crises de depressão e alcoolismo. Foi internado no hospício duas vezes. Morreu de ataque cardíaco aos 41 anos.
DA PEÇA
O TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA revela uma visão crítica da vida política, social e cultural do Brasil, através de uma linguagem despojada e inconformista. Não deixa de expor o sofrimento dos mulatos, em oposição a recente libertação dos escravos, a submissão do país aos modelos europeus, o militarismo estreito e nocivo, a fragilidade da economia do país e até mesmo a condição da mulher naquele momento.
Todos esses temas, que parecem tão familiares ao Brasil de hoje, estão presentes no livro, revelando uma posição inovadora, que foge ao rigor formal característico de seu tempo.
O resultado é uma imensa crônica da vida brasileira do final do século XIX e início do século XX. E, de certo modo, do Brasil do século XXI.
A LIÇÃO DE VIOLÃO
Quando Policarpo entra em casa é a irmã quem o recebe, perguntando:
- Janta já?
-Ainda não, espere um pouco Ricardo que vem jantar conosco.
- Mano, você precisa tomar juízo. Um homem de idade e respeitável como você é, andar metido com esse seresteiro não é bonito! Ainda mais andar com instrumento de vadio!
-Mas você está muito enganada, Adelaide. É preconceito supor que todo homem que toca violão é um desclassificado. É muito importante não deixarmos morrer nossas tradições, as tradições genuinamente nacionais.
Contrariada, Adelaide retira-se para receber Sr. Ricardo coração dos outros. Tal era violonista e gozava da estima geral da alta sociedade suburbana, uma sociedade muito especial, mas que só era alta nos subúrbios. Policarpo Quaresma desejava ter aulas de violão e Ricardo era a pessoa perfeita para ensinar porque ficava encantado pelo instrumento desprezado. Já seu discípulo ficava extasiado pelo som do violão e também pela brasilidade que tudo aquilo representava.
DAS REFORMAS
A força de ideias e sentimentos contidos em Quaresma já havia surpreendido a muitos, mas nada tão absurdo quanto as reformas radicais.
[Eu, Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, funcionário público, certo de que a língua portuguesa é emprestada ao Brasil, certo também de que tal empréstimo desvaloriza nossas raízes - usando do direito que confere a Constituição, venho pedir que o Congresso Nacional decrete o tupi-guarani, como língua oficial e nacional do povo brasileiro.
Além, em minha casa de campo, Sossego, pude estar em contato com as terras férteis do nosso Brasil. Mas digo, caros compatriotas: é necessário ocupar. Há tanta terra produtiva desocupada que poderíamos produzir muito. A mudança está para acontecer, basta olhar para a Pátria amada e trabalhar a fim de torná-la a maior potência do mundo!]
As palavras de Quaresma foram recebidas de diferentes formas: uns indignados pelo despudor, outros riam-se a ponto de chorar, outros sequer davam ouvidos. Ricardo Coração dos Outros, vendo o fracasso do amigo, disse:
- É bom pensar, Quaresma, sonhar consola.
- Consola, talvez, mas faz também nos torna diferente dos outros; cava abismo entre os homens - disse, cabisbaixo.
DO FINAL
Em um dos seus últimos atos de patriotismo, Quaresma decidiu se alistar e lutar na Revolta da Armada. Ficar na pátria amada, morrer pelo Brasil, eis o lema do nosso herói. Seu desempenho foi até então pouco do que deseja fazer. Por isso, na primeira oportunidade que teve, decidiu relatar ao Marechal Floriano Peixoto suas pretensões.
- V. Exª como é fácil erguer este país! Desde que se cortem os erros e obstáculos de uma legislação defeituosa...
O marechal respondia pouco e olhava ao redor, revelando sua apatia. À proporção que falava, mais Quaresma se entusiasmava. Mas Floriano apresentava sinais de um aborrecimento mortal e disse:
- Você, Quaresma, é um visionário.
..
Não só de visionários que se faz o Brasil, por isso, pouco depois, Quaresma foi preso. Sozinho, abandonado por seus ideais, pensava "O que fiz da minha vida? Não me casei, não vivi, nem tive filhos." Mas teve fé, esperança em um país fadado ao domínio de despretensiosos. Amou o Brasil mais do que qualquer coisa e é assim que foi recompensado.
"Aos pragmáticos, o poder. Aos sonhadores, as balas! Eis o meu triste fim"
E quando penso em você, um sorriso bobo aparece.. mesmo que depois do sorriso venha um rio de lágrimas, você ainda assim, me faz sorrir.
Na margem do rio,
a sombra dos choupos,
com a brisa suave,
sentei-me,era fresca a água,
olhei à volta,vi casas vazias,
ruas desertas,candeeiros escuros,
caminhos de pedra,fragas escorregadias.
Dos cemitérios escuros,
cheios de almas,
que gritam de dor,
mal lembrados,mal amados,
esquecidos no tempo,na saudade,
na vida,na morte,sem dignidade,
sem esperança,sem nada,
onde tudo é mentira ,tudo é verdade,
nada é certo a não ser a morte,
que espreita em cada rua,
em cada caminho ou casa.
Os vivos que gritam,
que choram de saudade,
lembranças perdidas,esquecidas,
das aldeia perdidas,caladas,sozinhas,
morcegos que voam na calada da noite,
igrejas sem gente,vazias sem alma.!
escadas de fragas,frias,escuras.
Apanho as giestas e a lenha,
para acender a lareira,
os troncos já ardem,
põe-se a panela de ferro na brasa,
ao lume coze-se as batatas,
o feijão verde, a cebola,
o tomate, o azeite e o sal,
frita-se o peixe do rio,
e o almoço está pronto ou quase,
falta a salada,com beldroegas,
tomate,alface sal ,azeite,
um almoço simples, como a vida na aldeia.!
"A árvore não prova a doçura dos próprios frutos,
o rio não bebe suas próprias ondas,
e as nuvens não despejam água sobre si mesmas:
a força dos bons deve ser usada para benefício de todos."
TEU RISO
Eu rio, tu ris.
Mais quando eu rio
Me perguntas: porque ris?
E eu : nada . . . respondo.
Mais sim, eu rio,
do teu riso que pulveriza os átomos,
das mãos que me buscam
e do tempo que se traduz conforme a tua presença
E este meu riso silencioso, oculta palavras que ainda não digo
Mais o que eu posso dizer é
mesmo que chova pra sempre,
que a noite dure pra sempre
e as nossas asas se quebrem,
eu sempre colherei mangas doces
na árvore do seu sorriso.
Certa vez, sentada a beira de um rio eu e outra menina, conversamos e riamos livremente quando ela tirou dos cabelos um prendedor de cabelos e disse: “Esse é o que mais gosto”, lançando-o ao rio. Eu olhei surpresa e perguntei o porquê daquilo. Ela sorriu serenamente e disse que mais adiante alguém acharia e ficaria feliz por encontrar algo tão belo.
Reflexão de Pais para Filhos
" a vida vai correr como um rio, abrindo o caminho;
a história se mobiliza como a chuva, respeitando os ciclos;
as vezes fortes, tempestades, fina, fria, chuva de verão;
o futuro avança as passos largos, subindo escadas;
ultrapassando limites e desafiando as adversidades;
o presente veleja mar adentro, procurando um céu azul;
o mar calmo, sereno e a paisagem perfeita;
e nesta travessia, poderão ter amigos por toda a vida;
paixões que marcarão momentos relevantes;
atitudes que os levarão do riso mais esperançoso a
tristeza mais profunda;
" Vão acordar em casas diferentes, camas diferentes;
Dormir sob o luar, caminhar de madrugada;
Comer o fruto do outono;
Colher a flor da primavera;
Sentir o calor do verão;
e ver a última folha verde resistir o inverno;
" e nestes tempos que se avançam sem percepção;
Vão ficar mais tempo olhando o horizonte;
Sentados sobre um pedra diante do oceano;
Em um árvore solitária que faz sombra para uma paisagem;
e ao ficar mais tempo olhando o espelho;
perceberão, que nem tudo foi como deveria ser;
mas, mesmo assim, terão alguém que nunca vai deixar ser
tudo para vocês...seus Pais"
CHALANA, MULHER E CANÇÃO.
Quero ser o rio vagaroso
Curvado, reto, nervoso.
Só para em mim navegar
Quero vê-la flutuando, em mim seu corpo banhando,
Tranquilo eu quero estar.
Por essas minhas águas mansas.
Te levar em segurança, apenas pra não se cansar.
Como mãos de rebojo d´água.
Embalo seu corpo por nada.
Só pra contigo ficar.
Menina chalana dourada.
Sou rio, sou sua estrada.
Segue seu rumo por mim.
Nos redemoinhos que faço.
No prazer, no abraço.
Fazer você revirar.
Envolvo seu corpo em meu líquido.
Da mais alta pureza, limpo.
Para nunca a tristeza chegar.
Depois de um dia frenético,
Dispor meu tempo acho ético.
A sua disposição.
Fazer-te carinhos em ondas.
No meio daquelas sombras.
Seu corpo transformo em mulher.
E da mulher que viraste,
Tem outra composição
Uma nota de anjo
Pra transformar em canção.
Dos fios de cabelos dourados,
Acordes ecoarão.
Por conta de um outro toque.
O toque do coração.
De um grito, gritado pra dentro
Sufoca a mata e o vento,
Como se fosse um meu.
Mas não usarei minha boca,
Nem mesmo qualquer instrumento.
Eu uso o que vem de dentro.
E uso os lábios seus.
Farei um arranjo de tudo.
Um canto calado, mudo.
Usando uma nota só.
Farei um arranjo de flores.
Com a melodia das cores.
Pro meu amor declarar.
Você já foi música outrora.
Estas de novo, aqui, agora.
Dentro de nova inscrição.
Chalana, mulher e canção.
Do fundo do coração.
Não é desejo ou paixão.
É um simples amor assim.
Venha, se jogue, acredite.
Sou rio de águas turvas.
De tantas retas e curvas.
Que só quer que navegues em mim.
29/08/2013 - 00:53
Edmilton Pedroso
A margem da sabedoria...
Atravessa o mundo um rio tormentoso...
Suas ondas são agitadas... sua correnteza... poderosa...
Da margem em que estamos, ansiamos atravessá-lo... mas temos medo e, o medo paralisa...
Respiramos de modo profundo e pacífico... e nos lançamos na água... Queremos chegar a outra margem...
Entulhos na correnteza nos machucam mas, seguimos atentamente nosso objetivo...
A luta é dura, porém, vencida... chegamos a outra margem...
Partimos de um ponto em que podíamos observar as dificuldades da vida, placidamente, e nos lançamos contra elas... Na batalha contra o rio da ignorância alcançamos a outra margem...
A margem da sabedoria...