Reza
Rosa beija e reza.
Rasa, benze, arrasa
e me salva.
Maldita, me dobra,
me cobra, me mata!
Que cobra!
Ela é rosa, é riso,
mas chata.
Me agita, no meio do dia ...
É santa e repetitiva
no meio do nada!
E vem Rosa, na entrelinha, fazendo pirraça.
Rosa, minha rainha, minha desgraça.
É uma constatação firme e intimista. Sou o que eu queria ser. Quem sabe minha reza fosse brava. Oração de criança deve ter peso.
Ás vezes não importa o quanto a gente torce, o quanto a gente reza, o quanto a gente luta, o quanto a gente se esforça, simplesmente não dá certo. Ás vezes a gente mergulha cegamente em um objetivo, fica tão obcecado com alguma vontade, que acabamos não percebendo outras oportunidades. A gente precisa aprender que a vida é muito curta para focar em uma só vontade, viver só um sonho. Há infinitas possibilidades, infinitas oportunidades e infinitos sonhos, e para vivê-los basta abrir seus olhos para a vida e se entregar. A vida é muito curta para não se entregar e não aproveitar.
Em nosso dia a dia somos rodeadas de cores. A natu- reza com seu pincel e sua tela vai colorindo as nossas vidas! No final da tarde, ela pega o seu pincel e nos deixa fascina- das com o por do sol, incrivelmente alaranjado no cair da tarde. (Marilina Baccarat de Almeida Leão no livro "Colorindo a Vida")
A oração é uma forma de sublimação intelectual e provê acesso a cura. A reza é uma tentativa improvisada de domar o primitivismo dos sentimentos, maximizando a dor e dependência. Você diferencia facilmente uma coisa da outra pelos resultados que cada uma produz.
E em alguns minutos, você perde seu chão, suas forças.. E pensa em desistir. Reza baixinho,'eu não aguento mais'. A única coisa que te faz continuar ali é Deus, eu acho, porque nessas horas fica difícil entender, crer, que há algo grandioso dentro de tanta dor, dentro de você, perto do medo que reside em você.
Eu sei que em um lugar Bem longe daqui, alguém reza por mim, pedindo aos céus, perdão por tudo que fiz
Eu sei que em um lugar bem longe daqui alguém reza por mim, pedindo aos céus perdão por tudo que já fiz
Rezar e orar são duas coisas completamente diferentes. Quem reza repete e quem ora transporta da alma para o coração!
Reza por mim, amor.
Reza por mim
e não serei um mero grão disperso,
e não serei um anel de Saturno
desgarrado, solto no espaço-tempo
da Eternidade.
Reza por mim, amor.
Imagina-me como um lago
de águas puras, serenas,
e assim hei de ser
para matar minha sede
de ti.
Me lembro com alegria e felicidade quando escutava uma reza assim:
"Simbele mona;
Simbele mona;
Simbele mona vunkue;
Simbele mona Vunkue mona;
E muzenza o, e muzenza o!
Ngangaio mam'etu ngangazumba
o ipe o ilo
o ipe o ilo
E muzenza o, e muzenza o!"
Isso me deixava em êxtase em saber que ali dentro do ndemburo tinha novos Mona Nkisi para Casa e isso é motivo de alegria em qualquer casa.
Dali, se espera que saiam bons Monas Nkisi, que sejam cheios de nguzu para aprender, crescer e ajudar a manter a tradição e costumes daquela casa, alguns ganharão o direito de abrir uma Casa também expandindo assim, os costumes e tradições de onde saíram, verdade seja dita, será uma extensão de onde aprenderam e cresceram...
É muito gostoso e gratificante quando vemos os mais velhos recepcionar os mais novos, ensinar, abraçar para si a boa educação daquele que acaba de nascer para o sagrado.
E como é lindo e prazeroso ver o mais novo receber como ensinamento aquilo que o mais velho lhe doa com amor e dedicação.
O nosso Candomblé não é feito de apostilas, dicionários, cds, fitas k7 ou vídeos, é feito de convivência, de trabalho e perseverança.
Façam de vossas famílias de santo lugar de afeto, respeito, amor, fraternidade e muito aprendizado!
Aceitem os conselhos de quem veio antes, de quem viu o que ainda não viram, aceitem de bom coração tudo que lhe é doado de boa fé.
Use e abuse do carinho, da paciência, do afeto e bom senso e lembre-se de que "tudo me é permitido, mas nem tudo me convém" (se não em engano é de Santo Agostinho essa frase).
Paremos com as guerras internas e externas, isso destrói o sagrado em nós, quando aceitamos as trevas da vingança, do vitimismo, da arrogância, da fofoca, da raiva e de tantos outros sentimentos negativos, deixamos a porta aberta para o mal e se o mal entrar o bem não resistirá às investidas desse mal, pois estaremos minados e sem força para nos erguer.
Ninguém é perfeito, ninguém é puro, portanto, podemos usar a tolerância e esquecer o pré julgamento e o pré conceito, para que nossos dias fiquem mais leves e menos ardidos e para que nossas relações humanas sejam mais proveitosas.
Valorize sua Casa de Candomblé, Valorize quem faz parte dela e seja fraterno com os outros!
Saudade para mim é isso...
Fim...
