Retrato de Velho

Num banco de praça
a sombra de um velho assombra
o vento que passa.

o velho com gosto
chupa a mosquinha
que poisa em seu rosto

Casal de patos.
Mas o tanque é velho e a doninha
os vigia.

Velho casarão.
Iluminam o interior
raios de luar.

velho caminho
sol estende seu tapete de luz
passos de passarinho

Morcego em surdina
morde e sopra o velho gato.
Não contava o pulo...

Fundo de quintal...
Silêncio. No velho muro,
uns cacos de sol...

Noite tenebrosa.
Pia a coruja agourenta
no velho telhado.

Se você fica esperando, tudo o que acontece é que você fica velho.

A honra é um velho santo que não se festeja mais.

Mas de vez em quando ergues-te ainda frenético, como esse velho de que se conta que fazia amor uma vez por ano....

velho castelo
menina à janela
sonho de infância

Mesmo o velho eucalipto
Parece feliz -
Névoa da manhã.

Se és feio... sê terrível, esquecerão a tua fealdade. Se és velho... sê enérgico, esquecerão a tua idade.

O velho salgueiro
Inclinado sobre o lago
Resmunga baixinho.

Velho, esta manhã
naquele pátio ruidoso
é a que foi tua.

uma folha salta
o velho lago
pisca o olho

Para você ganhar belíssimo Ano Novo...
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.

Não precisa chorar de arrependimento
pelas besteiras consumadas nem
parvamente acreditar que por decreto

da esperança a partir de Janeiro
as coisas mudem e seja claridade,
recompensa, justiça entre os homens e as nações,

liberdade com cheiro e
gosto de pão matinal, direitos respeitados,
começando pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um ano-novo que mereça
este nome, você, meu caro, tem de
merecê-lo, tem de fazê-lo novo,

Eu sei que não é fácil mas tente,
experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
dorme e espera desde sempre.

‎A harmonia do corpo e da alma... Nós, na nossa cegueira, separamos estas duas coisas para inventar um realismo vulgar e uma idealidade vazia!

Não devemos temer nossas paixões.