Retalhos
Concerto.
Cansei de juntar os retalhos desse “suposto” amor, remendar e sair por ai como se fossem sentimentos novos.
Outra vez tudo se rasgou, e dessa vez o tecido está surrado demais para que eu costure.
Só espero que daqui um tempo você não me veja novamente com a agulha na mão, tentando fazer outro concerto nessa peça de roupa que hoje vejo que não me serve mais.
Eu também espero não me ver novamente assim.
Odeio admitir que estou aqui.
Preciso de um tempo, para me refazer de novo, costurar-me sem defeitos, com linhas justas que caiam bem em mim. Sem ajuda, e sem conselhos de ninguém, dessa vez vou fazer diferente, dessa vez quero surpreender a mim mesma.
A minha maior decepção foi quando eu descobri que estava em seus retalhos...
Era alí que eu morava...( num canto qualquer, numa gaveta qualquer).
nas sobras do seu precioso tempo!!...
sacou?
..
Somos feitos de retalhos daquilo que a vida tece, dos tantos pedaços que o tempo processa ou descartam em trapos.
poemas retalhos
Hoje vi a vida.
Parecia feliz!
Tinha um belo sorriso no rosto
enquanto flutuava pela rua.
Hoje quando cheguei...
Estava a maior confusão.
Ufa!
Um sufoco.
Hoje não conseguia falar,
repeti duas vezes.
Não sobrou histórias
para contar.
Parei
para curtir
o último pedaço
de ser criança.
Sou um pouco de cada coisa, porém, nada demais... Faço de mim uma colcha de retalhos, vou levando um pedacinho de cada canto e de cada gente que cruza meu caminho. Misturo pedaços das terras que visito, carrego comigo as palavras preciosas das mulheres e dos homens sábios, sou fruto desta grande troca com cada ser humano. Vou guardando tudo na bagagem da vida. Tenho um pouco de todos que vivi em mim. Me vejo em cada um que aqui habita e me permeia.
Sou esta mistura mesmo, meio vira-lata e não importam as credenciais, me veem como a todos vejo, com simplicidade. Me visto de amor, escrevo com minha emoção e iluminação divina enquanto fizer por merecê-la. Sou apenas isto e vocês sempre me encontrarão em textos e canções...
É tarde, últimos retalhos de sombras já cobrem e se despedem da cidade que dá espaço a noite
Os minutos passam e é apenas mais um dia que se vai e se perde na lembrança
Te vejo ali em um espaço movimentando aonde crianças correm e sorrir
Casais enamorados aprecia a lua que já abre as cortinas desse cenário de enlace
Te vejo sentada apenas com um livro de um cotidiano não muito distante, mais seus olhos se enchem anseio para saber o fim da história
Linda em uma noite onde até mesmo as emoções se curvam aos seus pés
Seus cabelos negros dançam com o vento sobre seus ombros e meu coração bate mais forte
Ao aproximar-me, você levanta o olhar e casam com os meus e no interagir você faz soar as poucas palavras ...
Quanto tempo a mais iria deixar me esperando?
Com poucas ações e palavras respondi... Desculpe-me, espero com um beijo curar esta ausência
Em noites que agora seriam diferente..
Bom dia meu MS amado...
Nossa cultura é feita de retalhos, de sonhos e emoções, de lutas e verdades! eterno, aquele que nesta cultura deixa um pedaço de sua alma...
(Zildo De Oliveira Barros)
Retalhos da Memória
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(O CONTRASTE DO GARI MAIS POLITIZADO DA PARAÍBA)
Por: Anna Paula Oliveira. jornalista
No dia 11 de janeiro de 1972, num barraco da maior favela da cidade, a Cachoeira, nascia José Martins de Paiva, O Gari . Sentindo-se um pré destinado à miséria, com ar de tristeza e desolamento, contou-me sua história, definindo suas lembranças de criança como “infância do pesadelo”.
A fome, maior bandida de sua vida, o devorava e enfraquecia. Sua refeição diária era um prato preparado com um bocado de farinha, cebolas cortadas em pequenos pedaços e uma pitada de sal o banquete descia goela abaixo acompanhado por 3 ou 4 copos de água. Em dias que nada tinha para preencher os buracos do estômago espetado pela dor que roncava, o menino dormia anestesiando a fome que atormentava , e que apunhalando forte, por vezes o fez desmaiar.
As lágrimas presas no semblante escurecido ficaram nítidas, ao falar sobre o sonho de criança: ir à escola.Mas, seu desejo foi roubado pelos ratos que além de morde-lo durante à noite, roeram seu registro de nascimento , documento que na época custava caro e era imprescindível para matricula na escola. Angustiado , lembrou-se ainda do diálogo com a mãe:
_ Mãe, me bote na escola!
Que aos tapas lhe respondia:
_ Pra que que tu quer estudar miserável? Caderno de pobre é o roçado e a caneta a enxada. Vai trabalhar vagabundo!
Já que filho de pobre não ia à escola, sua rotina se alternava entre as esmolas que pedia nas ruas e as víceras de galinha procuradas entre as penas nas sarjetas das granjas.Entre as lembranças remoídas , falou com olhos distantes sobre a história da galinha preta, morta, abandonada em um córrego sujo.Obrigado a descer à margem, a mãe o apedrejou, por ele não ter forças de trazer o jantar do dia para cima. Um engenheiro que trabalhava em uma obra observou a cena e chocado,e aos prantos o ajudou a subir. Passando as mãos carinhosamente pelos cabelos do menino que chorava disse:
_ Minha senhora, não faça isso com seu filho...Tome esse dinheiro e joga isso fora, que isso não é comida de gente. Agradecidos, mãe e filho se despediram do homem generoso, e enfim, quando já não havia mais ninguém à vista, voltaram ao córrego, apanharam a galinha e comeram.
Crescendo dentro da favela, recebeu os beijos de rejeito e viu-se em um dilema: a revolta ou a conformação. Entre lutar para crescer ou roubar par viver, trilhou os dois caminhos _mas não sem medo. Afinal sua mãe o repreendia com palavras duras, ditas sempre com um facão em punho:
_ Olha desgraçado, no dia que você roubar, eu meto essa faca no teu bucho e corto seu pescoço, seu infeliz miserável.
As palavras secas e cruas ecoaram por muito tempo em sua cabeça perturbada pelo destino difícil. Quando adolescente, apesar das ameaças da mãe, passou a viver como menino de rua. Sem trabalho e oportunidade de estudar, acompanhado por uma tropa de meninos, quebrou vidros de carros, pegou morcego em ônibus e derrubou muitos tambores de lixo, onde o proibiam de catar os restos.
Aos 15 anos, mesmo sem registro de nascimento, começou a freqüentar clandestinamente a escola. Porém a hostil bagagem das ruas o tornou agressivo ao ponto de em uma briga na escola, furar com um lapiz um colega de classe. Mais uma vez o sonho de aprender, escapou de suas mãos.
Com o tempo, muitos amigos morreram tragados pela criminalidade das ruas ou assassinados pela polícia_ polícia essa que na favela da Cachoeira, entrava batendo nos “ciladrões”, porque ali todos eram culpados até que provassem o contrário.
Aos poucos com ajuda de amigos, aprendeu a ler e aos 18 anos, passou no concurso para gari, onde foi batizado com nome que o tornou conhecido, Gari da Cachoeira. Durante as coletas do lixo, os livros que para uns não tinham mais utilidade, eram levados para casa como peças valiosas. As obras eram lidas entre os intervalos do trabalho e as folgas no fim de semana. Ao longo dos anos tornou-se sindicalista atuante na categoria. Através de programas sociais de alfabetização de adultos concluiu o ensino fundamental e posteriormente o ensino médio por meio de supletivo.
Sua participação na luta por condições dignas de moradia aos moradores da favela da Cachoeira, foi determinante nas ações sociais que foram aplicadas na habitação e saneamento básico da comunidade.
Hoje a favela já não existe mais, A Cachoeira virou bairro da Glória, e embora as paredes sejam de concreto e não de taipa, o desemprego, a fome e o sofrimento causado pelas diversas faltas, permanecem ainda ali impregnados nas pessoas que continuam sem efetivas oportunidades de mudança.
O Gari da Cachoeira, casado, pai de 4 filhos, sindicalista, político atuante, candidato por duas vezes a cargos públicos, estudante de Direito, continua engajado em ações sociais que contribuam para mudanças no quadro infeliz de miséria sentido na pele, onde carrega ainda muitas cicatrizes.
Burrice do Saber
"Nada muda na vidaDe quem não quer mudar,Nascer burro e morrer cavaloÉ mera utopia,Pois a pior fantasiaÉ não querer aprender.”
José Martins de P, gari da cachoeira
...E foi assim...Refazendo-me... Colando os meus cacos, costurando os meus retalhos, colorindo os meus dias cinzas, florescendo meus desertos... Virei obra de arte. Artista de mim mesma!!
Minha vida é a colcha de retalhos que consegui fazer. Tecidos nobres que se transformaram em panos de chão, panos de chão que fiz tornassem seda pura. Nas necessidades diárias, nas necessidades de minha alma, a qualidade do pano nunca foi importante. Era importante que absorvessem da melhor possível o que fosse bom a meu crescimento e que tivesse a capacidade de não absorver o que era desnecessário. A colcha não se finda, não permite reparos nas emendas. No entanto, sabedora que tudo foi aprendizado, olho para minha colcha, minha vida com muita gratidão. Amo, sinto, perdoo e agradeço. Esta é a minha vida. Nina Lee Magalhães
Retalhos...
Há um pedaço de saudade,
um fragmento de qualquer coisa
que resolveu ficar ali.
Há sementes derramadas sobre o tapete
e sob ele, gritos abafados,
com retalhos de emoções
corroídos pelo mofo.
by/erotildes vittoria
MEUS RETALHOS
Meus retalhos
Guardo-os organizados
Dentro de minh'alma.
Ao invés de jogar os entulhos
Vou Juntando cada pedacinho
Como se fossem conselhos
Recebidos como ensinamentos
Para que no momento final
Sejam avaliados e quem sabe
Numa amostragem de releitura
Possivelmente, transformados
Em vestes alvejadas, limpas
Sem marcas, sem sujeiras
E sem quaisquer amarguras!
No silêncio choro calada...
Coração em pedaços, retalhos na alma.
No silêncio choro calada...
Em meu coração a saudade do que se foi e não volta mais.
No silêncio choro a dor de um amor....
No silêncio da minha alma um amor ali guardado,
abraços imaginados, beijos sonhados.
No silêncio choro a dor de uma despedida..
Ferida na alma ,choro calada.
Tem muita delicadeza no hoje; Têm muitos retalhos de alegrias soltas, temos que tecer e viver um dia de cada vez!
" Uma poesia é como uma colcha imaginária costurada com retalhos de emoção e paixão. Por isso continuem costurando, continuem se emocionando, continuem se apaixonando, pois eu devo minha à vocês. À cada torpedo enviado em um botequim, à cada bilhete colado na geladeira, à cada carta de amor escrita com as mãos trêmulas, um de nós nasce, e com certeza, mesmo que à passos calmos e despretensiosos, ainda dominaremos o mundo!" A poesia, por ela mesma
RETALHOS
Em pedaços se encontra
Feito colcha de retalhos
Uma parte faz que brinca
E nas outras ganha espaço
Canta, chora, sorri
Rima, pensa e trabalha
Nos retalhos se encontra
Em multitarefas ganha a vida
Toca, lida, pinta,cede
Cedo, de tarde e a noite
Medos loucos, risos frouxos
Pouco a pouco vão surgindo
Com ares delicados
Se fantasia, sonha e se alegra
De tristezas e vitórias
De derrotas, de avisos
Conta, chora, cisma
Chora, conta, canta e encanta
Chega a noite
Não se acalma
Continua a batalha
Cada parte do dia
Se resume em um sonho
Que não quer parar
Leva, parte e clama
Clama, vai e adormece
E assim...
Como colcha de retalhos
Mulher, mãe, esposa
Guerreira, profissional, vitoriosa
Cada retalho, uma história
Cada história, um sonho
Cada sonho, sua vida
Sua vida, presente de Deus.