Retalhos
Que você tenha um varal cheio de retalhos de esperança, estendido na porta da frente do coração, onde o vento não balance, o sol não castigue e ninguém arranque.
Nossa vida é uma colcha de retalhos, feita de múltiplas escolhas e algumas decepções. Somos fragmentos das pessoas que conhecemos e não mudamos por coisa alguma, exceto por quem amamos.
COLCHA DE RETALHOS
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Nascerei outra vez, e dessa feita,
quando passo do meio da jornada,
minha idade serena já se vê
sobre o nada; num lento voo livre...
Tenho medo, mas tudo mostra o fim
que me assalta, me pega pelo meio,
porque veio disposto a me acordar;
quer meu sim; não aceita meu talvez...
Redesenho a jornada, volto ao chão,
me replanto e não sei como será;
quem serei; que será do que já sou...
Foram tantas as mortes, tantas vidas,
tantas idas, atalhos recomeços,
que o que sou é uma colcha de retalhos...
COLCHA DE RETALHOS
Demétrio Sena, Magé – RJ.
OVERDOSE – Às vezes quase enlouqueço, vítima de poesias congestionadas que buzinam em meu silêncio, todas pedindo passagem ao mesmo tempo. Coração e cabeça dão um nó, desesperados com o engarrafamento insolúvel no trânsito impiedoso da inspiração sem limite. Se nada me socorrer, um dia posso morrer de poesia.
AVISO – Se Não sabe brincar
de sedução,
nem entres no parque do meu coração.
SEM PANOS – Já me cansei de lhe ouvir dizer que o cão é mais gente do que gente. Que gente não lhe completa e não é uma sã companhia. Por mais que meu coração balance por cães, depois desse desencanto eu lhe tirei de todos os meus planos. Não estou mais a mercê de seus caprichos, e posso assegurar: Tirados todos os mantos, o meu caminho é inverso. Confio mais nos humanos do que em você.
DÍVIDA MANTIDA – Não revidarei à sua ofensa e peço que não me peça desculpas. Nada lhe cobro, não exatamente por bondade, mas por malícia, mesmo. Quero manter o status de credor.
TEMPO – Ando meio sem tempo
para trabalhar;
tenho muita coisa pra lazer.
AMPUTAÇÃO – Tenho sempre muito cuidado com o que não faço. Isso acontece, porque sei que uma vontade reprimida pode até me livrar de ferir meus pés... mas não vai evitar que ampute os meus passos.
SÓ (LIDÃO) – Menina triste
de olhar pidão.
só lhe dão
solidão...
SER HUMANO – Cuidado com as pessoas com quem você anda. Muito cuidado: Procure saber do que precisam; dê ouvidos e ombros; estenda sempre a mão... Nossos pais estariam certos, se o sentido de suas advertências fosse este: Temos que ter cuidado com quem andamos. O próximo precisa de amor... o ser humano precisa de cuidados.
.... Respeite autorias; ao publicar o que não é seu, cite o autor.
RELÍQUIAS
Num velho sentimento de um passado
que no matiz do tempo já tem outra cor
retalhos do versar, assim, relembrado
poetizam em prosa, a saudade, o amor
São sussurros, juras, hino apaixonado
que se transformaram em vazio e dor
restos de olhares do estar enamorado
e a recordação daquela concedida flor
Ah! breve a ação do fado que aparta
deixando no espirito lembrança farta
de sensação aflitiva que doridas são
Relíquias... de valedouiro tão presente
guardadas em uma poética tão latente
dos versos reminiscentes no coração!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
27 março/2022, 12’47” – Araguari, MG
RELÍQUIAS
Nestas velhas páginas amareladas
Duma poesia de outrora, de amor
Retalhos das prosas tão choradas
Sussurro em verso, versos de dor
Relíquias... eram ilusões doiradas
Que cá versam nostalgia e clamor
Os restos de poéticas enamoradas
Num soneto sofrente, sem pudor
Ai! verso a verso, vai, e tudo parte
A ideia se apaga, e vem outra arte
Nas lembranças, que doridas são!
E, passo a passo, que se esquece!
Tudo envelhece! e assim, fenece...
Deixando o seu cunho no coração!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03 agosto, 2022, 05’40’ – Araguari, MG
COLCHA DE RETALHOS
Retalhos, numa colcha alinhavados
De acasos, e os momentos de aparos
Bordando o tempo, e seus preparos
De distintos sentimentos passados
Aqueles bons, e aqueles de agrados
Que se encaixam total, sem reparos
Que se faz com que, sejam tão raros
Também, os que nos traz os enfados
Detalhes duma sorte, irregular e doída
De uma sensação, o todo ou metade
Engano ou certo, na quimera garrida
Ah a vida! Vivida! Partes de felicidade
Entrelaçados numa chegada e partida
Todos eles ornamentando a saudade!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10 setembro, 2022, 15’17” – Araguari, MG
a vida é como uma colcha de retalhos pedaços de nós que costuramos
ponto a ponto
longo da vida
e depois que terminamos
está pronta
a colcha de retalhos com pedaços de nossas vidas
porém envelhecida pelo tempo desbotada
como quem a costurava envelheci costurando meus pedaços
e nem percebi que otempo passava
✍️A vida é cheia de retalhos do ontem, do hoje e do amanhã, costure-os. A pessoa é a própria costureira. Sua ARTE vai definir a ENERGIA DE AMOR que está no seu coração.
🕉️♾️♾️☸️🌎✔️❤️
Uma colcha de retalhos te aninha. Te cobre mantendo o calor da pele. Ela é feita de pedaços. Retalhos soltos que sozinhos não tem serventia... Junte os pedaços e ela se completa. Retalhos da vida são uma colcha esperando que você junte os pedaços e faça deles o equilíbrio que necessita.
Caminhe na tua trilha
Alimente a tua matilha
Costure os teus retalhos
Adube os teus carvalhos
Enxugue o rosto do suor
Das tantas pelejas de amor
E segue o teu caminho...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
As lembranças da vida são formadas por retalhos de tempo, ora felizes, ora dolorosos. No entanto, as mãos do esquecimento têm o poder de limpar o coração dos retalhos mais amargos. Para mim, a morte não é o fim, mas o início de uma nova jornada. Lamento profundamente o ocorrido e oro para que Deus lhe conceda um novo recomeço, cobrindo-o de luz. Que ele tenha partido em paz.
"
Depois do amor meu sono extravia-se. Encontro-o atrapalhado entre as costuras da colcha de retalhos, resistente em voltar. "
CONSTRUÇÃO
Quero ser assim
Tal qual passarinho que constrói seu ninho
Um graveto por vez
Cada qual com seu tamanho
Uns fortes
Outros delicados
Pedacinhos de galhos que pareciam perdidos
Juntos viram ninho
Quero ser assim
Tal qual colcha de retalhos
Com tantos pedaços
Remendos
Que cresce aos pouquinhos
E sua beleza é trazer em si
Pedaços que não eram seus.
Não há luz.
Há ausência. Sombreando meus desejos, tentando ensinar meu coração a aceitar que não há mais você.
Há uma pausa, um hiato; uma possível falta, a suposta ausência, talvez uma certa ofensa condensada no silêncio que tanto se faz perceber.
Atos falhos, omitidos, sem sentido.
Obrigo-me a pensar. Ponderar o sujeito oculto em orações.
As preces sussurradas para que eu volte a sentir você.
E de tanto pedir... você se foi.
Uma ausência hostil e ostensiva, que cria rumores e mal humores dentro de mim.
Revolto-me, inquieto fico.
Amanhece. Já não se pode ver as estrelas de teus olhos.
Busco em meio aos escombros e pedaços interiores alguma explicação.
Vasculho os retalhos do meu coração e não encontro nenhuma resposta.
Não há luz. Há somente a poeira imóvel de algo adormecido e estagnado.
Busco atento palavra tua, um verbo velado, um brilho longínquo, mesmo que opaco. Em vão, pois não há você.
Converso com o silêncio e faço dele meu amigo.
Travo discursos ferrenhos com a quietude.
Então, sozinho, tento embalar-me entre meus próprios braços.
E, enfim, descubro que não há resposta quando o silencio insiste em responder.
Lá na pastaria onde lido
vez ou outra olho
para esse céu piscina,
cheio de algodão-doce.
Decerto que você também abaixa os seus olhos.
E daí dessa nau remansosa enxerga uma
colcha de retalhos
verdes claros,
verdes escuros.
Inevitável algum imaginário
adejo.
Bem perto do sonho é
tudo tão açúcar.
A terra é lollipop.
Reconstruindo de novo um novo que ainda não conheço.
Afinando em silêncios os meus outros de mim...
Recolhendo retalhos, estilhaços, cacos e sobras...