Restos
Toda massa possui informações de onda
Nas cinzas de uma biblioteca
Ou em restos mortais,
Toda informação contida ali emana
Através de realidades ou portais
Que aos olhos do homem comum
Que não tem conhecimento nenhum
Está sempre buscando com os olhos
como enxergar a paz.
Nos guardados descobri restos do nosso amor: palavras inventadas em papel amarelado e um par de alianças sem compromisso.
Catar os cacos do caos, como quem cata no deserto
o cacto - como se fosse flor.
Catar os restos e ossos da utopia, como de porta em porta
o lixeiro apanha detritos da festa fria e pobre no crepúsculo se aquece na fogueira erguida com os destroços do dia.
Catar a verdade contida em cada concha de mão,
como o mendigo cata as pulgas, no pêlo - do dia cão.
Recortar o sentido, como o alfaiate-artista,
costurá-lo pelo avesso com a inconsútil emenda
à vista.
Como o arqueólogo
reunir os fragmentos,
como se ao vento
se pudessem pedir as flores
despetaladas no tempo.
Catar os cacos de Dionisio e Baco, no mosaico antigo
e no copo seco erguido beber o vinho, ou sangue vertido.
Catar os cacos de Orfeu partido, pela paixão das bacantes
e com Prometeu refazer o fígado - como era antes.
Catar palavras cortantes no rio do escuro instante
e descobrir nessas pedras o brilho do diamante.
É um quebra-cabeça? Então de cabeça quebrada vamos
sobre a parede do nada deixar gravada a emoção
Cacos de mim, Cacos do não, Cacos do sim, Cacos do antes
Cacos do fim
Não é dentro nem fora, embora seja dentro e fora
no nunca e a toda hora, que violento o sentido nos deflora.
Catar os cacos do presente e outrora e enfrentar a noite
com o vitral da aurora
Eu não quero restos, não aceito sobras e nem me acostumo com migalhas. Eu quero é tudo, eu quero muito, eu quero o mesmo infinito que eu posso te dar.
Noite dos cachorros perdidos
Enquanto o latido
Toma conta das ruas,
Restos são jogados
Como banquete.
Na tentativa
De amordaçar,
Bocas famintas.
Como uma sinfonia absurda
A raiva espumando pela boca,
Já contamina as diferentes formas de vida.
Dessem-lhe pauladas!
Duchas generosas de agua!
Por um breve momento recuam
Mas fome é tanta,
Que seu amo assustado recua.
Corre e com medo se esconde,
Atrás de falsas propagandas
De alegrias gratuitas.
Hoje em dia só é feliz no matrimônio, aquele que ainda consegue ter restos de sentimentos verdadeiros;
Coloca uma coisa na sua cabeça, você precisa de tudo pra viver, menos de restos.
Amor, carinho e atenção a gente não implora.
Restos de mim
Completamente perdido, sem destino
Estranho clima de recomeço no ar
Casais desfilam na calçada limpa
Alheios ao meu vazio tão singular
As férias passaram voando alto
Tanto tempo, mas ninguém ligou
Maior foi o tamanho do tombo
Ao descobrir que nada mudou
Cresce a incerteza do amanhã
O mar não está para peixe
A sereia encanta o marinheiro
Por favor, fascínio, me deixe...
Saboreio o gosto do espinho
Cravado em meu submundo
Como pode algo ser, por si só
Problema e solução de tudo?
Me acorde quando o sol explodir
O normal, um dia, terá fim
Me ouça quando o trovão cair
E só restarem restos de mim.
Os urubus voam, pairam sobre os restos das suas presas, se deleitam nas suas carniças; algumas pessoas pensam, cobiçam, praticam, e se deleitam nas suas maiores aberrações, iniquidades!
Espero
Espero, um dia certeza quero, hoje só sobrou os restos nada de importante nada de interesante.Amor igual a dor,nada mudou continuo assim:gostande de quem não gosta de min, chega de procurar deche ele me encontrar, chega de lutar deche ele me conquistar,tudo isso igual a amar, um dia encontrarei alguem que me queira tambem, não sei, quem sabe? talvez possa amar outra vez mais só espero; por enquanto só tenho restos
Minha língua como lâminas cortam cordões umbilicais / Se alimenta de bebês deformados e restos mortais
Restos de Espanca
Essa lua que ilumina nossos sonhos,
E também os pesadelos mais medonhos
Que assombram nossos corações doentes;
É a mesma sob a qual, juramos santos,
Que o amor que nos protege com seu manto
É o maior e o mais sincero entre as gentes.
Essa lua que, outrora, padecera
De saudades, junto a mim e ao que eu era,
Poisa agora, solitária e demente
Neste céu, escuro e frio de tristeza
Em saber que fui sozinha na certeza
De que havia, em nosso amor, algo premente.
Essa lua que foi minha companheira,
É agora testemunha derradeira
De que amar foi para mim mais que um castigo;
Pois a ti dei mais que o corpo e o coração,
Dei-te a alma carregada de emoção,
Dei-te tudo o que de bom tinha comigo.
Quarto. Um quarto. 1/4.
Cama de gata. C(ama).
Restos de mim em vestígios.
Eu já não sou tão inteira assim.
Feito peixe me descamo.
Feito flor me despetalo.
E feito pacto
Vou me prometendo
Vou me con(sagrando).
Em lençois de cama usados
Em bitucas de cigarro.
Entre buzinas de carros
Entre a poluição sonora
Entre as luzes de uma cidade morna
E eu fico aqui, assim, no escuro.
De um quarto. Um quarto. 1/4.
Não viva de restos e de metades.
Seja inteira(o) sempre... mesmo quando necessitar aceitar ser uma metade.
*Obs:
As pessoas se perdem por aceitarem a condição imposta e estabecida da suposta alegria ser o encontro da outra metade...ledo engano. Devemos querer indivíduos inteiros e, também, sermos inteiros.
Quero zerar restos e resíduos de um grande amor que se tornou pequeno. Pequeno por falhar, mentir e ser desleal.De hoje em diante quero apenas coisas novas, diferentes e originais. Você não muda e continua sendo a mesma pessoa; antiquada, igual e falsa. Depois de muito pensar, analisar e corrigir... decidi que você é uma peça descartável na minha vida e que não vale a pena reciclar.