Repetição
A paixão transforma a repetição em algo inédito.
O amor transforma tudo o que acham comum em algo perfeito.
A paixão passa quando se apaga o fogo.
O amor sobrevive mesmo depois de tantas tempestades.
A paixão amedronta.
O amor encoraja.
A paixão excita.
O amor conquista.
A paixão sorri com os lábios.
O amor sorri com os olhos.
Não pode existir prorrogação para as decepções.
A repetição dos fatos ocorrem sob a nossa permissão.
Talvez a hora anuncia o ponto essencial para o reinício de nova vida.
O real como experiência precária e fragmento envolve perspectiva, deformação e repetição. Não se o alcança à baciada nem por atacado. Talvez ele precise mesmo de uma propedêutica reduzida, ao modo de uma solidão preliminar. Além de tudo, há outro problema que é o de dizer. O real não se diz, ele simplesmente acontece, eventualmente se escreve.
ALMAS EXPOSTAS
Chega um dia em que,
cansados de tanta repetição,
observamos os nossos olhos e acabamos
enxergando a alma,
e você sabe, a alma não mente,
não se esconde atrás da maquiagem,
nem do sorriso quase
que decorado…
A alma é uma fotografia exposta
de nossos medos,
retrato real dos desejos escondidos,
das perdas,
daquele velho sonho aprisionado,
e as vezes clama por atenção,
pede verdades que você insiste em
não querer ver,
pede atitudes que você não quer tomar,
pede decisões que lhe são
muito caras,
e por comodismo ou medo,
vai deixando de lado,
e a sua vida também vai
ficando de lado,
meia-vida, meios-sonhos,
meia-esperança,
vida passando,
simplesmente passando…
Eu desejo:
que neste dia a sua alma se revele,
que você escute o seu “eu”
mais profundo,
que tire os sapatos dos compromissos
formais,
e se mostre de verdade,
revelando essa pessoa especial,
que como todo mundo,
tem defeitos e qualidades,
que precisa amar e receber amor
para que a alma seja preenchida,
e seu rosto reflita,
um brilho sem igual,
de quem encontrou a chave perdida,
que abre as portas da vida,
vida que se renova,
vida que nos aproxima,
nos torna iguais,
capazes de seguir adiante,
como quem diz,
eu mereço o melhor,
eu quero um novo despertar,
recomeçar,
sem medo de ser feliz.
Eu acredito em você.
O dia nasceu e, aparentemente, revelando a repetição do seu ciclo... Mas nada é igual.
Somos novos indivíduos nesta grande ciranda da vida.
Com você, nunca houve uma frase feita, uma repetição, uma rotina. Exceto as que faziam parte de nossos clichês, esses sempre cuidadosamente repetidos, até a exaustão, que era a nossa forma de não ser repetitivo, não ser rotineiro, não cair no sofá com o controle remoto nas mãos.
De tanto voltar ao seu ponto de partida, percebi que o poço profundo criado pela repetição transformou-se em mina de lamentações!
A repetição de um fato, nem sempre vem acompanhada de total exatidão, quando comparada com o acontecimento anterior.
São ilusórias as falas que não produzem significados.
A repetição delas pode até impactar os tímpanos, mas se a alma não estiver disposta a assentá-las... tudo terá sido em vão.
A única prova de que aprendemos com os nossos erros é a não repetição dos que já cometemos. Os erros estão em nós como sinais de nascença. Isso repete o lugar-comum de que errar é humano, erraremos sempre, mas acertar também é. Estúpido e desumano é repetirmos erros como prova irrefutável de que não aprendemos nada.
A prática nos coloca cada vez mais seguros e confiantes em voltar a repetição já conhecida, enquanto a teoria nos leva a testar a dúvida.
Começo já me perdoando pela repetição de palavras, mas é que entre essa história, rodou o tudo em uma coisa só. O amor, o olhar.
Foi um romance aparentemente eterno. Um amor jamais imaginado, na cabeça dela. Na dele confesso que não sei, mas o seu olhar dizia por qualquer palavra.
Eduarda era daquelas meninas desapaixonadas, que não gostava do amor, fazia de tudo um pouco para dizer que não amava a ninguém.
Gustavo era daqueles de rosas, poemas e romantismo. Só faltava realmente a coragem.
Eduarda sonhou com ele, Gustavo já pensava nela. No outro dia, quando ela o notou, lembrou do sonho… Que eles diziam que iam ficar juntos. Na mesma hora ela se apaixonou por aquele novo amor. Mas dessa vez – como sempre – maior do que todos.
Eram pensamentos da parte de Eduarda, musicas, coisas que ela escrevia sem parar…
Não sei de fato se foi uma forma dela encontrar uma razão para a vida criar uma felicidade, ou foi realmente algo inexplicável.
Só sei que ela não parava de pensar nele um minuto sequer, e ele sempre vinha em seus sonhos dizer tudo o que ela sonhava.
Todos os dias, o momento mais feliz era aquele em que eles se viam, e em que seus olhinhos brilhavam e o sorriso no cantinho da boca aparecia.
O encontro aconteceu, mas nada aconteceu. Mas ficaram esperanças altas no ar, iria acontecer algo.
E nesse lenga-lenga, passou-se um ano. Quando chegou o tal 2010, Eduarda estava cheia de esperanças, cheia de amor. Mas ai é que tá, o ano chegou levando tudo… Até os sentimentos. E a partir do momento que eles se conheceram, o amor saiu por ai… Vagando pelas ruas do Recife. O problema de Eduarda era que a partir do momento que ela conhecia a pessoa, ela via que não existia aquela perfeição toda. E mesmo dizendo amar o imperfeito, no fundo… Aquela doçura do romantismo que sim existia nela falava mais alto. Já Gustavo, se mostrou uma pessoa fria por fora, mas Eduarda sabia muito bem que ele não era nada disso. Ela via em seus olhos. E Gustavo também sabia muito de Eduarda, sabia que ela não era nada disso aparentemente mostrado.
Acabou. Não existe nada mais triste do que um amor assim acabar. E acabar do nada, da mesma forma que começou. Os olhares não mais se encontram não se tem a melodia das notas iguais. Nada, o tudo virou nada.
Agora Eduarda voltou a ser aquela desapaixona de sempre, nunca mais gostara de alguém. Ela dizia que tinha descoberto o amor verdadeiro, e agora seria difícil de interessar por alguém, nada se comparava… Mesmo sem mais sentir.
Já Gustavo continuava com sua capa por fora. E foi embora, longe dela… Para nunca mais voltar.