Repetição
Hora chora, hora ri, quando não ri, chora, quando não chora, ri.
De riso em riso, de choro em choro, vou cantando esse coro que mais parece uma canção repleta de repetição. Se você reparar, irá perceber que já dá até pra cantarolar esses versos cheios de palavras que não formam muito nexo. Mas me atrevo a falar, que me acompanhar você já pode, uma vez que todos já sabem que se não ri, chora, e que se não chora, ri. A verdade é que a dificuldade consiste em sorrir, pois na maioria das vezes a tristeza está demarcada no caminho da facilidade, chorar portanto se torna mais simples, porque para poder sorrir é preciso vencer os obstáculos impostos pela vida, e todos sabem, a vida não gosta de facilitar, com ela ou é 5 ou 50, ou você enfrenta ou você não aguenta!
Eu te amei foi muito, muito, muito
Mas você amou pouco, pouco, pouco
Depois de me perder
Cê vai tentar com outro
E vai errar de novo
As pessoas se repetem. Sei que isto parece determinista, mas ao menos em uma mesma situação as pessoas geralmente se repetem. Por exemplo, em um relacionamento, se a pessoa costuma fazer uma mesma coisa várias vezes, comete erros similares mais de uma vez, dificilmente vá agir diferente dali em diante, mesmo que sofra as consequências de suas atitudes, as pessoas se repetem, infelizmente. Uma forma que eu enxergo de uma pessoa não correr o risco de se repetir sempre é quando tem que lidar com outra situação, entra em outra circunstância, como no exemplo que dei, se por acaso a outra pessoa fizesse uma ruptura definitiva.
Algumas pessoas mantêm comportamentos ruins, viciosos e repetitivos, porque em algum momento uma terceira pessoa corresponde a esses comportamentos, e faz com que eles deem certo.
Não me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas .
Filipenses 3:1
Nunca entraremos em novos niveis se nao consolidar o que já sabemos, para isso que serve a repetição.
Quanto mais atenção prestarmos a um comportamento, mais ele se repetirá. Ressaltar o positivo e mudar o negativo são os melhores recursos para aumentar a produtividade.
A verdadeira distância entre duas gerações é dada pelos elementos que têm em comum e que obrigam à repetição cíclica das mesmas experiências, como nos comportamentos das espécies animais transmitidos pela herança biológica; ao passo que os elementos da verdadeira diversidade existente entre nós e eles são, pelo contrário, o resultado das modificações irreversíveis que cada época traz consigo, ou seja, dependem da herança histórica que nós lhes transmitimos, a verdadeira herança de que somos responsáveis, mesmo que por vezes o sejamos de forma inconsciente. Por isso não temos nada a ensinar: sobre aquilo que mais se parece com a nossa experiência não podemos influir; naquilo que traz o nosso cunho, não sabemos nos reconhecer.
Fazendo alguma coisa acontecer mais de uma vez, temos um objeto de reflexão; as variações nesse ato propiciador permitem explorar a uniformidade e a diferença; a prática deixa de ser mera repetição digital para se transformar numa narrativa; movimentos adquiridos com dificuldade ficam cada vez mais impregnados no corpo; o instrumentista avança em direção a maior habilidade.
A prática leva a perfeição somente se associada a técnica. Do contrário, tem-se algo tosco praticado muitas vezes.
O esquecimento é uma questão central para a civilização. Por causa dele, a gente repete os mesmos erros.
Ocorreu-me que seres humanos não vivem além dos cem anos porque simplesmente não aguentavam. Psicologicamente eu quero dizer. Você se acaba. Não há você suficiente para seguir em frente. Você fica muito entediado com a própria mente. Com o modo como a vida se repete.
Gostaria de ter uma memória melhor, principalmente para lembrar os erros cometidos. Quem sabe assim evitaria repeti-los.
Fotografar é voltar várias vezes para o mesmo lugar, de novo e de novo, até que a história apareça. Ela já está lá, o tempo todo. Mas é só na repetição que conseguimos prestar atenção no que ela realmente quer dizer.
DE NOVO (soneto)
Minha prosa, de prosar-te, anda ferida
Meu sentimento anda sem te perceber
Não mais é aquela razão do meu viver
Pois, a fração terna, agora, sem medida
Não mais vejo aquela atenção na vida
Grata. O meu amor ficou sem entender
Vazio está a poesia, do crer, do teu ser
E, ao meu coração uma estória repetida
Tudo na poética é corrente, tudo anda
Em versos quando nossa alma é branda
Toda a graça, todo o querer, bem assim!
E, olhos tristonhos em ti, triste sensação
Ah! se soubesse de cada prazer e emoção
Do amar, sentiria que amor não tem fim!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
02 setembro, 2021, 06’15” - Araguari, MG
O QUE ARDE CURA
Arromba a porta a insistência
De regras a te sucumbir
Vai te envolvendo em obediência
Te impedindo evoluir
Perdeu a chave a pertinência
Palavras a se repetir
Muitos retratos de ausências
Ciclo vicioso a te implodir
Detalhes e não evidências
Antes o porão da clausura
Solidão e reminiscências
Acha na dor dose de cura!
Qual o sentido de tudo isso?
Será que um dia encontraremos explicação para as aleatoriedades da vida e sua disposição a ser a copia da copia da copia...
Eu sei... É contraditório! Mas veja...
Nunca sabemos o que vai acontecer, mas a tendência é que sua vida seja igual a de seus pais. Que você cometa os mesmos erros que eles cometeram e tentaram te afastar desde sempre para que não sofresse como eles sofreram.