Regresso
Estou de regresso.
Com a alma lavada e o coração com mais espaço.
Podemos (re)começar por qualquer lado que, tanto faz.
Havemos de lá chegar.
Não me perguntes onde... mas havemos.
Por ora é cedo para perguntar.
Sente(-ME) só!...
Meu doce e terno amor.
No despertar da madrugada regresso ao silêncio da minha saudade. De leve sinto a tua alma me abraçar e novamente adormeço sentindo tua presença em mim.
Me percorro em ti em cada despedida
Com a angústia latente por cada despedida
O regresso será breve mas me despedaça a despedida
Procuro a mim mesmo em ti na tentativa desesperada de encontrar-me dono de mim mesmo.
A inquietação e a sensação de despedida fazia com que cada vez mais eu não ansiasse um reencontro.
Quando regresso no tempo questiono
O que não consigo compreender
Como foi que num mundo risonho
Entreguei meu amor pra você.
Lembro as horas perdidas ao vento
E as mágoas que você deixou
A saudade meu eterno tormento
Solidão que esse amor me legou.
No silêncio das noites tão frias
Ouço as batidas do meu coração
Minha alma tão triste e vazia
Quer do amor entender a razão.
Tanta gente se entrega ao lamento
Por um pouco de ternura e paz
E você foi embora no tempo
Só porque eu te amo demais.
O amor é um sentimento abstrato
Que não tem nenhuma explicação
Por Deus é divino e abençoado
Porém desprezado despedaça o coração.
E continua a existir manhãs, após as noites sem sonhos, fiquei à espera, à porta órfã de regresso, e o esquecimento que não chega, não comparecestes em meus desencontros, deixando plantada uma saudade para a eternidade, minutos, horas, dias, e o esquecimento que não chega.
E quando o esquecimento nos faz pensar que à portas fechadas, mas que se abrem por dentro, aprendemos que existem corações que estão sempre aprendendo, e o esquecimento demora a chegar, disseram-me que voasse, que partisse para longe, ordenaram-me que fosse livre, e o pássaro, após levantar suas asas, continuou empoleirado no ramo, porque o esquecimento não chegou.
Odeias aquilo que eu sou, a dócil leveza da queda, volto ao vazio do teu corpo regresso à beleza da guerra!
HÁ SEMPRE
Há caminhos sem regresso
Há sonhos que se extinguem
Há mãos que se abrem feito asas
Há uma fome de mim na tua vida
Há perigo quando andas invisível
Há flores que me carregam ao colo
Há roupa tua interior que é minha pele
Há lábios que exploram o meu corpo
Há pétalas que choram por ti no jardim
Há que atravessar o mar de dentro
Há no teus braços um colo meu
Há um fresco paladar da tua boca
Há um aroma quente que sinto de ti
Há um desejo do meu corpo pelo teu
Há um caminho que me leve sempre a ti.
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SONETO DO REGRESSO
Exultante o espírito se revelou
Quando por fim encontrou
Aquele que agora ilumina
Um amor que nunca termina.
Aquele que seu destino cruzou,
Sorrindo, então, lhe falou:
“Vem agora, aqui estou!”
E o espírito a casa regressou.
Sabia que virias me buscar,
Sempre estive a te esperar.
Agora volto a caminhar!
Eterno amor e amigo,
Toma-me a mão, fica comigo,
Certo é, sigo contigo!
Na minha viagem de regresso, fosse pelo Sol radioso que tocava tudo ao meu redor, fosse pela música que enchia o meu coração, senti algumas lágrimas rolarem pela minha face e, olhando os carros que circulavam na outra faixa contrária, pensei se, por baixo dos óculos escuros de cada condutor, também haveria mais alguém de olhos molhados, com saudades de alguma coisa ou de alguém.
Perco-me no tempo e regresso ao ontem vestida de saudade... Saudade do que éramos quando nos habitávamos!
'SEMITONS'
Os dias vazios aproximam pequenos tons que se perdem no espaço. O regresso das melodias atenuam-se em semitons que viajam às novas terras desconhecidas. O ardor da ausência, abastarda, dança pequenos passos, imprecisos, já sem tantas sinfonias...
Entonações descrevem a fosca expressão imbuída no rosto. O convite aos vários 'concertos' deleita-se aos diários aplausos viscerais. Encontramo-nos e perdemo-nos a tantas novas orquestras, tormentos. E a chegada de novas composições que nos apaixonam de imediato, servem de fôlego nos dias inférteis...
As belas canções que aprendemos em busca dos enigmas que criamos, miniminizam as tantas perguntas que afligem os pequenos vácuos. E das tantas trovas óbvias lançadas, que sejamos gigantes nas pequenas palavras e estritamente enorme nos grandes abraços...
Regresso
Contemplamos constantemente o supérfluo,
Ouvimos a melodia industrial,
Achamos isso o mais correto,
Perdendo o essencial,
Fugimos para a natureza,
Em busca da sintonia mais perfeita,
Assim encontramos tal.
Á NÓS...
Entre atalhos e os reversos
Com essa taça de vinho tinto…
Nesse embarque sem regresso…
… vou sussurrando ao teu ouvido…
fragmentos de meus versos…
ESCONDERIJO FETAL...
Regresso ao útero materno e sempre…
mergulho no liquido amniótico…
todos meus sentimentos e emoções…
deixo-os ali pendurado no cordão umbilical…
Esqueço e fico dormindo na posição fetal…
No regresso encontrei aqueles
Que haviam estendido o sedento corpo
Sobre infindáveis areias
Tinham os gestos lentos das feras amansadas
E o mar iluminava-lhes as máscaras
Esculpidas pelo dedo errante da noite
(...) Estavam vivos quando lhes toquei depois
A solidão transformou-os de novo em dor
E nenhum quis pernoitar na respiração
Do lume
Quando parti
sem regresso
ida....foi permanente
sem destino...
sem vontade.
Não sei porque fui
se ao menos tivesse
coragem para te dizer
o que senti
quando parti...