Regras para os Ignorantes
A forma de criar um escudo protetor contra as pessoas que nos constrangem o espírito é primeiro criar para nós mesmos as regras de convívio que estabelecemos com elas e em nenhuma circunstância abrir mão delas para que descubram que não podem atingir-nos com sua prepotência, tentativas de insurgência ou poder de intimidação. A segunda medida é definir canais de contato que nos permitam refletir sobre o que nos pedem, avaliar tudo o que possa induzir-nos a erro e escolher com toda cautela as decisões que se mostrarem mais confiáveis.
O engraçado é que durante toda a minha vida, eu nunca fui de ninguém, e ninguém nunca foi meu. Quanta falta de adjetivos possessivos! Eu era tão singular… As vezes eu queria ter a chance de ser um pouquinho no plural. Eu era tão sem graça, que chegava até a ser engraçada. Eu tinha uns pedaços soltos por aí, e você devagarzinho venho juntando tudo… Chegando perto, se aproximando, me deixando sem fala, sem graça, me deixando ser sua. E eu adorava a ideia de ser pelo menos um pouco sua. Mal sabia você, que esse quebra cabeça que era eu, não possuía peça alguma que se encaixava. Não com você por perto, assim, de forma que eu possa ouvir sua respiração. Não com você com os olhos grudados no meu gritando que eu sou sua. Não com você se aproximando dessa forma perigosa. E quer saber? Eu nunca me senti tão bem vivendo em pedaços.
Outrora doce, outrora amarga. Outrora sua, outrora nada. Outrora quente, outrora fria. Outrora noite, outrora dia. Outrora, outra hora, outra alma, outro alguém. Outro dia, outro não. Outro amor, quem sabe, outro coração? Outrora amada, outra hora desarmada. Outrora desejada, outra hora despejada. Outrora loucura, outrora amargura, outra hora viver, outra hora existir. Outrora querida, outra hora esquecida… Outrora já fora alguém, hoje apenas um ninguém, outrora já sorriu com alma, Hoje apenas com os lábios. Outrora corria perigo. Mas quem sabe se salve outra hora?
Sou só uma menina boba tentando entender o amor, desculpe-me pela inocência nesse jogo querido, eu ainda não aprendi como se faz para ganhar, estou lendo as regras em um jogo que não há regras.
As pessoas se tornam infelizes porque ficam se comparando umas com as outras, ao invés de serem felizes com o que são e o que tem, e parem de dar ouvidos a quem só te compara com outros, esses não querem teu bem, nem ficar com você, provavelmente irão te usar nos seus propósitos e depois sumirão de suas vidas do mesmo modo que apareceram. Se teu carro é velho, se tua casa não é mansão, qual o problema? Muitos não tem nem isso e sonham, fique com quem quer você do seu jeito, e suas condições de vida. Estar com alguém que quer te ditar regras e afazeres, é pior que estar em uma prisão... Quem ama cuida e amar é crescer juntos e se fazer presente no dia a dia. Portanto não se iluda com sorriso e roupa curta. O que vale é o coração da pessoa e não outras coisas.
A vida tem pressa em ser
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O modelo construído por uma sociedade majoritária com o objetivo de se adotar as suas regras, nunca me encaixou. Adoro o oposto daquilo que a maioria considera “certinho”. Gosto de bagunçar as linhas retas dos padrões improdutíveis e preconceituosos.
Sou amante dos sinais, principalmente daqueles que me acenam para continuar, seguir caminho sem ter que me resguardar por detrás de justificativas impostas por uma sociedade doente.
Sabedoria é ser indiferente a tudo que nos reprime e que tenta perturbar o templo sagrado da nossa própria paz; é caro demais se deixar levar.
Dar ouvidos ao silêncio interior é ser sábio nos tempos onde as altercações rasas insistem em querer existir. E elas só nos atingem com permissão, com a nossa permissão.
A vida de quem quer que seja não nos diz respeito, a não ser quando torcemos pelo bem que as abrace, pela cura que as alcance, pelo amor que as liberte. O resto, que o destino as carregue para a felicidade.
Os únicos padrões de vida que me envolve é de deixar partir quem de mim não mais se apraz. A efemeridade das brisas são tornados que nos fazem adaptáveis a outras e tantas mais realidades que temos que passar e enfrentar.
Isto é o que nos faz sofrer e noutros instantes nos motiva. A dor e o prazer sempre andam de mãos dadas, ligados por vias tênues.
Cuidemos! Pois o prazer muitas vezes nos paralisa, porque quase sempre não queremos sair dele. Já a dor nos impele a mudar; ninguém quer ficar sob ela, sujeito ao sofrimento.
É isso que eu sinto: essa fascinação pela vida, das constantes mudanças e da velocidade dos tempos, exigindo que vivamos sem interferências alheias, obsoletas, cruéis e insanas de mentes humanas, que nos provocam e tentam-nos esmorecer. Fecho a porta!
Cuidemos! Porque a vida corre nas nossas veias e na inquietação das horas: cada pôr do sol, uma arte; cada anoitecer, uma escultura; cada amanhecer, a consagração da essência poética de Deus sobre nós.
Que os padrões sejam apenas de contemplação por um mundo cada vez melhor, dentro e fora da gente.
Cuidemos! Já que falar de vida não é viver, já que falar de amor não é amar, já que falar do bem não é fazer o bem. Calemos, então, ante a voz que pede sossego, ante os atos que infringem a inércia omissa, ante as mudanças que constroem o novo.
Busquemos andar além da velocidade dos ventos, mas com a quietude dos sábios que modela o tempo. Porém, não nos esqueçamos, nunca e jamais, de que a vida tem pressa em ser.
Se não fizéssemos tudo o que não devíamos fazer, não faríamos praticamente nada.
Precisamos de uma pessoa que pense como os criminosos, que seja meio inconsequente e que não tenha medo de burlar as regras.
Obediência não é sinal de submissão, tampouco de pequenez. A obediência é um processo disciplinar que nos sugere oportunidades de convivência, harmonia e de reflexão sobre as regras ou leis que nos envolvem cotidianamente.
É necessário perder para saber vencer, é preciso conhecer as cartas para poder Jogar, sei que fases boas e ruins vão passar, sei que tudo precisa de tempo, tudo tem seu momento, o sonho é um alimento, por isso sei quando sonhar, e sei também quando acordar, na vida usei diversas cartas para ganhar, mas nunca soube manuseá-las. Hoje conheço todas as regras, e sei também como quebrá-las.
E eu só quero que nós nos entendamos, mesmo que não seja assim tão simples. Porque tu é tão livre, tão dona de si, e eu sou tão dura e cheia de regras, mas eu somei e dividi nossos amores para saber quanto podemos amar por dia.
Nem tudo que é certo é perfeito, nem tudo que é perfeito está certo. As vezes é preciso quebrar as regras, desafie-se!