Reflexões sobre Música
Olha agora o estrago que tá
Sem se sentir, nem olhar, nem falar
Dois estranhos conhecidos
Procurando em outros motivos
Razões pra se superar
Peixe, vê se não volta pro mar
Que a maré alta não impede a onda de quebrar
Peixe, eu não vim pra me molhar
Mas com a chuva lá fora não tá fácil me secar
Um copo de vinho
Duas taças de amor
Lembranças ao vento
De quem me amou
Coração vazio
Um náufrago do amor
Perdido no abismo
De quem me amou
Detalhes eu me lembro agora, não
Como era antes, flores, versos, vinhos
Amores de amantes acabou
O que era pra sempre amou
O eco do mendigo
Ao ver na rua o mendigo
me perguntei:
- Por que estais aí?
E no silêncio num eco pareço ouvir:
-Não tenho casa;
-Nem trabalho;
Aos meus só atrapalho...
e pelas ruas me perdi!
Não tive chances de escolher,
não tive por onde correr
e talvez permaneça aqui...
até morrer...
Mas, se de repente a sorte vier
e alguém nos ouvir e compreender...
outra chance poderíamos merecer!
O que fazer?
Será que vou ali junto deles cantar
e de repente coloco no chão uma cartola
pra ver se recebo alguma esmola
com isso vou acolher e resgatar,
fazendo - lhes um lugar digno pra morar!
Às vezes é a nossa alma que quer cantar, deixe que cante.
E sem pressa, com respeito, até com paciência, apenas a ouça e talvez você descubra que essa é a música da sua vida.
Kate Salomão
A minha família vai me deserdar
Não tô nem aí, deixa o povo falar
A partir de hoje, tu vai ser minha mulher
Quanto mais eu lembro, mais eu quero chorar
Fico na esperança de você me ligar
Estou louco de saudade, eu queria voltar
Me entreguei, não achei
Que minha vida iria mudar
Tô confuso e o meu mundo ficou perdido
E não quer me encontrar
Que ilusão pro coração
Se envolver em uma traição
Demorou, virou problema
Passa o tempo, e você não
Quase sempre a mesma cena
Que me maltrata de aflição
Fumei duas três carteiras
Era minha passagem de busão
Me sentei a dez cadeiras
Assim não crio laço ou relação
Esperto até segunda-feira
Sempre aqui de prontidão
Você me acena de bobeira
E sinalizo com uma mão
Mal durou, não tem mais tema
Se escondeu na multidão
Chegou em tensão extrema
Ou eu to na tua ou to no chão
Naquele tempo
Não negavas carinho
Pequenina, era tanto
Meu Deus era tanto, sorria
Se eu pudesse ir te ver, iria
Ah, se eu pudesse, Ariana
É que a demanda é sacana
Mano, rancor é igual tumor, envenena raiz
Onde a platéia só deseja ser feliz
Com uma presença aérea
Onde a última tendência é depressão
Com aparência de férias
Permita que eu fale, e não as minhas cicatrizes
Tanta dor rouba nossa voz, sabe o que resta de nós?
Alvos passeando por aí
Poema bom
Hoje eu tropecei por ai nesse poema que eu já conheço há tanto tempo, mas hoje olhei para ele de uma forma diferente ou foi ele que olhou para mim, não sei. Segundo Quintana bom é o poema com o qual nos identificamos. E isso que ele disse, eu acredito que não sirva só para a poesia, mas para a música, o teatro, cinema, a literatura, as artes em geral. Mas nos identificarmos com algo será que é suficiente para classificá-lo como bom ou ruim? Nós só conseguimos enxergar o que já têm dentro nós e muitos de nós têm o mundo interno bastante reduzido. Não porque sejamos piores, mas porque a vida não nos deu as mesmas oportunidades que deu a outros. Logo, dizer que algo é bom ou ruim só porque nos identificamos é no mínimo superficial e simplista. Claro que nos identificarmos com algo nos dá aquela sensação gostosa de acolhimento, de conforto e prazer e, essa sensação que nos leva a adjetivar o que nos proporcionou esse sentimento é a mesma que usamos para classificar algo como bom ou ruim e, ao meu ver insuficiente.
"Estou fugindo de mim mesmo
Fugindo do passado
Do meu mundo assombrado
Vivo fugindo sem destino algum
Sigo caminhos que me levam a lugar nenhum"
Seu zumbi é santo sim que eu sei
Caxixi, agdavi, capoeira
Casa de batuque e toque na mesa
Linda santa Iansã da pureza
Vira fogo, atraca, atraca, se chegue
Vi Nanã dentro da mata do jejê
Brasa acesa na pisada do frevo
Arrepia o corpo inteiro