Reflexões sobre Música
Sei que eu tenho o dom de dar mergulho com o olhar
Pega e dirige para a casa no dia, também
Que o nosso carinho não dói em ninguém
Sou tua amiga, amante, serpente, meu doce bem
Soma, mas não some, fica e a gente dorme
Incenso a casa com alecrim
Cê segue a vida e eu sigo assim
Na estrada, no trem, de Berlim à Belém
O que é que é tirar um tempinho pra ficar mais perto de mim?
Você tem flores na cabeça
E pétalas no coração
Tem raízes nos olhos, excitação
Acalenta o meu coração
Me ensino a ter paciência, ciência
Que instiga o meu eu
Já foi, quero andar por ai
Descalça, sem nada, ao lado de um vinho bom
Amar é pra se corrigir e não perder a paz
A estrela do amanhã
Brilhando em mim, ainda a direção
E o coração e a rua inteira vê
Você tem
Um emprego pra mim? Olha aí
Qualquer coisa que
Que me mantenha perto de você
Posso fazer
Cafuné no cabelo
Vigio o seu sono, sei lá
Até provo o seu beijo
Pra ver se a barba vai me arranhar
Eu posso ser fiscal do seu olhar
Nem precisa pagar
Tatuei na minha alma seu rosto
O meu paladar já tem o seu gosto
Então, me fala como apagar
Como não lembrar, como não gostar
Seu abraço veste tão bem
Que dá até vontade de te raptar
Guardar você num potinho, num esconderijo
Pra não ter perigo de alguém te roubar
Achei uns pedacinhos de mim em você
Exatamente os que faltavam pra me preencher
Escreveu amor à mão em todo o meu corpo
Mas isso pra gente ainda é pouco, tão pouco
Impossível não querer de novo
Um dia já amou, hoje desvia de aliança
E pra mudar o status dela
Tem que ser homem, e não criança
Nem tenta enrolar, se não cê dança
Eu aceitei o fim sem dar nenhum pio
Você virou as costas e saiu
Cadê você, que ninguém viu?
Agora que ficou sabendo
Que eu tô com a turma bebendo
Vem falar que é feio
Feio é perder uma mulher gostosa desse jeito
Eu não sei por que não me esqueceu
Me deixa ir
Eu quero ir, ficar sozinho
E o que passou e o que passar
Não vão mudar o que restou
Tem que viver, se aventurar
Hoje eu extinto
Já nem me lembro como era no começo
Quando sabia tudo o que me esperava
E acreditava ser alguém especial
E parecia que aquela vida era mais uma viagem
Se algum momento fomos todos dinossauros
Hoje restamos só poeira espacial
Sem documento, visto ou mapa astral
Chegava ao mundo uma pessoa normal
Nasci assim, pobre de mim
Sentindo o gosto ruim da vida real
Eu me limito à saudação trivial
Muito prazer em conhecer, tchau
Tanta gente buzinando esqueceu de andar
Veio ao mundo por engano, eu vim passear
Disseram que a vida nesse lugar
Depende da temperatura do ar
Televisão, teto solar para ver
Cerveja e cama para sobreviver
Não me preocupa a quantidade de sal
Um dia salva e no outro dia faz mal
Que gosto tem o que faz bem?
Que gosto tem é o que me importa
As palavras vão e vem
Trocam de lugar
Quanta coisa já pensei
Sem considerar
Todas voltas do planeta
E os mistérios ancestrais
Tantas possibilidades
Esperando no sofá
Quantas estrelas cabem no quintal
Me iluminando no final
Quando o silêncio encontra o seu lugar
É confortável se calar