Reflexões sobre Música
Mas pouco do que eu sei
Viver talvez nem sei
É tão normal
Tentar me achar aos poucos
Saber quem eu sou
Nunca, talvez
Fumo um cigarro, leio as notícias
Tudo tá errado
Foi o tempo, foi do nada
Foi tudo confete
Confesse que me usou
Enquanto eu tento perceber
O que se passa no amor
Custa mesmo entender
O que se passa em mim
Perdido nessa confusão
Cansado
Eu preciso de você só mais uma vez
Virado, sem mais solução
Lembranças lindas de verão
Vem, eu quero você e mais nada
De manhã ou de madrugada
Vem, dispara em meu coração
Me traz um furacão
Somos estrelas, somos pó
Buscando o divino, a evolução
Será que somos deuses?
Como dizem os ancestrais
Ou pura diversão
De outros seres como nós?
Eu vou deixar a sorte me levar
Se é que sorte existe, eu vou tentar sorrir
Me desculpe se eu demorar ou não voltar, mas viver é assim
Sem destino e nem lugar
Não fecha a conta
A cota é pouca
E o corte é fundo
E quem estanca
A chaga o choque
Do terceiro mundo?
De vez em quando
Um abre a boca
Sem ser oriundo
Para tomar pra si
O estandarte
Da beleza, a luta e o dom
Com um papo
Tão infundo
Por que tu me chama
Se não me conhece?
É uma miragem fascinante
Dá asa a imaginação
É impetuosa em si
Desassossego
Molha feito calor do sol
Em mim
Mesmo assim o meu coração
Sem razão
Se deixa seduzir
E se entregar
Eu quero mais um amor real
E que seja em paz
Ela vai te seduzir, lhe tirar para dançar
Elevar a dimensões, vai mobilizar, fazer clarão
Tem vocação para misturar, força para transcender
Do lado de dentro rainha sou eu
Mulher que ama e sabe dar adeus
Eu sei que tudo na vida acontece
Quem me conhece pode lhe dizer
Tudo eu espero e toda me entrego
Levanto até as paredes
De um barracão desabado
Mas Deus foi quem me fez nessa vida
E eu cumpro ordens de um bom destino
Se ele quiser, eu posso querer
Bom dia, Sol
Bom dia, mar
Bom dia, céu, mãe natureza
Bom dia, todos os planetas
Bom dia, quem nos deu a vida
Pra caminhar, podendo errar
Rever conceitos, aprender
Evoluir o nosso ser e ficar bem
Seja em qualquer lugar
Eu vou amar ir embora
Voltar pra casa pelo ar
E sem destino seguir o mundo
Acreditar em cada segundo
De um novo dia, um amanhã
Que me trará paz e vigor
Pra conhecer quem não sou eu
E reconhecer o que eu sou
Bom dia, mãe
Bom dia, pai
Bom dia, a minha gratidão
Por me ensinar em meus primeiros passos
Por me entregar régua e compasso
Bom dia, ao fim e ao recomeço
De uma linda grande história
Bom dia, o antes e o depois
E pra quem viver agora
Que faça o meu coração
Bater forte sem parar
Entre beijos e amores
Quero que me falte o ar
Aí vou ficar sabendo
Que você tem o dom de amar
Me pego alucinado
Feito louco, apaixonado
Vendo você do meu lado
Fico mais acelerado
E quando vejo que alguém tá prestes a perceber
Eu tento disfarçar
Abre o jogo, acabou
Pra quê esconder esse falso amor?
Confiei, me entreguei
Meu coração logo se machucou
Noite do seu lado
Eu fico aqui imaginando
Mas como pude cair
Nessa farsa de amor?
E parabéns pra você
Que me fez entender
Que minha paixão não é você
Obrigado por demonstrar
Esse amor falso
Quanto tempo a gente leva
Pra perceber um céu de estrelas
Muitas vezes
Eu nem sei por onde começar
Quando eu parei de tentar achar algo aconteceu
e me fez sentir
Como um sonho bom
Um em um milhão
Chance de viver
Algo especial
Onde estão os poetas negros
Que não os ouço cantar nossa odisseia?
Estão dormindo no plano das ideias
Velados por poéticos segredos?
Onde andarão nossos poetas negros?
A poesia negra, hermanos,
Não explode a pólvora
Nem orienta a bússola
Ou diagrama o papel.
Ela desvenda o véu da vanguarda
Tira o chapéu
Pra velha guarda
Elimina o minimal
Pelo ancestral.
E de repente, era um, eram dez, eram milhares
Sob as asas azul da liberdade, nascia o estado de Palmares
Mas não tardou, e a opressão tentou calar não conseguiu
O brado da vida contra a morte, no primeiro estado livre do Brasil
Forjando ferro de Ogum, plantando cana e amendoim
Dançando seus batucajés, pilando milho e aipim
Fazendo lindos samburás, amando e vivendo enfim
Durante cem anos ou mais, Palmares viveu assim