Reflexões sobre Música
Por não te ver
Alguém te disse que hoje que você
É uma gracinha?
Tão bonitinha, tão
Tão bonitinha, tão
Dizendo por aí que seu olhar
Corrói a alma e mata
Congela a perna e caça
Se eu tentar fugir
Arranca minha carcaça
Faz dela sua capa
Só pra rir de mim
Medusa
Eu prefiro gostar assim
De longinho
Eu não sei por que não me esqueceu
Me deixa ir
Eu quero ir, ficar sozinho
E o que passou e o que passar
Não vão mudar o que restou
Tem que viver, se aventurar
Hoje eu extinto
Já nem me lembro como era no começo
Quando sabia tudo o que me esperava
E acreditava ser alguém especial
E parecia que aquela vida era mais uma viagem
Se algum momento fomos todos dinossauros
Hoje restamos só poeira espacial
Sem documento, visto ou mapa astral
Chegava ao mundo uma pessoa normal
Nasci assim, pobre de mim
Sentindo o gosto ruim da vida real
Eu me limito à saudação trivial
Muito prazer em conhecer, tchau
Tanta gente buzinando esqueceu de andar
Veio ao mundo por engano, eu vim passear
Disseram que a vida nesse lugar
Depende da temperatura do ar
Televisão, teto solar para ver
Cerveja e cama para sobreviver
Não me preocupa a quantidade de sal
Um dia salva e no outro dia faz mal
Que gosto tem o que faz bem?
Que gosto tem é o que me importa
As palavras vão e vem
Trocam de lugar
Quanta coisa já pensei
Sem considerar
Todas voltas do planeta
E os mistérios ancestrais
Tantas possibilidades
Esperando no sofá
Quantas estrelas cabem no quintal
Me iluminando no final
Quando o silêncio encontra o seu lugar
É confortável se calar
Onde está não sei
Onde vou te encontrar
Estou a te esperar
No escuro do oitavo andar
Como prosseguir
Sem você pra me guiar?
E olha aonde eu vim parar
Hoje eu tentei falar de amor
Mas ninguém escuta nada
Ela não tem tempo para a dor
Me trocou pela risada
Então eu danço, até o mundo acabar
Finjo que estou bem, ao ver o teu retrato
Me canso, preciso respirar
Não se engane meu amor
Rir não me demonstra nada
Rir de tudo é desesperador
E deixa a alma camuflada
Então é esse o final, tudo tão anormal
Há muito o que dizer, mas tento esconder agora
O esforço abismal, o mar virou canal
E achei que com você poderíamos ver lá fora, não
De novo na imensidão
Eu vou desatando os nós, que me prendem a ti
Me largam aqui outra vez
Sonhando ver outros sóis, que iluminem a mim e a você
Estou a mercê
Do tempo que vai levar, pra esquecer mas não apagar
Sobreviver
Espere a chuva passar, para ver o sol nascer
Mais uma vez
A chuva passou e a sombra do céu migrou para o chão
O sol está lá e eu
Vejo que o fim ensinou a lição que a vida está sempre
A ensinar
A história acabou mas sou grato pelo que vivi
Junto de ti
Diz por que vem
Se no caminho nada mudou
Não quero mais
Da solidão que afoga no tempo
Se o momento é de pensar
quem vai me dar a mão?
Atravessar o vento
Paro pra pensar
Vivo observando e olhando pro céu
No mundo da lua
E a noite a brilhar
Perco a noção do tempo
Quando estou junto ao teu sorriso
Raio estelar
O mundo girando como uma canção
Outros tempos, novos tempos chegarão
Como um astro em movimento a ultrapassar
Os limites desse chão