Reflexões sobre Música
O homem que não tem a música dentro de si e que não se emociona com um concerto de doces acordes é capaz de traições, de conjuras e de rapinas.
A música é celeste, de natureza divina e de tal beleza que encanta a alma e a eleva acima da sua condição.
A vida é como a música. Deve ser composta de ouvido, com sensibilidade e intuição, nunca por normas rígidas.
Fácil é ouvir a música que toca. Difícil é ouvir a sua consciência. Acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas. Fácil é ditar regras. Difícil é segui-las. Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção da vida dos outros.
Nota: A autoria do texto tem vindo a ser erroneamente atribuída a Carlos Drummond de Andrade. Trecho do poema "Reverência ao destino".
...MaisA vida de um homem culto deveria simplesmente alternar-se entre música e não música, como entre o sono e o despertar.
A música pode ser o exemplo único do que poderia ter sido - se não tivesse havido a invenção da linguagem, a formação das palavras, a análise das ideias - a comunicação das almas.
A música clássica do amor é em tom maior, a romântica em tom menor. O amor moderno é uma fraca melodia, sobreinstrumentada.
Toda a obra de um homem, seja em literatura, música, pintura, arquitetura ou em qualquer outra coisa, é sempre um autorretrato; e quanto mais ele se tentar esconder, mais o seu caráter se revelará, contra a sua vontade.
Não seria a música uma língua perdida, da qual esquecemos o sentido e conservamos apenas a harmonia?
Entre as graças que devemos à bondade de Deus, uma das maiores é a música. A música é tal qual como a recebemos: numa alma pura, qualquer música suscita sentimentos de pureza.
Em poesia, trata-se, antes de mais nada, de fazer música com a própria dor, a qual diretamente não importa.
Se a música tem um número maior de amantes do que a poesia, ou a arquitetura, ou a escultura, tal não deve ao fato de ser mais espiritual, como se costuma dizer, mas sim devido ao fato contrário: é mais sensual.