Reflexo
Quando olhamos no espelho, vemos um simples reflexo. Se olhar mais à fundo, podemos ver algo mais complexo. O espelho é o sinônimo da verdade. Te mostra, a cada dia, o seu envelhecer. Desde as rugas até os cabelos brancos, e cicatrizes e marcas que venham a aparecer.
Ele não mostra o futuro, mas qualquer passado nele pode rever. Ao se olhar, poderá ver quem foi e as marcas do tempo lhe ajudarão nas lembranças e farão com que seu coração balance, pois o passado não volta. A memória se torna o reflexo da evolução. De qualquer um qualquer coisa você pode esconder, mas não de si mesmo, não do seu olhar.
Sua mente sempre te lembrará, mesmo que queira esquecer, pois o que aconteceu, só você saberá. Não é uma simples imagem refletida em um vidro, é a marca do cansaço de manhã ou da beleza quando está pronto. Necessário e narcisista, é o seu outro eu. O seu oposto. É o seu eu interior, para quem você nunca mente.
Talvez seu melhor amigo, seu irmão "gêmeo". Você o encara, o desafia, briga e chora, mas também faz caretas, dá sorrisos e até o namora. O espelho mostra sua velhice corporal, mas jamais poderá mensurar o seu astral. Sua alma é o que você quer que ela seja. Sua juventude só depende da sua saúde mental.
Duas faces, frente à frente. Representando a mesma coisa em dois mundos diferentes. Um real e o outro abstrato. O espelho mostra exatamente o igual e mostra também a diferença. A cada dia você muda, a diferença lhe acompanha e são elas o que mais nos fascina. Ninguém é igual, nem seu reflexo, que muda a todo instante. Não queremos um espelho da perfeição, simplesmente que nossos olhos vejam um mundo em constante evolução.
Quando olhamos no espelho, vemos um simples reflexo. Se olhar mais à fundo, podemos ver algo mais complexo.
Só o que se ousa enxergar se torna visão.
O que da outra parte pende em reflexo, não é senão o próprio rosto visto do exterior, a recolher a imagem que, por desconhecimento, aludiu única.
Anomia
Eis-me aqui, em face do meu reflexo
Meus olhos secos estão profundos
Brilho desfeito inter poemas palliduns
Num axioma anêmico e disforme
Na medida que avança desidrata
Justificando crenças de brilho fugaz
E racionalizando idéias murchas
Destronando reis e rainhas inférteis
Rego meu pantano com escarno
Sob a luz do sol de desertos estéreis
E ilusões criadas no reflexo do seu brilho
Se desfaz os dias com suas janelas fechadas
De olhos sempre abertos e ranger de dentes
Provoco dor que já não mais produz sofrimento
Cala-te boca de hálito e hábito noturno
Livre-me do orvalho e do cantar dos pássaros
Consagra-me em tuas alcovas
Conceda-me sob a luz da lua
E revelar-me-ei pleno traje minha licantropia
Induzida
Na praia quase deserta
busco o reflexo da minha própria alma;
mas as ondas no seu vem e vai distorcem tudo o que vejo.
Sou assim?
Desvirtuada da vida?
O que a água salgada do mar reflete
é realmente uma imagem de mim?
O mar anoitece em ondas...
Anoiteço em mim.
Induzida pelo reflexo alterado pela água nada cristalina.
A água do mar brinda espumante.
Quase nela acreditei... por um instante.
Não consegui ver o reflexo do adeus nos meus olhos encharcados
Onde teria deixado meu sol para espantar a chuva que torrencialmente caía no meu peito agora silencioso
Deixou um terreno infecundo onde meus pés enraizaram na fidelidade posta e nos planos futuros
Só havia em lembrança a devoção e a história do que vivi num mundo vazio
Nada mais ficou ...
Ecumenicamente, esqueceu os Deuses e alimentou os fantasmas dos seus temores
Criou crenças pagãs...
E se perdeu no mar dos pensamentos sem sonho
Para ele só restou se mutilar e continuar
Fingindo que entedia tudo que aconteceu
Sou fruto do seu reflexo.
Sou refém das suas atitudes.
Sou seu ponto de partida.
Sou seu ponto final.
Sou seu sul.
Sou seu norte.
Sou sua sorte.
Sou sua única bala.
Sou seus acertos.
Sou seus erros.
Sou o que você quer ser.
Sou seu Ser.
Sou você.
Sou tudo aquilo que não queria ser. VOCÊ.
PARA DOQUISOU.
Certa vez um homem olhava para o espelho, então, o reflexo do homem no espelho perguntou:
- Qual a sua desculpa hoje para ser medíocre?
O homem, vendo seu reflexo falar daquela maneira, respondeu:
- Nenhuma.
Então, o reflexo do homem no espelho questionou:
- Então por que você continua sendo medíocre?
O homem respondeu:
- Porque naturalmente eu sou medíocre até os ossos; eu não posso evitar, é da minha natureza.
Então, o reflexo do homem no espelho questionou uma vez mais:
- Você não fará nada para deixar de ser medíocre?
O homem respondeu:
- Sozinho eu não consigo. E o que me assusta, é que eu olho para o espelho, e tudo o que eu vejo é um homem, sozinho. A mediocridade é você, e a causa dela, sou eu mesmo.
"Enquanto o amor for uma utopia, governantes terem excesso de hipocrisia,o reflexo será a desgraça social.Pessoas morrerão de frio nas ruas,a violência continuará nua e crua, fabricando marginal. É preciso lutar,com atitudes pleitear a justiça social".
(Rodrigo Juquinha).