Reflexão sobre a Morte
Mas, quando nada subsiste de um passado antigo, depois da morte dos seres, depois da destruição das coisas, sozinhos, mais frágeis porém mais vivazes, mais imateriais, mais persistentes, mais fiéis, o aroma e o sabor permanecem ainda por muito tempo, como almas, chamando-se, ouvindo, esperando, sobre as ruínas de tudo o mais, levando sem se submeterem, sobre suas gotículas quase impalpáveis, o imenso edifício das recordações.
Quando a morte chegar
Espero que traga uma caneta.
Espero também estar bem vestido e ter em mãos, minha agenda e um talão de cheques.
Uma agenda para registrar meu ultimo comprador.
Um talão de cheques para negociar o valor que ela pagará por toda a história de minha vida.
E sua caneta pois não tenho certeza se terei uma para dar-lhe um autógrafo.
O meu amor continua o mesmo
No auge dos meus 35 anos eu já perdi vários amigos para a morte, mas é incrível o tempo passa, passa, se transforma, tudo se acelera, os anos correm mas o meu sentimento por eles continua vivíssimo, do mesmo jeito, com o mesmo amor, carinho, a mesma admiração. Me pego rindo sozinha lembrando de viagens, aventuras, preferências, afetos, hábitos pessoais. Quero encontrá-los quando chegar a minha vez, quero reconhecê-los, não sei quase nada desse universo misterioso da morte, mas infelizmente e muitas vezes a morte vem de forma precipitada pela violência, pela ignorância, pela selvageria, pela vaidade, pelo orgulho, pelo desrespeito, pelo terrorismo.
Quando escutamos falar em morte, muitas pessoas ficam com medo, dizem pra mudar de assunto, como se fosse uma coisa ruim, e como se tudo não fosse um dia acabar. Eu não tenho medo dessas coisas, isso é algo que sabemos que vai acontecer com certeza. O velho escritor disse que a morte é angústia de quem vive, mas pra quem serve ao Deus vivo, que cura as nossas dores e transforma a nossa vida triste em pura alegria, a morte é só o começo da eternidade. Uma eternidade de imensurável alegria com Deus. Fica com Deus Tia Naíza.
Ela deu cinco passos e saltou para a morte
passos ligeiros
Do quinto andar ao chão em menos de cinco
cinco segundos
E cinco dias depois foi encontrada
faziam cinco graus
As cinco da manhã seu rosto gelado descansava
faziam-se cinco anos
E eu usava apenas três camisetas
sei que uma estava com ela
E eram todas.
Não tenho medo da morte. Isso é inevitável. Tenho medo da velhice. Pois nos tornamos reféns de nossos próprios corpos e de pessoas dispostas a nos despachar para o Além o mais rápido possível.
A descoberta da vida, é a morte. Portanto, pense na vida. A morte vai vir de qualquer jeito mesmo...