Reflexão sobre a Morte
Vi a morte de perto,
a olhei nos olhos,
Senti seu cheiro,
A beijei ternamente,
Senti seu suspiro
Como ela era linda, linda, linda
Senti desejo de morrer
E ser ninada em seus braços
Senti medo de morrer
E ser enterrada em seus laços.
A morte é uma incógnita, deixar-me-ei levar em seus braços e repousar num beijo enegrecido em meu rosto palidecido...
Da cama faço meu leito de morte, deságuo com minhas angústias e acordo com meu presente marejado do passado...
Não se deseja a morte a um inimigo, mas também não se pode desejar longos anos de vida a ele.
Então, o que se tem a fazer?!
De que me adianta chorar pela morte de uma galinha se logo penso em saborear um bom assado, sem culpa.
Já nascemos com passagem comprada para a morte.
Cada dia a mais é um dia a menos.
Depois dos 40 anos percebemos o quanto mais próximos do fim estamos. É só a partir daí é que começamos a considerar a inexorabilidade da morte: Não somos eternos.
Acho que passei a ser uma pessoa melhor a partir dessa consciência. Talvez por isso eu não valorize tanto as coisas materiais e também eu não me obrigue a ter que conviver com pessoas hipócritas e que só maquinam o mal, mesmo sabendo que "elas um dia passarão e eu... passarinho." (diria M. Quintana)
Não me preocupo com a vida porque a morte para mim não nasceu ainda.
Só os mortais tolos e medrosos têm tal desassossego.
Caminhamos
Lado a lado
Com a onipotente morte –
Simples, pura e real...
Deusa dispersiva, ignorada
E desconhecida por leigos
E doutos capitalistas;
Inobstantemente,
Ovacionamos a vida –
Complexa, falsa e fictícia...
Onde
Um câncer terminal,
Sua fragilidade,
Justifica...
Quem é e onde está o falso e
Perecível criador desta vida?!
A morte me fascina profundamente, afinal ando de mãos dadas com ela desde que nasci, num jogo de gato e rato.