Reflexão Autoconhecimento
Mediante um processo de mudanças gradativas, porém significativas, todos temos a chance de nos tornar pessoas melhores.
Era inverno quando Laska chegou. Ao contrário do que esperava, não me colocou no colo, não me aqueceu muito menos tirou aquela agonia familiar do meu peito.
Chegou não sei se altivo ou nervoso, só sei que tirou tudo do lugar. Tirou todos os móveis do canto da sala, jogou minhas gavetas no chão, esvaziou meus armários, jogou as roupas na cama. Nem mesmo meu lugar secreto de bugigangas escapou daquele ataque estranho. Tirou as cortinas das janelas, bagunçou a cozinha. Eu olhava aquilo tudo primeiramente estática, sem entender. Depois, nervosa, pulei em seu pescoço tentado frear aquela disseminação da desordem, em vão. Ele continuou sua missão que durou pouco mais de uma hora.
A noite estava fria, ventava e caia uma chuva fina e triste e eu assistia desolada e derrotada aquele espetáculo da porta, sentada no chão, onde eu estava. Quando ele se deu por satisfeito, virou pra mim e disse: “Pronto, agora arrume.” Confesso que chorei. Era só uma casa, tudo bem, eu sei, mas era a MINHA casa, toda bagunçada, revirada de ponta a cabeça e com aquela imensa nuvem de descrença pairando no ar.
Esfreguei os olhos com as costas das mãos, como fazia quando criança. Olhei pra ele, nos olhos. Nem brigar consegui. Ele saiu pela porta me deixando ali com minha bagunça, com aquela bagunça tão parecida com meu interior. Sentei perto da cama. Não sabia sequer por onde começar, mas comecei. Furiosa, entristecida, descrente, fui pegando primeiramente minhas coisinhas pequenininhas. Encontrei um porta-retrato do 1º ano da faculdade, uma carta do primeiro namorado, uma foto envelhecida do meu saudoso pai, um cartãozinho de um natal antigo em família, e de repente, meu rosto de triste começou ter aquela leveza que a nostalgia das boas lembranças produz.
Encontrei também um tanto bom de recibos de contas antigas, molduras de tempos ruins e mais alguns outros resíduos de lembranças doloridas. Do guarda-roupas, acabei encontrando várias coisas que não mais deviam estar ali. E assim prossegui minha faxina forçada, encontrando em cada canto alguma coisa que me fazia chorar e sorrir, me livrando de algumas, guardando com ainda mais cuidado outras tantas. A faxina não acabou em um dia. Demorei semanas para colocar tudo em ordem. Creio que nem na última mudança vi tanta bagunça. Laska estava sabe-se lá onde… desde o dia do seu ataque que eu não o via.
Quando terminei a faxina no interior da casa, reinava do lado de fora caixas e caixas de coisas que precisavam ganhar novos donos, novos rumos e também o caminho do lixo. Sai de casa e encontrei novas casas para as coisas que precisavam de novos donos, deixei também um bom montante de caixas no lixo e dei aqueeeele tanto de papel de um passado não tão legal para o cara da reciclagem da esquina. Voltei pra casa leve. Até de sapatos eu havia me desfeito. Cheguei e observei como minha varanda estava linda. Nunca tinha notado o quanto parecia iluminada, limpa. Límpida.
Entrei e aquele ar que gosto de chamar de “esperança” me acolheu e abraçou. Achei tudo mais lindo e espaçoso. Havia me livrado daquela mesa de canto que nunca havia tido serventia alguma além de ocupar espaço. Havia me livrado também da cortina escura e a janela do jardim agora estava aberta deixando o cheiro do finalzinho de inverno entrar. Eu ainda estava ali, enamorada quando ele entrou. Entrou, me deu aquele abraço que só ele sabia dar, envolvendo meus braços, por trás e sussurrou no meu ouvido:”Será que agora você entendeu?”
Eu me virei e fui preenchida por aqueles olhos que me desmontavam por inteiro sem necessitar de palavra alguma e ao invés de raiva, repulsa, eu o abracei. Me joguei nos seus braços, com aquele choro de alívio regado a riso silencioso.
Não sei muito bem quando a ficha caiu, quando entendi. Só sei que foi bem no dia que Laska chegou e tirou tudo do lugar que entendi que amor só é amor quando de alguma forma te tira do ócio do comodismo e te relembra que para coisas boas chegarem é preciso arrumar “espaço”.
Naquele dia, “Laska” entrou de vez na minha vida, e desde então, nunca mais me questionei sobre o que é amor, “Laska” arde todos os dias em meu peito me lembrando que está ali.
Para onde caminha a vida?
Qual o objetivo da vida? A resposta para essa pergunta não será encontrada nesse texto, afinal, são tantas possibilidades que seria um pecado escolher apenas uma delas. Do ponto de vista teológico (do grego telos, finalidade) afirma que tudo pode ser explicado de acordo com a sua finalidade. E a finalidade de todas as coisas é nos trazer felicidade.
Já dizia Platão que "Uma vida não questionada não merece ser vívida", então, se há questionamentos, existem incertezas, e quando se trata da nossa existência, muitas dúvidas esperam por respostas, e todas essas dubiedades nos tornam inseguros e infelizes, pois internalizamos em nós o pensamento de que devemos estar seguros o tempo todo e sempre saber o que estamos fazendo com nossas vidas. .
Nos alertam que não devemos cultivar incertezas e seguir sempre verdades absolutas, sendo que o que é absoluto pra você é relativo para outra pessoa. No fim, viver é não ter certeza de nada. Vivemos sem saber qual é o verdadeira propósito de nossas vidas.
O segredo de uma boa vida ninguém te conta, você terá de descobrir isso sozinho! Estamos fadados a um fim iminente, mas vidas bem vividas jamais chegam ao fim. Vivemos para sermos felizes, mas existem mentiras disfarçadas de felicidade e as vezes não somos capazes de fugir delas. Então se não há como sabermos a real finalidade da vida, Lulu Santos já dizia "vamos viver tudo que há pra viver"
No fim a maior dificuldade em encontrarmos o real propósito da vida acontece por que são muitas vidas e pra cada vida há um propósito diferente.
Meu antigo eu
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Nem sei se tenho direito de falar por ele, já que essa pessoa deixou de ser eu há tanto tempo, que guardo tão poucas recordações comigo, tem anos que não o vejo. É um alívio, para ser sincero. Penso que meu antigo eu não teria tanto orgulho de mim agora, quem sabe até me odiaria, afinal, me tornei tão diferente dele.
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Meus ideais mudaram, expandiram e evoluíram, eu fui para longe demais da pequena borda em que me encontrava, me distanciando de mim mesmo. Digo com certeza que ele não se orgulharia de mim, mas eu também não me orgulho dele, meu eu do passado com todos os seus tabus que pareciam inquebráveis, sua mente rodeada por grades de ferro, as crenças que o impedia de tecer seu pensamento crítico e com todos os seus preconceitos, me causa uma grande aversão.
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Caso meu antigo eu me encontrasse hoje, não nos daríamos tão bem, o crescimento é o distanciamento de nós mesmos, o abandono de vestes que não nos servem mais, o livramento de coisas que já não nos convém. Não posso pedir perdão por quem já fui no passado, pois já não sou mais aquela pessoa, felizmente é preciso coragem para assumir não ser mais o mesmo, e isso não é vergonha alguma, medo tenho eu de permanecer o mesmo pra sempre.
Muitos não percebem, mas a felicidade se encontra mais na composição dos desejos e na busca por satisfazê-los, do que na obtenção deles.
Não basta que tenhamos desejos, é precisos termos consciência do que nos impulsiona a tê-los e por que depositamos neles nosso estado de felicidade, bem como as consequências e nosso potencial de suporte disso tudo.
Atingirmos fama, riqueza e sucesso não diz respeito, direta e consequentemente, a obtermos felicidade.
Para que promovamos uma comunicação não violenta, precisamos atentar como falamos, acionarmos a empatia e tratarmos do assunto num momento adequado.
Para compreendermos melhor uma situação que estamos vivendo, é importante refletirmos como nós mesmos nos veríamos enquanto expectadores dela e como uma terceira pessoa entenderia tal situação, para então termos uma melhor conclusão diante disso tudo.
Não devemos ser tão reativos diante dos fatos e informações que se apresentam para nós, pois conclusões apressadas ou mal interpretadas podem ser injustas e prejudiciais aos outros e a nós mesmos.
Um NÃO dito pode significar um TALVEZ e quem sabe um grande SIM. A resposta pode estar para além do que é dito.
Nós não podemos mudar os fatos de nosso passado, mas podemos ressignificá-los pelo bem de nossa saúde mental atual e pelo nosso futuro.
Agradeça sua criança interior, nunca a deixe cessar de existir. Ela te faz sonhar, ousar e realizar!