Reflexão Augusto Cury
Todos sabem que errar é humano. Mas insistimos em sermos deuses, temos a necessidade neurótica de sermos perfeitos.
Felizes são aqueles que conseguem transpassr a cortina do seu dinheiro, status social e títulos acadêmicos e se apaixonar pela vida, enxergando que cada ser humano é um ser único no palco da existência. Para esses, cada dia é um novo dia. A solidão e o tédio foram banidos dos seus labirintos, e os seus sofrimentos se tornaram alimentos que sustentam uma alegria superior
A mente humana é como o pêndulo de um relógio que flutua entre a razão e a emoção. Nossa capacidade de tolerar, solidarizar-nos, doar-nos, divertir, criar, intuir, sonhar é uma das maravilhas que surgem desse complexo movimento. O amor é seu melhor fruto. Cuidado com os desvios desse pêndulo.
[...]Toda vez que encontrava um pai reclamando da vida, do salário, da empresa, ele olhava para o filho que estava ao seu lado e o chocava:
- Quanto vale teu filho?
Espantado, o pai dizia:
- Não tem preço!
- Então, tu és o mais rico dos homens.
Há um mundo a ser descoberto dentro de cada criança e de cada jovem. Só não consegue descobri-lo quem está encarcerado dentro do seu próprio mundo.
Cada doença pertence a um doente. Cada doente tem uma mente. Cada mente é um universo infinito.
Sonhos não são desejos, desejos são intenções superficiais. Enquanto sonhos são projetos de vida. Desejos morrem diante das perdas e contrariedades, sonhos criam raízes nas dificuldades.
Se você permitir uma crítica o destruirá. Mas, se você se proteger, um milhão de ofensas não o afetarão.
Passar por problemas, lutas e dores faz parte da caminhada, mas é você que decide se vai vencê-los, ou deixar eles vencerem você.
Os sonhos trazem saúde para a emoção, equipam o frágil para ser autor da sua história, renovam as forças do ansioso, animam os deprimidos.
Não devemos enxergar apenas com os olhos da face, que só captam a luz exterior, as ondas eletromagnéticas. Precisamos também enxergar com os olhos do coração, que captam os pensamentos e as emoções das pessoas
Quando os sonhos nos controlam, os surdos podem ouvir melodias, os cegos podem ver cores, os derrotados podem encontrar energia para continuar. Quando não havia solo para caminhar, Beethoven caminhou dentro de si mesmo, não desistiu da vida, ao contrário, exaltou-a. Os sonhos venceram. O mundo ganhou.
Muitos pais trabalham para dar o mundo aos seus filhos, mas esquecem de abrir o livro da sua vida para eles.
Um dia, quando encerrar a peça da existência no pequeno palco de um túmulo diante de uma plateia em lágrimas, não quero que digam que ali jaz um homem famoso ou inteligente, mas um ser humano que aprendeu um pouco a vender sonhos para uma sociedade que deixou de sonhar.
Nossas crianças não vivem horrores das guerras, não vêem casas destruídas nem corpos mutilados, mas têm suas ingenuidade esfacelada, sua capacidade de brincar ferida, sua imaginação sequestrada pela ansiedade por necessidades não necessárias. Não é isso uma forma de horror?