Recados de Amor

Um verdadeiro amor é segunda inocência.

Não há baliza racional para as belas, nem para as horrorosas ilusões, quando o amor as inventa.

No amor, mais vale a caça do que a presa.

O nosso amor-próprio é muitas vezes contrário aos nossos interesses.

O amor deve considerar-se como um grande poema, cujo primeiro canto é o casamento.

O amor é o romance do coração: a sua história é o prazer.

Mors Amor

Esse negro corcel, cujas passadas
Escuto em sonhos, quando a sombra desce,
E, passando a galope, me aparece
Da noite nas fantásticas estradas,

Donde vem ele? Que regiões sagradas
E terríveis cruzou, que assim parece
Tenebroso e sublime, e lhe estremece
Não sei que horror nas crinas agitadas?

Um cavaleiro de expressão potente,
Formidável, mas plácido, no porte,
Vestido de armadura reluzente,

Cavalga a fera estranha sem temor:
E o corcel negro diz: "Eu sou a morte!"
Responde o cavaleiro: "Eu sou o Amor!"

A aurora do amor é a quadra de devaneios e fantasias, em que a vida do coração principia e exerce sobre nós o seu mágico influxo.

O amor que enlouquece e permite que se abram intercadências de luz no espírito, para que a saudade rebrilhe na escuridão da demência, é incomparavelmente mais funesto que o amor fulminante.

Fazer consistir a força do casamento na do amor é desconhecer o espírito desta instituição.

Aqueles que dispõem de meios pensam que a coisa mais importante do mundo seja o amor. Os pobres sabem que é o dinheiro.

O amor é o maior prazer acessível ao homem.

Diante do amor existem três tipos de mulher: aquelas com as quais nos casamos, aquelas que amamos e aquelas que pagamos. Todas essas podem muito bem estar numa só. Começamos por pagá-la, depois a amá-la e, por fim, casamo-nos com ela.

O prazer do amor dura apenas um instante, os desgostos do amor duram toda a vida.

A atenção e o amor condicionam-se reciprocamente.

A beleza é bela; a paixão, o amor absoluto são mais belos e mais adoráveis.

O cristianismo fez muito pelo amor ao torná-lo um pecado.

À medida que os sentidos avançam e se desencadeiam numa direcção, o amor verdadeiro exaure e retira-se. Quanto mais os sentidos se tornam pródigos e fáceis, mais o amor se contém, empobrece ou se torna avaro.

Com o amor dá-se o mesmo que com o vinho. Perdoem-me as leitoras o pouco delicado da confrontação; mas bem vêem que ambos embriagam.

Considera como maior infâmia preferir a vida à honra / e por amor àquela, perder a razão de viver.