Rato
Tanta coisa ruim
Nesse mundo sombrio
Gato não pode ser amigo do rato
No coração sinto um frio
Sei apenas chorar
Queria apenas inexistir
Sem dores causar
E quem sabe finalmente
pararei de atrapalhar
Ela reclama
Eu reclamo dela reclamar
Eles vêem a coroa
Eu vejo a cara
Para onde vamos?
Talvez pessoas encontrarei
Ou para o inferno eu irei
No vazio ficarei
Mas seria tudo igual.
"De todos os humanos que falam mal do rato, por fuçar lixeiras e valas de esgoto,
eu destacaria que muitos desses são piores que o roedor.
Se o irracional está na lixeira apenas pela busca de alimentos, há pessoas que se sujam por prazer, verdadeiros ratos pensantes, que estragam a vida das outras deixando-as, sem arrependimento, em
grandes lixeiras emocionais..."
VONTADE DE LUA
... Lua, lua cheia
se eu fosse um rato
você fosse um queijo
assim alto e tão alvo
insistente em minha vida.
Com todo esse ensejo
e essa vontade larga
ah, se eu tivesse asas!
Com esse doce beijo
e essa paixão que se propaga
lua, lua...
Eu voava pela noite
ia até o céu e te abraçava
expulsava de ti o dragão
e nunca mais te largava.
Antonio Montes
Um rato por mais asqueroso que seja ele sempre será um rato. O homem é apenas um caminho para a evolução. Porém aos que ainda rastejam como cobras.
Lá vai o gato atrás do rato, lá vai o gato atrás do rato, mas o rato, como nos desenhos de Tom e Jerry e Ligeirinho, consegue fugir para sua toca. Ao sentir-se seguro na sua humilde residência, a nossa irriquieta criatura ouve um latido muito forte e supõe, "Oras... lugar onde cachorro ladra, rato é rei!" e o nosso Mamífero mirim, crendo em sua inteligência de anos e anos de laboratório, põe a cara pra fora, dá o ar da graça, graças ao alarde do cão. Mas em um milésimo o rato é abocanhado pelo gato, que surpreso da armadilha que caíra, diz suas últimas palavras: "Mas Como... eu jurava que era um latido..."
E o gato que nunca perdera seu tempo assistindo o sofrimento de felinos na tv, retruca:
E era. Mas hoje em dia quem não fala mais de um idioma tá perdido!
A RATOEIRA
Um rato, olhando pelo buraco na parede, viu o fazendeiro e a mulher abrindo um pacote.
Ao descobrir que era uma ratoeira, ficou aterrorizado.
Correu ao pátio advertindo a todos:
- Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira na casa!
A galinha, disse:
- Desculpe-me, sr. Rato. Eu entendo que isso seja um grande problema para o senhor, mas não me prejudica em nada, não me incomoda.
O rato foi até o porco e lhe disse:
- Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira!
- Desculpe-me, sr. Rato, disse o porco. Mas, não há nada que eu possa fazer, a não ser rezar.
Fique tranqüilo. O senhor será lembrado nas minhas preces.
O rato dirigiu-se, então, à vaca. Ela, num muxoxo, disse:
- Uma ratoeira? Isso não me põe em perigo...
Então, o rato, cabisbaixo, voltou para a casa para encarar a ratoeira.
E naquela noite, ouviu-se um barulho!
Meu Deus, era a ratoeira pegando sua vítima!
A mulher do fazendeiro correu para ver o que estava lá.
No escuro, ela não viu que a ratoeira havia pego a cauda de uma cobra venenosa.
E a cobra picou a mulher...
O fazendeiro a levou imediatamente ao hospital. Ela voltou com febre.
Para alimentar alguém com febre, nada melhor que uma canja de galinha.
O fazendeiro pegou seu cutelo e foi providenciar o ingrediente principal.
Como a doença da mulher continuava, os amigos e vizinhos vieram visitá-la.
Para alimentá-los, o fazendeiro matou o porco.
A mulher não melhorou e acabou morrendo.
Muita gente foi ao funeral.
Para alimentar todo aquele povo, o fazendeiro, então, sacrificou a vaca!
Moral da história:
Na próxima vez que você ouvir dizer que alguém está diante de um problema e acreditar que o problema não lhe diz respeito, lembre-se que, quando há uma ratoeira na casa, toda a fazenda corre risco!!
Numa comunidade...o problema de um é problema de todos.
#Vamos nos importar um pouco mais com nosso próximo?
Pelos Canos
“Você é um homem ou um rato?”
Certa vez estava eu a rastejar pelos canos onde vivo, e uma indagação veio se repetindo de um lugar distante:
- Você é um homem ou um rato?
Junto com a voz corria um roedor de lixo, em minha direção, e sem um motivo aparente, eu me assustei com a presença do bicho, que passou por baixo de mim e seguiu junto com o eco..co.
Geralmente esses animais que vivem aonde eu vim viver não estranham a minha presença, presença estranha eu sempre fui, onde sempre estive, pra quem quer que fosse, mas, e aqui?
O tempo que eu passei nos esgotos já foi suficiente pra me acostumar com muita coisa nova. Coisas de sempre...
As paredes cilíndricas e ásperas desses pequenos canos de concreto me fazem feridas que nunca cicatrizam; minhas mãos e meus joelhos, meus ombros e meus calcanhares, minha cabeça e meus pés, meus cotovelos e minhas costas...
De tanto me rastejar por aí já nem sinto dor; sinto fome, sinto cede, e sinto vontade de me rastejar.
Os ratos não se importam com quem você é, eles estão por aqui e quando precisam se tocam, me tocam... geralmente no momento de dividir o alimento, ou na hora de tentar de mim se alimentar. Ficar atento tanto quanto possível, se não eles me arrancam os olhos!
Eu moro aqui faz pouco tempo, não sei quanto, pois o tempo no esgoto não é como o resto dos tempos.
Aprendi a sobreviver como os roedores de lixo, aprendi a roer lixo com os roedores de lixo. Como o tempo de quem fica atento o tempo todo parece passar mais rápido, eu passei a acreditar que estou há muito tempo vivendo aqui.
Vivendo entre ratos há tanto tempo, não me passava pela cabeça julgar quem sou eu.
Pois sempre fui ninguém.
Nunca fui alguém.
Lá de fora veio uma dúvida, direto pra dentro de mim, para agora saltar pra fora uma resposta.
Tenho medo da superfície, desde que vim morar no esgoto eu nunca mais fui discriminado; Sem juiz, não há julgamento, sem ter quem julgar, não há juiz nem julgamento, e se há juiz haverá julgamento.
Julgando que nunca fui alguém, que vivo como um rói-lixo, que somos o que consumimos:
Não sou homem
Não sou rato
Sou lixo.
Mas também
Não sou juiz
Devo ser o que sou;
Sou eu!