Rato
O sol aquecia aquele dia, tão forte que iluminava meu interior.
Me permitia ver o jazigo do que queria que estivesse morto.
Suava muito, chorava muito, tremia muito, me entristecia. Mentira, só continuava.
Seguia como quem tem caminho, seguia como um cego que não via, tateando meus muros de cacos e me machucando.
Naquele dia fiquei mais perto de Deus, subindo as escadas, perto do céu ergui as maõs.
Ele não me pegou, não me salvou, não me explicou. Era apenas eu, o sol, sombra e suor.
Não havia nada a ser dito, não havia nada a ser feito, não houve um som, senão um guincho.
Cheguei à caverna de Platão, com uma missão como Sisifu, cheguei onde deveria estar.
Esse dia fui Deus, fui a morte, fui Gaia, eu estava tão distante de mim.
Eu, tão dócil quanto um leão enjaulado e alimentado dentro do zoológico, salvando vidas com barriga cheia.
Andando pelo vale da hipocrisia, fui à bifurcação, temi cada minuto me encontrar.
Com um objetivo e frustração me vi nos olhos do roedor, duas almas se quebraram naquele momento.
E com uma cajadada seca, com o som do vazio, eu me apunhalei no reflexo de seus olhos.
Juntei meus pedaços e seu corpo, me afastei de Deus pela escada, talvez não seja mais digno.
Ensaquei minhas lágrimas, seu corpo e me arrumei, afinal, era um terça-feira e a vida não dá tempo de sentir.
Me aplacenta a escuridão
onde vivem os mais temorosos animais
minha relação com eles é única
muito eles me ensinam
Já matei muita barata no peteleco
fazendo elas girar antes de morrer
giro esse sagrado
e com a perfeição de um zumbi
Já dormi perto de ratoeiras
com os bichos me subindo pelas estribeiras
no meio da noite
Sou sempre hipnotizado pela dança
contingente que eles nos inebriam no ar
há uma matemática sagrada por aí
Não sei se foi o perfume
que me lembrou a infância
e seus fede-fedes mortos por acidente
mas em cima de mim havia uma teia
e a aranha conseguiu me envenenar
com sua gosma me retirou minha asa
Agora já não posso mais voar.
Mas sem problemas,
é só não abrir mais a boca
que não vejo mais uma mosca entrando por ela.
Nada que me impeça de me divertir,
quando elas estiverem atoa
cato-as e lhes faço ninar.
Mentira, não mato nem barata.
Só as espanto com as mãos.
Conta uma história que certa vez os ratos combinaram em abandonar o Navio.
Mas não havia nada de errado com ele, era apenas uma artimanha para criar pânico e enganar a todos, dessa forma ficariam com o Navio só para eles.
Porém o Capitão muito esperto, fez de conta que acreditou, e assim esperou todos os ratos se lançarem ao mar.
Por fim, o Capitão contou a todos o seu plano de como enganou os ratos, e que agora podiam navegar tranquilos e sem preocupações.
"Observar é fundamentalmente ver, sem fazer questão das questões, que mais ninguém vê ou quer ver. Ser bom observador requer curiosidade e uma mente afiada, para quando chegar o momento certo, saltar em cima sem piedade ...assim tal como o gato, que não pede licença ao rato, para lhe terminar com a raça!!!!"
"O relâmpago deixa, ao fugir, o horizonte triste e escuro, apesar de seu breve clarão iluminar o céu enevoado. Quando chove, algumas pessoas se abrigam procurando algo ou alguém em que possam se esconder do trovão. Somos facilmente assustados pelo som alto do trovão, ainda que a possibilidade de sermos atingidos por este não seja alta. Por que? tememos, ainda que seguros debaixo de um teto. Não é o mesmo sentimento que um rato tem quando sente o cheiro do predador, mas conosco ocorre quando ouvimos o som? É nesses momentos que lembramos que assim como os ratos, somos animais"
A política no Brasil realmente é algo inacreditável, pois até os ratos conseguem miar, ao substituirem os gatos, ao subirem no telhado para abocanhar todo o queijo
Enquanto os gatos se sentem vaidosos à procura de fisgar o peixe, os ratos estão sempre à espreita a esquecer do queijo ao armar a emboscada