Rap

No céu, o mesmo sol, mas não tem café na mesa
A crise tá sinistra, né? papai não tem empresa
As contas procriaram, assim como essas baratas
O sistema é uma fraude, o menino tá sem fraldas
De onde vim, ninguém bota fé nas habilidades
A sogra vai questionar sua utilidade
Você se sentindo o lixo dessa sociedade
Até quando viver, sem viver de verdade?

Me sinto cristão perseguido em Roma
Um Tutsi na guerra civil de Ruanda
Nossas esquinas e seus anjos armados
Mortos nas mãos de demônios fardados

Sempre enxerguei além das demais crianças
Minha mente cruzava os desertos colossais do Kansas
Como Dante Alighieri visto no inferno da alma
Na verdade o que me fere são as rosas não as armas
Honrosas lutas sujas cujo oculta a sorte
Fez com que eu matasse a morte
Sim, a arte mata a morte

Decifro os sinais
Enquanto a noite cai
Disciplina samurai
Só os forte sobrevive
'Tô na guerra e quero paz
Contenção nunca é demais
Só controle os temporais
Com o coração de freezer

Din din dom
Se prepare pra ascensão
Só pra quem roeu o osso
Vai comer filé mignon

Mas quem que acreditaria
Que eu ia dominar um dia?
Eu 'tô vivendo meu sonho
Vida boa, tendo tudo que eu queria

Ganhar pra mim é fácil, eu nasci vencedor
Abençoado de nascença, eu sou grato

Vivendo um sonho sem limite,
impressionamos a NASA
com um avião de papel

Esse papo de que se tu não existisse eu te inventaria é tão clichê
Mas cai tão bem quando se trata de você

Na rua vago, me fazendo perguntas
Puxo, paro, e penso
A vida curta e a chance é única

Redescobrindo o meu eu
Eu perguntei para Deus
Por que me deu o livre arbítrio de escolher o que é meu?
Por que o Senhor me escolheu?

Nesse mar que eu navego há vários anos
E não afundo nesse oceano de ego
Traga paz, que eu planto e rego

Ela veio assim
Disposta a aceitar minha proposta sem pensar no fim
Disse pra mim
A vida sem respostas e você pra me fazer sorrir

Pra quê perder mais tempo com o passado?
O mundo grande e perigoso lá fora
Faz pensar que eu 'tô sempre errado

Fé que nós embala nessa
Nossa vida me interessa,
Vida é bossa nova

Nós temos fome de vida, de causa e pão
Mas encher a geladeira também é revolução

O Deus macaco não pode ser morto
Livre, leve, louco, solto

Passei na sua rua e vi o seu nome no muro
Não sei se eu escrevo o meu do lado ou se eu rasuro
Prometo que se o chão cair de novo eu te seguro

Eu sei dos lugares descalços onde andei
Mesmo sem dinheiro, como eu gastei
Mas hoje eu tenho estado só, estado só
Mas sei, ser o seu amor, ser o seu rei
Pode rir agora que eu cheguei,
Não tenho mais estado só

às vezes me perco nas horas,
no sol de Ipanema saindo de cena,
eu fico e tu comemora,
flow de vendedor de poema
eu troco e aplico, nossa senhora,
escrevi isso aqui só pra te intimidar
mas no fim percebi que no fundo era só solidão