Raízes
"Em terra que não é próspera, nunca fique sem o adubo, as raízes precisam de nutrientes para produzir frutos ou flores."
... verdadeira
desolação é não criar raízes,
afetos e memórias...
Essas nervuras próprias
do espírito, sempre necessárias;
propiciandocor e sentido
ao nosso estimado
viver!
A Alquimia do Encontro: Raízes que Florescem no Silêncio das Estrelas
(por Diane Leite)
O tempo nos ensina que algumas histórias não são lineares. Elas não obedecem ao relógio, nem seguem a lógica previsível da vida. Algumas histórias são sementes lançadas ao acaso, brotando onde não deveriam, florescendo no impossível.
Jamile e eu fomos assim: duas raízes fincadas em solo árido, crescendo contra as previsões, sustentadas apenas pela força do que nos unia. No início, não havia teoria, não havia análise — só a intuição de que, de alguma forma, éramos feitas da mesma matéria invisível.
Mas o tempo passou. E hoje, olhando para trás, vejo o que não sabia nomear naquela época. O que nos uniu não foi apenas a amizade — foi a alquimia silenciosa que transforma dor em cura, que tece laços onde o mundo só vê desencontros.
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1. O Encontro Antes da Consciência
A maternidade nos reuniu. Mas não da forma convencional, onde se romantiza o milagre da vida. Nos reconhecemos no não dito, na exaustão, na solidão de sermos mães fora do roteiro esperado.
Jamile, com sua filha Bia — a menina que desafiou diagnósticos e estatísticas, que existia com a ousadia de quem ignora limites. Eu, com meu filho superdotado, que carregava uma mente à frente do tempo, mas sentia o peso de um mundo que não sabia acolher sua diferença.
Nós nunca dissemos "está tudo bem". Porque não estava. Mas havia algo maior entre nós: a liberdade de não precisar fingir.
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2. Entre o Silêncio e o Abraço: O Que Só o Tempo Revela
Na época, eu não entendia a profundidade do que vivíamos. Só sabia que, quando Jamile sorria, algo em mim respirava aliviado. Que, quando Bia ria, mesmo sem entender tudo ao seu redor, ela me ensinava que felicidade não precisa de autorização.
Hoje, sei que a nossa amizade era mais do que um encontro de afinidades. Era um espelho. Winnicott chamaria de objeto transicional — aquilo que nos permite existir entre o desespero e a esperança. Mas, para nós, era só um café compartilhado em meio ao caos, um olhar que dizia: "Eu vejo você".
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3. Quando a Vida Ensina o Que os Livros Não Contam
Prosperidade nunca foi sobre dinheiro para nós. Era sobre rituais pequenos: dividir o silêncio sem precisar preencher o vazio com palavras. Sobre saber que podíamos reclamar, chorar, dizer que estávamos cansadas, sem medo de sermos julgadas.
Bia, com seus 20 anos e o desejo de um namorado, nos ensinava algo que nenhum manual de psicologia poderia: a vida não pede permissão para existir. Ela amava, queria ser amada, ria com a mesma intensidade com que desafiava a medicina.
Na época, eu via isso como um milagre. Hoje, entendo que era muito mais: era a materialização do que Freud chamaria de pulsão de vida. Era a prova de que a existência não se resume a estatísticas, mas ao desejo inquebrável de viver.
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4. Opostos que Dançam: Eu, Nuvem. Ela, Chão.
Eu, a sonhadora. A nuvem sem direção, movida pelo vento da curiosidade infinita. Jamile, o chão. A mulher prática, que transformava sonhos em planos concretos.
No início, eu achava que éramos opostas. Mas o tempo me mostrou que éramos complementares. Jung falaria sobre animus e anima — a fusão entre o impulso e a estrutura, entre o voo e a raiz.
Ela me ensinou a construir pontes onde eu via abismos. Eu a lembrava de que até as pontes precisam de espaços vazios para existir.
E nessa dança dos opostos, descobrimos que coragem não é a ausência do medo. Coragem é a arte de caminhar com ele.
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5. O Futuro que Já Nasceu Dentro de Nós
Hoje, Jamile criou três filhas em um mundo que ainda hesita em aceitar o diferente. Eu sigo voando, mas agora sei que até os pássaros precisam de um lugar para pousar.
E Bia?
Bia continua rindo.
Bia continua amando.
Bia continua desafiando o destino, provando que algumas almas não seguem regras. Elas simplesmente existem.
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Epílogo: Para Jamile, Minha Irmã de Alma
Se eu pudesse voltar no tempo e falar com a mulher que éramos há 20 anos, eu diria:
Resiliência não é virtude. É verbo.
Amor não é posse. É ato revolucionário.
Prosperidade não está em números. Está no som das risadas de Bia, ecoando além do tempo que lhe foi roubado.
Porque agora eu sei.
Não foram 20 anos de amizade.
Foram 20 anos de constelação.
Duas estrelas que se encontraram no caos cósmico e decidiram iluminar juntas a escuridão.
Porque algumas histórias não cabem em diagnósticos.
Elas simplesmente acontecem.
E isso já é toda a teoria que precisamos.
A verdade tem o poder de penetrar nas profundezas dos corações, arrancando deles as raízes da mentira e do engano!.
A verdadeira fé é como uma árvore com raízes profundas na terra, mesmo que o vento e a tempestade derrube tudo ao seu redor, ela continuará inabalável, pois é Deus quem a sustenta.
Dois corações que se amam de verdade, unidos pelo amor a Deus, são como raízes profundas que sustentam uma árvore diante das tempestades da vida, firmes e inabaláveis.
Em Deus somos cristãos frutíferos, mas devemos crescer primeiro pelas raízes, nos consolidando pelo conhecimento da Palavra de Deus com a prática. O verdadeiro crescimento nos leva a uma vida de humildade no temor do Senhor.
Tal qual uma árvore somos definidos muitas vezes pelo que se vê. Belos galhos, saborosas frutas e encantadoras flores. Enquanto que, tudo isso, são alimentados e sustentados por fortes e vigorosas raízes, sendo a base de tudo.
O Anatômico
E foi dito que ele se mudou
Para os grânulos de fordyce dela
Lá nos risquinhos daqueles lábios
No abismo e nas raízes daquelas íris
Agarrado aos poros de sua pele
Um encosto regozijado e assustador.
Foi aqui onde nasci
E pude dar meus primeiros passos
Escutava o cantar dos pássaros
Que traziam tranquilidade
Não sei definir felicidade
Só sei que não se compra e nem se fabrica
Só havia paz, não havia intriga
Sem falar das grandes amizades
Hoje moro na cidade
Mas não nego a minha ORIGEM.
Para a maioria dos imigrantes, mudar para um país novo é um ato de fé. Mesmo que você tenha ouvido histórias sobre segurança, oportunidade e prosperidade, ainda assim é um grande salto se afastar de sua língua, de seu povo e de seu país. De suas raízes.