Rádio
guardei as fitas cassete que você gravou para mim
com músicas do rádio
apertava o rec junto com o play para gravar
as fitas cassete
cortava as propagandas que às vezes invadiam a música
não posso mais tocar
as músicas que você gravou para mim direto do rádio
não tenho mais toca-fitas
restou sua mensagem gravada na secretária eletrônica
na mini fita cassete da secretária eletrônica do aparelho de fax
não posso mais escutar
seu último recado gravado na mini fita cassete
não tenho mais secretaria eletrônica que use mini fitas cassete
(elas também morreram)
tenho apenas caixa postal que grava mensagens de voz
de quem ainda deixa mensagens de voz
que serão apagadas em trinta dias
“Ligo o rádio e ouço um chato
… Que me grita nos ouvidos
Pare o mundo que eu quero descer
Olhos os livros na minha estante
… Que nada dizem de importante
Servem só pra quem não sabe ler”
Lembranças de 1993
Uma bicicleta virada de rodas pra cima e um dínamo ligado a um pequeno rádio.
Era a música que fazia renascer em nós a esperança de que quando a guerra acabasse, voltaríamos de facto pra perto das nossas famílias e dar sequência a nossa adolescência roubada pela guerra.
As feridas provocadas pela fome, doíam no interior do estômago de cada guerreiro que embora pequeno, carregava nas veias a coragem para enfrentar a morte e vencer.
Os meninos bem como os adultos, precisam de esperança e Jacinto Tchipa, apontava o caminho que nos levava a sonhar com o colo das nossas mães que distantes, choravam as mortes de filhos vivos e esperavam por filhos que já não respeitavam.
Onde a fome cantava o soprano, contralto, tenor e baixo, Jacinto Tchipa cantava a esperança do regresso de um grande guerreiro à casa, sem muitas vezes saber que a sua mamãezinha já se não falava, não via, não respirava e muito menos podia ouvir Jacinto Tchipa cantar.
RÁDIO SANTIAGO
Com galhardia ecoa no pago
Desde a hora do meu mate amargo
Todos ficam com o "olho vivo"
A informar o indivíduo
E é com muita serenidade
Belas mensagens do "atualidade"
É uma turma que é nota dez
Com todas as notícias da vez
Aqui nesse torrão que é amado
Na voz do nosso "jornal falado"
E tantas outras programações
Verdadeiro "show" de emoções
Aos que foram e aos radicados
Vida longa à Rádio Santiago!
Ouve os amigos ..ouve as piadas no emprego... ouve a mãe, ouve a rádio ..só não ouve a fala da mulher dentro de casa... depois de alguns anos a gente perde a voz... os companheiros não tem ouvidos pra nós... ai a gente faz o que ? Cansa ..para de falar ... e vai chorar as mágoas para quem quer ouvir...no caso , sempre outra pessoa... tem sempre alguém de braços abertos pra gente... enquanto o amor da vida da gente nos vira as costas... é lei .. é realidade, é fato ... sempre assim feito aquele ditado enquanto um desdenha.. o outro quer comprar
Amores, não são para sempre.
Acordei. E antes de fazer qualquer coisa, liguei o radio.Gal cantava. "Até um dia, até talvez, até quem sabe"...
Aí chegou aquela saudade, aquela saudade, que devora, o corpo, e a alma.
Quanta dor. Impossivel não chorar.Coava o café e chorava.. Empedrada, eu nao me reconhecia, e não te reconhecias. Pensei, estamos mortas. Não percebemos, o momento, em que tudo foi morto .Aì o passado se fez presente, e perguntou, não era para sempre? Parei de fazer o café. Arrumei umas roupas na mochila, e disse, vou viajar.Onde eu chegar, de lá te telefono. Ela não fez nenhum movimento. Gal continuava cantando , " essa menina é só de brincadeira.." E fui , e fui para nunca mais voltar. Ela continua viva, dentro de mim. Hoje,sem corpo e sem alma. Aquele amor eterno, cheio de promessas, promessas, jamais cumpridas. Agora tudo é sombra. Sombra, cada vez mais tênue. RCR22012022
Uma mente depressiva é como um rádio sem sinal tentando acessar sua estação preferida... Você até pode ouvir um trecho da sua música, mas as interferências são maiores.
Sou parte de uma geração tão privilegiada que aos meus mais de cinquenta anos, ouço ainda nas rádios músicas que eu amava aos dezesseis anos e até hoje fazem sucesso!
Nos últimos dias,
O rádio tem tocados canções bonitas
E meu coração tem escutado.
Nos últimos dias,
Sequer escrevi sobre minhas angústias
E me esqueci até de minha triste linguagem.
Nos últimos dias,
Ah... nos últimos dias,
Tenho estado tão inerte em contemplar o próprio tempo
Que deixei de me preocupar com os últimos dias.
Te pedindo pra ficar
Na verdade esse som fiz pra tocar no seu rádio
Pra dizer que aqui é o seu lugar!
À TARDE
Agradeço a Deus pelo silêncio
Que às vezes se faz.
O silêncio permitido
Pelo rádio desligado,
A TV muda e vazia,
As vozes cessadas.
O som da voz de uma criança,
Medido e sentido pela distância;
O som do canto de um pássaro
Crescendo no silêncio.
O som de um serrote é o som do aço
E da madeira, tão primitivo
Quanto nos dias de Noé.
Baixo contínuo é o vento,
De tudo um violoncelo desafinado.
Certo dia ouvi a pergunta de uma enquete que fizeram aos ouvintes na rádio: "Qual a maior invenção do homem?"
Pensei comigo: o vaso sanitário.
“O amor é como uma estação de rádio, uma frequência mágica no vasto espectro do coração humano. Assim como ao sintonizar um rádio, para apreciar o amor em sua plenitude, é preciso paciência e sensibilidade. Cada pessoa é como um dial único, e para encontrar a estação perfeita, você precisa girar o dial da vida, ajustando-o com cuidado. Às vezes, pode haver estática e interferência, mas a magia acontece quando você encontra a sintonia perfeita. O amor é como música, transmitindo alegria e harmonia, mas somente quando nas mãos de alguém que sabe sintonizá-lo com a mesma paixão e dedicação. Portanto, nunca desista de sintonizar, pois o amor está sempre no ar, esperando por aqueles com a paciência e a vontade de encontrá-lo.”
Não tente repetitivamente entender as pessoas, assim como ondas de rádio, todas têm a sua própria frequência e sintonia.
Silêncio no rádio
Estão escrevendo mais um poema de amor.
Perdão! Silêncio no rádio
Estão escrevendo mais um poema de dor.
É um poema tão quente
Que as vezes me faz muito calor
Ou um poema tão doloroso
Que as vezes causa muita dor
Silêncio no rádio
Não quero ser seu resplendor
Silêncio no rádio não quero mais essa dor
Silêncio no rádio
Perdão se meu tema é amor!
No lado do carona,
a térmica na mateira
Da erva úmida,
o cheiro do mate
No rádio alguma música
regional
A paisagem bela
A serra
Os morros
A terra
Diante dos olhos
nuvens se movem
sem rosto
Dirigindo,
penso em Deus
Sou parte do mundo;
Sou tão pequeno!
Ligo as luzes,
Já é noite.
A estrada é solitária
- Sempre foi -
Reflexos luminosos
indicam sereno da madrugada
Peço a um anjo
que me guie
A vida não tem parada
Já, já
surgirá um novo dia.