Rachel de Queiroz Crônicas

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É como se todos nós, no fundo sentíssemos que nascemos apenas para obedecer a um chamado, e obedecer docilmente, a obedecer a qualquer um que nos convoque para vitória, mesmo que na verdade, nos convide para morte.
A conclusão humilhante é que, todos, homens e carneiros, sentimos que nascemos para fazer parte de um rebanho.

...da inocência da infância até à velhice extrema, continuará exatamente assim, só atribuindo interesse e grandeza àquilo que está a serviço da sua pessoa e da sua importância.

"Quem com ferro fere... " E o perigoso bicho homem também já vai virando animal em extinção; é o que acontece com todos os grandes carniceiros: já quase não existem leões no deserto, nem tigres de Bengala; e o mesmo sucederá conosco, que somos os mais ferozes de todos os predadores.

"A grande causa de esquecimento, a responsável pela pouca contrição da gente e a pouca constância no arrependimento, é o tempo, é o tempo não ser, como o espaço, uma coisa onde se possa ir e vir, sair e voltar... O que se passa no tempo, some-se, anda para longe e não volta nunca, pior do que se estivesse do outro lado de terra e mar.

Afinal, quem pode manter, num espelho, uma imagem que fugiu?"

"Cada coisa tem sua hora e cada hora o seu cuidado".

( "Formosa Lindomar" in: "Rachel de Queiroz". Agir Editora.)

...da inocência da infância até à velhice extrema, continuará exatamente assim, só atribuindo interesse e grandeza àquilo que está a serviço da sua pessoa e da sua importância."

(in "Um alpendre, uma rede, um açude: 100 crônicas escolhidas", Editora Siciliano, 1994. – Fonte: Templo Cultural Delfos)

Felizmente já faz tempo. Pensei que ia contar com raiva no reviver das coisas, mas errei. Doer se gasta. E raiva também, e até ódio. Aliás também se gasta a alegria, eu já não disse?
[...], nada volta mais, nem sequer as ondas do mar voltam; a água é outra em cada onda, a água da maré alta se embebe na areia onde se filtra, e a outra onda que vem é água nova, caída das nuvens da chuva. E as folhas do ano passado amarelaram, se esfarinharam, viraram terra, e estas folhas de hoje também são novas, feitas de uma seiva nova, chupada do chão molhado por chuvas novas. E os passarinhos são outros também, filhos e netos daqueles que faziam ninho e cantavam no ano passado, e assim também os peixes e os ratos da dispensa, e os pintos... tudo. Sem falar nas moscas, grilos e mosquitos. Tudo.

VOVÓ @. COM



Raquel de Queiroz me encanta sempre que leio “A arte de ser avó”, que mais parece uma declaração de amor do que uma crônica. Além do manejo perfeito das palavras, não há como desvincular o texto da serena figura da escritora, com aquele jeito de avó. Fofinha, de óculos, sorriso complacente, meiguice e doce cumplicidade. Vovó como mandava o figurino. Como foi a minha e a de tantas vovós de hoje.
Pois é, como tudo mudou com a aceleração da modernidade, as avós mudaram também. Não no mais importante, creio eu, que é no quesito amor maternal elevado à potência dez, mas na forma como esta relação tão especial acontece entre netinhos e vovós nos tempos de @.com.
Mudaram as avós ou mudaram os netos? Inclino-me a afirmar que a mudança maior atingiu as avós. Simples, as mulheres mudaram e isso independe do grau que ocupam na hierarquia familiar. Dos vinte aos oitenta os cosméticos, a academia, o vestuário muda muito pouco. Os hábitos também. Não causaria nenhuma surpresa encontrar a avó curtindo a mesma balada que a neta, visitando a mesmas lojas de jeans, fazendo o maior sucesso nas rodinhas de conversa. Afora as experiências e histórias que compartilham com os jovens sem nenhum constrangimento. Tem ainda a confiança inabalável e o prestígio que uma avó possui com seus netos. Mãe é para educar, reprimir , colocar limites, dizer não, impedir. Vó não, esta é para defender, dar cobertura às peraltices que mãe não tolera, ouvir segredinhos (e guardá-los), alcançar aquele dinheirinho extra, comprar e dar de presente um tênis de marca que o neto nem precisava, sercúmplice do namorinho escondido e até permitir que os pombinhos se encontrem na sua casa, sem que os pais desconfiem nem em sonho. E avós modernas têm Orkut, sabem usar o computador, fumam, namoram e dirigem automóvel. São tão arteiras como os netos. Gostam de música, de filmes de ficção científica e adoram comer porcarias, de preferência no schoping. Não que não encarem a cozinha para satisfazer a gula dos marotos. Muitos bolos, chocolates e brigadeiros no melhor estilo abre-embalagens de semi- prontos, melhora a classificação da vovó no ranking e no prestígio familiar. E o que é melhor em tudo isso é que essa vó moderna é fofa também, mesmo não tendo nada de matrona ela dá colo gostoso, abriga na sua cama, faz chá de camomila e curte a dor-de-cotovelo, sempre que essa desgraça acontece com seus netos. Muitos dizem “minha vó é uma fofa”, querendo dizer querida, amorosa, parceira, macia, gostosa de conviver.
Vó é tão especial, que mesmo sendo modernas, joviais e cibernéticas, não se importam nem um pouco em dividir o espaço em sua cômoda, abarrotada de frascos de perfumes e de batons vermelhos, com porta-retratos ostentando aquelas carinhas, que só ela sabe, são o maior e mais descarado amor que uma mulher é capaz de sentir.


Maria Alice Guimarães

Não adianta colocar a estátua da maravilhosa escritora Raquel de Queiróz em uma praça para ser apreciada por alguém que só percebe o bronze sendo derretido e vendido como sucata. É preciso primeiro ensinar o significado simbólico que tal monumento tem para a comunidade.

Inserida por fabioxoliveira2007

⁠O fogo, essa chama viva da natureza,
Que pode trazer vida e também destruição,
É um tema que inspira muitos poetas,
Da nossa rica literatura brasileira de emoção.

Como nos alerta o escritor Guimarães Rosa,
O fogo é uma força que não se pode controlar,
E quando se alastra pela natureza,
Pode levar consigo o belo e o raro, sem poupar.

Mas a preservação é essencial,
Como nos ensina a escritora Rachel de Queiroz,
Para que a natureza possa sobreviver,
E manter seu equilíbrio em todo o arco.

A natureza é um bem comum a todos,
Como afirmou o sociólogo Betinho,
E cabe a nós cuidar desse patrimônio,
E garantir que ele seja um bem sem fim.

E como bem disse o poeta Carlos Drummond de Andrade,
O incêndio é uma chama que não se apaga,
E por isso, devemos agir com sabedoria,
Para preservar a natureza e sua paisagem tão rara.

Que possamos seguir o exemplo de tantos escritores,
E agir com responsabilidade e amor,
Para preservar o fogo, os incêndios, a natureza,
E garantir que ela sempre renasça com vigor.

Inserida por romeufelix

"(...) E se não fosse uma raiz de mucunã arrancada aqui e além, ou alguma batata-branca que a seca ensina a comer, teriam ficado todos pelo caminho, nessas estradas de barro ruivo, semeado de pedras, por onde eles trotavam trôpegos se arrastando e gemendo”.

( in "O Quinze".)

"A piedade supõe uma condição de superioridade e a gente só pode se compadecer de quem sofre mais do que nós".

( in "Um alpendre, uma rede, um açude: 100 crônicas escolhidas", Editora Siciliano, 1994.)

Distante, do RIo, me sinto um pouco traidora. Como uma espécie de avó que não assiste o próprio parto da filha, não escuta o primeiro choro do neto. Minha obrigação era estar lá, espiando o céu, junto com os outros, interpretando o barulho dos trovões, ou se não houver trovões, apurando o olhar e o ouvido para detectar por outros indícios a tristeza ou a esperança.

Porém recordo que como as folhas de verão, os bombeiros mudam e são substituidos pelas folhas novas

⁠Fome demais tira o juízo.

Rachel de Queiroz
O quinze. Rio de Janeiro: José Olympio, 2012

A vida toda é um doer.

⁠Recordando a labuta do dia, o que o dominava agora era uma infinita preguiça da vida, da eterna luta com o sol, com a fome, com a natureza.

Rachel de Queiroz
O quinze. Rio de Janeiro: José Olympio, 2012
Inserida por pensador

⁠Só talvez por um milagre iam aguentando tanta fome, tanta sede, tanto sol.

Rachel de Queiroz
O quinze. Rio de Janeiro: José Olympio, 2012
Inserida por pensador

⁠Já era tão antiga, tão bem instalada a sua fome, para fugir assim, diante do primeiro prato de feijão, da primeira lasca de carne!...

Rachel de Queiroz
O quinze. Rio de Janeiro: José Olympio, 2012
Inserida por pensador

⁠A gente faz o que pode para não morrer de fome…

Rachel de Queiroz
O quinze. Rio de Janeiro: José Olympio, 2012
Inserida por pensador