Quintal
São memórias que habitam o peito meu
No cenário poético do Sertão.
Vira lata no quintal sem coleira
Vigiando um burrego desnutrido
Um boi velho cantando seus mugidos
Carcarás nos farpados da porteira
Uma lebre fugindo nas carreiras
Um tum tum de batidas no pilão
Se mistura ao estampido de um trovão
Passar vela nas mãos de quem morreu
São memórias que habitam o peito meu
No cenário poético do Sertão.
Pés cansados calçando uma alparcata
Em fragelos os punhos de uma rede
Lagartixas desfilam nas paredes
No coreto matuta enfeitada.
Com perfume Almíscar perfumada
Um casal namorando no portão
Um vaqueiro , uma espora e um gibão
Procurando uma rês que se perdeu
São memórias que habitam o peito meu
No cenário poético do Sertão.
Um bruguelo chorando desgosto
E um velho tocando realejo
Faz comércio de doce quebra queixo
sacudir o pirrai que tomou o choro
Procissão de boiada dando estouro
Benzedeira vendendo oração
Lapeadas de folha de peão
Ver visagem de alguém que já morreu
São memórias que habitam o peito meu
No cenário poético do Sertão.
Pr Jardel Cavalcante
Ontem acordei
com uma borboleta azul
voando em meu quintal
trazendo a cor do céu
pra bem junto de mim
eu por minha vez
agora só queria
olhar
a borboleta azul
que traga sorte
e espanta a morte
não repare se me ver
chorar
nào repare
se me ver
chorar
você por su vez
agora só queria
olhar
MEU QUINTAL
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Uma rede me aguarda no quintal;
numa sombra que a mão até apalpa;
rede não social, por ser só minha,
só aceita o calor de minha pele...
Os calangos procuram meus sinais,
a mangueira não sabe o que dizer,
nem a cobra cipó entre a folhagem
faz menção de saber aonde ando...
Vim ao bairro buscar o que não planto
no meu canto, na terra de arvoredo;
volto logo a compor essa paisagem...
Minha fauna se une à minha flora
nesta hora de ausência inesperada;
meu quintal me requer, pois mora em mim...
Hoje, no quintal da minha casa, inspirei lenta e profundamente o aroma de uma vespertina brisa de outono. Senti um acentuado cheiro de boas emoções, de onde sobressaía a tal felicidade. Essa durou tanto quanto a inspiração, que, pela oxigenação, inspirou uma lenta, mas profunda mente.
o pensamento me liberta
para uma caminhada no quintal
talvez não seja a escolha certa
fui parar no hospital,
não consigo desapegar,
pois sem ele eu fico mal.
Olha que cara de pau
Agora quer dar moral
Quer ciscar no meu quintal
Esse papo de casal
Só depois do carnaval
Lavar a bicicleta cedinho no quintal faz-me recordar a minha infância. De quando eu, o meu irmão e a minha irmã ligávamos a mangueira, pegávamos os produtos de limpeza escondidos da mamãe e ficávamos a manhã inteira com a bicicleta de cabeça pra baixo disputando quem deixava o quadro mais limpo e os aros mais brilhantes. Era uma verdadeira festa. Sempre nos divertiamos fazendo as coisas mais simples dessa vida. Hoje, cada vez que jogava a água na bicicleta e ela caía molhando os meus pés, eu recordava de nós e dava um sorriso. Um sorriso leve, que faz eu me sentir gente-viva e me ensina que nessa vida, o que importa não é o dinheiro, muito menos o poder, o status ou as riquezas materiais. O que importa é o que permenece dentro da gente mesmo quando o outro decide/precisa voar. Sigo aprendendo diariamente, buscando remar contra a maré do ter/parecer, carregando o coração, a voz e a resistência para onde vou. Amar e mudar as coisas, como diria Belchior, me interessa muito mais.
O livre espaço da liberdade acontecia naquele quintal.
A linda visão cruzava o céu,
até que via estrelas cadentes.
Quando a planta não valoriza mais o quintal, só há duas formas de lhe dar com ela, ou cuidar dela ou tirar do quintal.
Acabou todos os planos, nossa casa,nossas viagens e nosso quintal grande.
Só que o principal ainda vive em mim.
Espalhe o cheirinho de flores no quintal;
Pendure algumas memórias no varal,
Respire fundo e deixe o vento das lembranças vagarosamente perfurmar sua alma.
Espalhe as flores
No quintal da sua casa ❤
Pendure no estendal
Todas as suas memórias
Respire e deixe que o vento
Perfume a sua alma.
Quando tens prosperidade, nunca tenhas a mania que um quintal é uma herdade. Hoje podes ser cidade e amanhã uma freguesia.
"Ser nordestino é ter no quintal aquilo que os turistas querem fotografar e dizer lá fora:fui em Sergipe e vi seus Cânions,passei em Pernambuco e fui em Itamaracá,em São Luís dancei com as crioulas, lá na Paraíba aprendi dançar o autêntico forró pé de serra,na Bahia comi acarajé,na Cidade de Natal vi o maior cajueiro do mundo,em Teresina como aquele bode na brasa,de Alagoas estou levando lembranças de suas praias tranquilas,do Ceará recordações de Canoa Quebrada,as vezes penso em conhecer a Europa,mas lembro que na minha região tem tudo,e tudo que aqui tem é obra da natureza."
Média
A manteiga dá o sal,
o pão amansa a fome,
a rua vira quintal...
Mas a média é sempre fria
(mesmo que fervente)
Quando servida
por um estranho
a uma mulher de pé,
sozinha,
na padaria.
(Verônica Marzullo)