Quente
Abro a porta do armário
Com o chá já quente no bule.
São oitenta e sete xícaras,
quatro leiteiras e um medo.
Me sirvo pensando em você...
É que minha nova mania é olhar leilões:
é imaginar a senhora que morreu
e colheu, numa vida, esses nove pratos de bolo.
O senhor dos treze cachimbos
que amava móveis de jacarandá,
agora, já não mais tem pulmões pra estragar.
Se desfazer de uma vida, de um lar inteiro.
Da bengala e do querido relógio com ponteiro quebrado
Dos lençóis, da aliança, do velho e amarelado cinzeiro
-no desespero a família contacta Conrado, o leiloeiro.
Alguém pode dar nova vida a esses pratos rasos
Às cadeiras que foram compradas para dois
- que eram seis e pareciam excesso -
até a chegada, inevitável, dos netos.
Um lote com trezentos e sete selos
para quem? Mais que o dinheiro
É preciso um motivo para a coleção gigante
Ou o pequeno açucareiro.
Folheio lotes e lotes
de uma estranha melancolia encantada:
Que belo aparelho de chá!
Quantas conversas
já não presenciaram
essas peças de porcelana verde?
Mais um gole com o pulsar aflito:
E eu? O que será de mim,
Mãinha?
Como hei de um dia esvaziar o armário?
Quando restarem de ti essas xícaras,
as leiteiras, e já sem voz,
tuas flautas, o que sobrará então, de mim?
Como beber nelas café,
Quando torrões de açúcar resultarem inúteis?
Confissões de uma menina que não gosta
Não gosto do frio
Não gosto do quente
Não gosto do alívio e nem tampouco gosto da dor
Não gosto do egoísmo e, nem por isso, gosto do amor
Não gosto de criança - crianças nunca se cansam
Não gosto da velhice - velhos são chatos, tão donos da verdade e tão fatigados
Não gosto do beijo
Não gosto do abraço
Mas gosto muito menos do regaço
Não gosto e quem canta e seus males espanta
Não gosto de quem dança,
Pois não gosto de festa
A música não me interessa
Pra que serve o prazer?
Só serve pra entreter
Não gosto de quem sonha
Nem da tragédia medonha
Não gosto de quem perde
Também não gosto de ganha
Não gosto de menina assanhada
Também não gosto de menina acanhada
Não gosto de gente que bebe
Não gosto de gente que fuma
Não de coisa nenhuma
Não gosto de quem gosta de tudo
Também não gosto de quem não gosta de nada
Não gosto de mim
Não gosto de quem gosta de mim
Também não gosto de quem de mim não gosta
Não gosto do não
Não gosto do fim
Não gosto do afeto
Prefiro a desdém
Não gosto do medo
Não gosto do apego
Não gosto do apelo
Também não gosto de apelido
Não gosto do mocinho
Também não gosto do bandido
Tenho medo de ambos
Mas não gosto de ter medo
Não gosto de ser cedo
Também não gosto de ser tarde
Não gosto do ócio
Não me arramo em nenhum negócio
Não gosto de ter sócio
Não gosto do tédio
Não gosto de remédio
Não gosto de estar vivo
Não me sinto à vontade
Não gosto de gente melosa
Não gosto de gente melindrosa
E nem de gente meticulosa
Também não gosto de gente sem prosa
Não gosto de gente desnuda
Não gosto que me deixem de saia justa
Não gosto que me deixem de lado
Mas sou alérgica ao afago
Não gosto de ser o centro das atenções
Não gosto de gente bonita
Mas não cultuo a feiura
Não gosto de sair
Mas não gosto de ficar
Não gosto de gente metida
Não gosto de gente atrevida
Não gosto de gente sofrida
Não gosto de gente arredia
Não gosto da noite
Não gosto do dia
Vai que um um dia eu goste e goste de gostar...
A manteiga de leite desliza
derretida no pãozinho quente.
Chá de canela e o mugido das vacas
lá no curral.
Quarta linda!
Em algum momento perceberemos que tudo que passamos foi preciso. A cabeça quente esfria e a mete volta a funcionar, tiquetaqueando como o relógio na parede, quase parando, mas a pilha ainda o faz funcionar.
Pacto com o SOL
Entre nuvensa coloridas,
meus sonhos eu quis guardar,
veio o sol quente e escaldante
para meus sonhos expulsar
Fiz um pacto de ousadia
com este rei esplendoroso,
permita a eles a estadia
que lhe faço mais poderoso.
O sol ficou exaltante,
mal podia imaginar
que a promessa que lhe fiz
jamais conseguiria pagar,
eu só queria da vida
meus sonhos proteger
como se fosse possível,
sem eles poder viver...
mel - ((*_*))
Era a manhã mais quente que eu já tinha vivido, e com certeza porque nós dois estávamos no mesmo quarto. Você usava apenas um moletom e meias, estava fumando sentado em cima da cama enquanto eu tomava banho. Tinha uma janela naquele quarto, lá fora chovia e a paisagem era a neve por cima de tudo que havia na cidade.
Lembro de quando terminei o banho, peguei qualquer blusa e peguei uma xícara de café, fiquei te observando alguns bons minutos mas depois você notou minha presença, fiquei perplexa quando percebi que era verdade, aquele quarto, nós, a chuva, a neve, o frio, meu café que esfriava mais e mais de acordo com o tempo que eu ficava em pé reparando em tudo, acordei daquele meus pensamentos então ouvi sua voz no fundo, mas não fui capaz de entender o que suas palavras diziam, fui me aproximando até que cheguei aonde você estava, não sabíamos direito o que faríamos, nenhum de nós estava sóbrio, tomamos uma dose de amor na noite anterior, aquele silêncio foi invadido com a minha gargalhada, sinceramente não me recordo porque da risada, na verdade acho que eu estava muito contente perto de ti, você começou a perguntar o que havia acontecido e começou a rir também, era meio óbvio mas balancei a cabeça num sentido de negação, como se não soubesse, mas claro que eu tinha a resposta, estava tão apaixonada por você, sentia cada pedaço do meu corpo pedindo seus braços em volta de mim porém não ia arriscar ficar vulnerável perto de ti. Aquela manhã foi a melhor com a sua companhia.
Suíça, 10 de Abril de 1996.
Chá quente.
Estalos de louças loucas quebrando dentro desse "escorre dor" de mim.
Escorrendo lágrimas sujas da poesia nula.
Estou em período fértil de ti (da canção de Chico César).
E vais fertilizando beijos obsequiosos
Dentro desse sertão "glacial mente" disposto dum coração poesia nula.
E vergonhosas lágrimas lacrimejando os dentes tortos da boca coração.
E meu coração sai pela boca.
E agora tudo que eu queria,
Um beijo e um chá de kamomila.
Vinicius Rocha-Brasil.
Não penso, eu vejo, eu sinto...
Sinto teu riso quente no pescoço,
a me fazer sorrir como a ouvir piada,
de um carnaval de colombinas,
chorosas e apaixonadas por pierrôs
de mentes insensatas
Sinto... Choro; desencantada,
de rosto lavado nunca maquiado,
com gosto de sal na boca desdentada,
no frio da noite do coração deserto.
Esfrego o rosto melecado do beijo abusado
cheirando a farinha com mel; mel azedo!
A chamar em vez de abelhas zangões
para infernizar os infelizes anões...
Sinto tua barba babada, teu cheio de velho
tuas mãos enrugadas a querer meu corpo
felino cheio de curvas; malhado.
Sinto teu suor pegajoso me livro num sopapo.
Sinto o chão do meio dia no meio fio que se senta
a pedir numa palidez cadavérica o pão que sana a fome.
Sinto a raiva queimar no reverso do vento que venta
a engolir o velho tempo que faz seres sem nome.
Sinto e vejo o presidente coçar o saco
comer peru em vez de cuscuz ou rabanada
enquanto o povo é deixado as baratas aos cacos
sem saber onde fica Berlin ou Canadá.
Penso que não dizer nada é covardia... Ser palhaça
num picadeiro podre no meio da praça.
Vejo que aquela cabeça raspada não cursa faculdade
vai pra cadeia pagar por ter caído em desgraça.
Penso que a areia ensolarada é para bronzear o rico.
O povão se deleita na lagoa Rodrigo de feitas
a rir um dos outros feito bestas.
O rico embaixo da tenda com cigarro nas piteiras
o pobre no quadriculado ri triste das suas besteiras.
Luly Diniz.
06/09/16.
Falam que o inferno é o lugar mais feio, quente, insuportável, cheio de pessoas que foram pra la pois eram falsas, mentirosas, que se aproveitaram de outras para lucrar de bons homens e também usaram o nome de seu Deus para beneficio do seu bem estar e não amaram o seu irmão como a si mesmo e nem a si mesmo amaram...
O inferno é aqui...
Tipos de beijos
O beijo amassado é muito selvagem
O beijo apaixonado é quente como o verão
O beijo romântico é bem comportado
O beijo desinteressado é só pra dar satisfação
O beijo platônico só é dado em sonhos
O beijo macio eu sempre quero dar
O beijo de amor nos leva aos planos
O beijo leviano é inconstante pra danar
O beijo respeitoso é na testa ou na mão
O beijo colado nos faz estremecer
O beijo fraterno é união entre os irmãos
O beijo maldito ninguém quer receber
Sabemos que...
Existem vários tipos de beijos
Como os selinhos e os espalhados pelo ar
Mas pior que o beijo gelado que a gente pode dar
É o beijo falso que representa a traição.
"Daquela sacada,um frio intenso, mas o corpo quente,declaraste seu amor à ela...De uma forma tão real,que ela acreditou!
Mas tudo não passou de mera ilusão...
Hoje ela deixou de lado toda as esperanças de um amor.Pois
o que ela mais queria não mais existia...
Nada mais fazia sentindo...
Acabou seu mundo,no instante em que VC se mostrou irreal!"
_ Você quer uma xícara de café ou o meu amor?
_ O café está quente?
_ Sim!
_ Dois dedos, por favor.
Mas o amor também estava...
“Cada vez mais quente, o planeta agoniza, num duelo desigual, para se livrar das garras da atrocidade humana, que o está transformando numa bomba cujo relógio salienta, num tique-taque inquietante, a contagem regressiva da vida, alertando que pode explodir a qualquer instante, pois o estopim, hiperaquecido, é mantido sob as chamas da insensatez, do interesse financeiro, político, subjetivo... Dessa forma, expõe a vida, esse frágil fio atado ao onipresente, ao flagelo, impelindo-a a vagar por caminhos sem horizontes, à mercê daqueles que põem em xeque o futuro da humanidade.”
Nem azul nem rosa. Lilás talvez, transparente. Quem sabe?
Nem quente nem frio. Ameno talvez, morno. Quem sabe?
Nem cheio nem vazio. Meio copo de nada. Quem sabe?
Nem aqui nem lá. Perdido no caminho. Quem sabe?
Nem medo nem coragem. Inútil na Terra. Quem sabe?
Não sabe, não vê, não sente, não age, não crê.
Alguém há de saber, mas não se importa. Ignorou.
Enfim a primavera!
Será bela?
Será quente, enfeita a vida da gente?
Muda o sentido das coisas?
Mas que tamanho engano. Pessoalmente é algo a se pensar.
Pois quem muda e se faz com pés bem firmes no presente, somos nós!
Se vivermos a ansiedade do sonhar impomos nossa vida a uma dura novela.
Não percebemos que o simples está no que consideramos atitudes tolas.
Esse feliz é uma imposição atemporal a nos crucificar.
E se hoje eu lhe disser que a minha conquista diária de felicidade é poder optar:
Em que estado de humor eu quero ficar “ sem ninguém me cobrar”!
Eu dei a ele um sorriso que era ao mesmo tempo quente e frio. Um que eu espero que diga, eu não sou mais aquela pessoa. Você não me magoou e eu nunca penso em você.
Sempre gostei de pairar
sobre o ar quente rumo ao infinito.
Mas foram os bolsões,
que me forçaram a baterem as asas;
que me fortaleceram para a vida.
marcos fereS