Quente
Não existe nada melhor que a chuva caindo lá fora, um cobertor quentinho, um chocolate quente e um bom livro para distrair a mente!
Eu quero um colo, um berço, um braço quente em torno ao meu pescoço, uma voz que cante baixo e pareça querer me fazer chorar. Eu quero um calor no inverno, um extravio morno de minha consciência e depois sem som, um sonho calmo, um espaço enorme, como a lua rodando entre as estrelas.
As quatro estações já estavam bem definidas. Era assim. Ela era assim. De vez em quando quente como o verão, quase sempre fria como o inverno. Caía lentamente igual às folhas no outono e florescia rapidamente depois, assim como as flores na primavera.
Preciso de alguém que eu possa estender a mão devagar sobre a mesa para tocar a mão quente do outro lado e sentir uma resposta como - eu estou aqui, eu te toco também. Sou o bicho humano que habita a concha ao lado da conha que você habita, e da qual te salvo, meu amor, apenas porque te estendo a minha mão.
Qual a melhor forma de sentir calor
Sem seu corpo quente.
Qual o melhor jeito de falar de amor
Sem falar da gente.
Nordeste quente
O Nordeste é realmente
um lugar que só faz bem
tem no mar a água quente
na beleza é um harém
êita povo diferente
gosta de falar oxente
sem falar mal de ninguém.
Todo dia é assim, tempo quente pé na estrada, tô seguindo meu caminho, já parti pro tudo ou nada... que bom que todo dia vai ser sempre assim!
No silêncio da noite quente,
Imagino em minha nuca teus lábios quentes,
A despertar-me de um sono profundo,
Envolvendo-me em carícias ardentes.
E entrego-me inteiro nos seus braços,
Minha sacerdotisa linda e envolvente,
Mas de súbito, acordo, para não profanar,
nossos templos por um ato inconsequente.
O cheiro do teu corpo, o toque das tuas mãos, o sussurro de tuas palavras, o beijo quente de seus lábios. É o que eu quero, agora, depois já não sei. Então vem, que eu já estou a te esperar!
-Quando estiver muito quente, me dará uma moleza de balançar devagarinho na rede pensando em dormir com você.
Uma lágrima brotou-lhe dos olhos, quente de todo o calor de uma alma apaixonada e sensível; brotou, deslizou-se e foi cair no papel.
Uma xícara de café bem quente, vento no rosto, e um bom livro na mão, talvez levasse embora esses pensamentos estranhos que me tiram do normal, me levam pro inconsciente, pro paranormal.
Eu quero um colo, um berço, um braço quente, um calor no inverno, um sonho calmo, um espaço enorme, como a lua rodando entre as estrelas…
Quero conhecer seus lindos olhos castanhos, sentir o seu abraço quente como o fogo da paixão;
Me dê a oportunidade de estar ao teu lado com imensa dignidade e clareza que conduz os meus sentimentos;
Deixe-me dizer o que sinto realmente, adentrar pelas suas entranhas e enfeitar os seus passos com minhas verdades e carinhos;
Quero ser teu com todas as certezas para que grave o meus sentimentos em teu coração;
Mais eu sei... rainha da pista que conquista quem passa
Quente como o sol e faz sinal de fumaça, quando vai embora tudo fica sem graça
A saia dela diz onde ela quer chegar, difícil é saber como me aproximar
O que será que ela tem pra dar?
Prá nunca mais chorar
Pra nunca mais chorar...
Passava do meio dia, o cheiro de pão quente invadia aquela rua, um sol escaldante convidava a todos para um refresco. Ricardinho não agüentou o cheiro bom do pão e falou:
- Pai, tô com fome! -
O pai, seu Agenor, sem um tostão no bolso, caminhando desde muito cedo em busca de um trabalho, olha com os olhos marejados para o filho e pede mais um pouco de paciência...
-Mas pai, desde ontem não comemos nada, eu tô com muita fome pai!
Envergonhado, triste e humilhado em seu coração de pai, Seu Agenor pede para o filho aguardar na calçada enquanto entra na padaria á sua frente.
Ao entrar dirige-se a um senhor no balcão:
- Meu Senhor, estou com meu filho de apenas 6 anos ai na porta com muita fome, não tenho nenhum tostão pois sai cedo para buscar um emprego e nada encontrei. Eu lhe peço que em nome de Jesus me forneça um pão para que eu possa matar a fome desse menino, em troca posso varrer o chão de seu estabelecimento, lavar os pratos e copos, ou outro serviço que o Senhor precisar.
Amaro, o dono da padaria estranha aquele homem de semblante calmo e sofrido, pedir comida em troca de trabalho e pede para que ele chame o filho. Seu Agenor, pega o filho pela mão e apresenta-o ao Senhor Amaro, que imediatamente pede que os dois sentem-se junto ao balcão, onde manda servir dois pratos de comida do famoso P.F (Prato Feito), arroz, feijão, bife e ovo. Para Ricardinho era um sonho, comer após tantas horas na rua, para o Seu Agenor, uma dor a mais, já que comer aquela comida maravilhosa fazia-o lembrar-se da esposa e mais dois filhos que ficaram em casa apenas com um punhado de fubá, grossas lágrimas desciam dos seus olhos já na primeira garfada. A satisfação de ver seu filho devorando aquele prato simples como se fosse um manjar dos deuses, e a lembrança de sua pequena família em casa, foi demais para seu coração tão cansado de mais de 2 anos de desemprego, humilhações e necessidades. Amaro se aproxima do Seu Agenor e percebendo a sua emoção, brinca par a relaxar:
- O Maria, sua comida deve ta muito ruim, olha o meu amigo ta até chorando de tristeza desse bife, será que é sola de sapato...? Imediatamente, Seu Agenor, sorri, e diz que nunca comeu comida tão apetitosa, e que agradecia a Deus por ter esse prazer. Amaro pede então que ele sossegue seu coração, que almoçasse em paz e depois conversariam sobre trabalho. Mais confiante Seu Agenor, enxuga as lágrimas e começa a almoçar, já que sua fome "estava nas costas".
Após o almoço, Amaro convida o Seu Agenor para uma conversa nos fundos da Padaria, onde havia um pequeno escritório. Seu Agenor conta então que há mais de 2 anos havia perdido o emprego e desde então, sem uma especialidade profissional, sem estudos, ele estava vivendo de pequenos "biscates aqui e acolá", mas que há 2 meses não recebia nada. Amaro, resolve então contratar o Seu Agenor para serviços gerais na Padaria, e penalizado, faz para o homem uma cesta básica com alimentos para pelo menos 15 dias. Seu Agenor com lágrimas nos olhos agradece a confiança daquele homem e marca para o dia seguinte seu início no trabalho. Ao chegar em casa com toda aquela "fartura", seu Agenor é um novo homem, sentia esperanças, sentia que sua vida iria tomar novo impulso, Deus estava lhe abrindo mais do que uma porta, era toda uma esperança de dias melhores.
No dia seguinte as 5 da manhã, Seu Agenor, estava na porta da Padaria ansioso para iniciar seu novo trabalho. O Senhor Amaro, chega logo em seguida e sorri para aquele homem que nem ele sabia porque estava ajudando. Tinham a mesma idade, 32 anos, e histórias diferentes, mas algo dentro dele chamava-o para ajudar aquela pessoa. E, ele não se enganou, durante um ano, Seu Agenor foi o mais dedicado trabalhador daquele estabelecimento, sempre honesto e extremamente zeloso com seus deveres Um dia, Amaro chama o Seu Agenor para uma conversa e fala da escola que abriu vagas para a alfabetização de adultos um quarteirão acima da Padaria, e que ele fazia questão que Seu Agenor fosse estudar.
Seu Agenor até hoje não consegue esquecer seu primeiro dia de aula, a mão trêmula nas primeiras letras e a emoção da primeira carta...
Doze anos se passaram desde aquele primeiro dia de aula, vamos encontrar o Dr. Agenor Baptista de Medeiros, hoje advogado, abrindo seu escritório para seu cliente, e depois outro, e depois mais outro. Ao meio dia ele desce para um café na Padaria do amigo Amaro, que fica impressionado em ver o "antigo funcionário" tão elegante em seu primeiro terno. Mais dez anos se passam e agora o Dr. Agenor Baptista, já com uma clientela que mistura os mais necessitados que não podem pagar, e os mais abastados que o pagam muito bem, resolve criar uma Instituição que oferece aos desvalidos da sorte, que andam pelas ruas, pessoas desempregadas e carentes de todos os tipos, um prato de comida diariamente na hora do almoço.
Mais de 200 refeições são servidas diariamente naquele lugar que é administrado pelo seu filho, o agora nutricionista Ricardo Baptista.
Tudo mudou, tudo passou, mas a amizade daqueles dois homens, Amaro e Agenor impressionava a todos que conheciam um pouco da história de cada um, contam até, que aos 82 anos os dois faleceram no mesmo dia, quase que a mesma hora, morrendo placidamente com um sorriso de dever cumprido. Conta-se no céu, que o próprio Mestre Jesus veio recebê-los com um sorriso e um coro de anjos entoando uma música que falava da vitória dos que sabem persistir.
Ricardinho, o filho mandou gravar uma mensagem, na frente da "Casa do Caminho" que seu pai fundou com tanto carinho:
"Um dia eu tive fome, e você me alimentou. Um dia eu estava sem esperanças e você me deu um caminho. Um dia acordei sozinho, e você me deu Deus, e isso não tem preço.
Que Deus habite em seu coração, alimente sua alma e te sobre o pão da misericórdia para estender a quem precisar"
P.S. Esta é uma estória que os anjos me contaram, qualquer semelhança com a realidade, pessoas ou fatos, será mera coincidência (?)
Eu acredito em você
Original de fevereiro de 2003