Quem sou eu
JUIZO
Dos homens ardilosos e tristonhos
Sou eu o que mais perdoa.
Me apena os olhos escanteados
Dói-me a ferradura batida a martelo.
E quando o mártir não sou eu
Retiro os óculos e limpo a fronte
Para que vejam que não é pelo meu nome
Nem pela minha honra que enxergo.
Vejo por quem choraminga num canto longe.
Aplicado nos mandamentos dos assentos
Dos islãs, da Bíblia, das cartas de Maomé.
Dou como prêmio aos homens infratores
Um aperto nas mãos de ver sangrar
A piedade deles, em cálido gesto
E imputo a mim o rebaixamento no regresso.
Não me valho do posto de anjo sacrossanto,
Das vias que pisei, de pura lama,
Não, não abro o livro que escrevi na vinda,
Nem levo a risca os perigos que corri.
Mas um desafio, à minha alma pequena imputa,
O de ser bufo, o que faz provocar riso.
Quem vê escolhe entre mim e outros,
E de todos, até eu, sou escolhido.
Sou entre os anjos o que se perpetua na terra,
Um desatado, um homem em completude,
E a sentença que se anuncia é rude,
A ela deixo suportável, mansa em tudo.
Não matarei por cordas pêndulas.
Não esgarçarei por lâminas involuntárias,
Não permanecerei muito tempo em volta
Daquele que já foi, e até pode reincidir,
Nas maledicências, no desejo solitário,
Na liberdade que a mim foi concedida,
De fazer na vida, o que não na morte, onde
Poderei nem ver e ser cético, calado, morto.
A única pessoa que preciso agradar sou eu mesma. Afinal, a gente nasce tendo a obrigação de ser feliz.
E agora me vejo encantada por ela que sou eu, isso seria bom se não fosse triste, pois quanto mais me vejo nela, mais percebo que nada sou a não ser um poço de questões sem respostas, e que quando existem são ilusórias...
SOU EU
Sou o resto do pão.
Sou a lama que atola ilusões.
Sou a onda que vai e não volta.
Sou o último suspiro da flor que feneceu.
Sou a folha que cai da árvore.
Sou uma vida,
Sem vida,
Sem identidade.
Sou o mendigo que geme na sua porta.
Sou o mar sem ondas.
E o vento que não sopra.
Sou o sol que não aquece.
Sou a lua que não ilumina.
Sou a sua sobra.
Sou o que penso ser.
Sou um ser pensante.
Sou um ser errante.
a dor que te enlouquece.
Sou um pensamento
dentro da cabeça,
um erro,
um acerto,
o amor,
a dor,
o pudor despudorado.
Também sou o rancor.
Sou eu mesma
e mais ninguém.
Depois que te escrevi, me perguntei se tudo sou eu, ou se tudo são personagens.
Ou se não existe em mim alguma verdade.
Quem sabe é história do meu melhor personagem?
As vezes me vejo atormentado. Passo dias assim.
Então fecho os olhos e não vejo mais nada.
Mas paro embaixo do sol
E sinto tudo iluminado.
Hoje me perguntaram se sou covarde, rapidamente obtive a minha resposta: - Não, não sou, eu sou corajosa. - Mas parando alguns minutos para pensar e analisar, já não tenho tanta certeza disso. Talvez eu não seja covarde para as situações em que eu exponha minha vida ao perigo, em que eu exponha meu corpo, meu físico … o que está fora. Não tenho medo de ir aquele bairro super perigoso, de cair, me arranhar, me machucar, adoraria pular de bung-jump e para-quedas. Mas se eu tiver que expor meus sentimentos, minhas vontades, meus desejos, minhas emoções, o que ta aqui dentro, a situação muda de figura, se o machucado for por dentro, sim eu sou medrosa, a mais medrosa do mundo, sem coragem alguma, me recolho, tenho medo. E toda aquela coragem desaparece. Não tenho medo de arranhões no braço, na perna, na mão seja onde for. Não me amedronto. Não tenho medo de me ferir fisicamente. Tenho medo sim, de me ferir por dentro, machucado, no coração dói muito, na alma então, nem se fala. E quando esses ferimentos são no coração? E quando você, cheia de coragem se entrega e se machuca? Qual o remédio para isso? Você sabe? O meu eu sei. É a coragem de não ter coragem alguma. E se agora vierem me perguntar se eu sou covarde eu vou dizer: depende, se eu me machucar essa dor vai ser dentro ou fora ?
Sabe aqueles versos que guardas em teu caderno? Sou eu da maneira perfeita que podes ver: sou a poesia pura que te atormenta noite após noite.
[Do texto "Poesia pura"]
Não me importa se há destino
Se já está pronto, ou sou eu que
defino.
Não me importa se há caminho
em veredas, ou cheios de espinhos.
Não me fechem as portas, não
adianta, sempre encontro uma solução.
Nunca bati em uma porta que não
se abrisse.
Nunca desejei algo que não conseguisse.
Mapeio os meus desejos e sigo à risco
Acredito num feliz fim.
"Em um céu estrelado sempre tem uma estrela que brilha mais. Essa estrela sou eu, te amando sempre mais."
Se você quer vagabundar, não sou eu que vou condenar. Só não engane uma mulher na maior parte de seus anos férteis, não é legal.
Não sou eu que escrevo minhas frases, as palavras saem da alma para o papel, bato os dedos no teclado sem ordem ou rabisco no papel, o formato e a ordem é Deus que faz, faz ser traduzido os sentimentos para o entendimento humano...