Quem se diz Corajoso
Posso ser divertido se quiser. Concentrado. Inteligente. Superticioso. Corajoso. E também um bom dançarino. Posso ser o que você quiser. Diga o que quer, e eu serei pra você.
Não é que seja exatamente corajoso, meu coração tem é isso de bom: não ocupa espaço com mágoas e, com o tempo, ele se tornou desmemoriado pra assuntos de frustração.
Você é forte quando pega sua mágoa e ensina a sorrir. Você é corajoso quando supera seu temor e ajuda os outros a fazer o mesmo. Você é feliz quando vê uma flor e se vê abençoado. Você é amoroso quando sua própria dor não lhe faz cego à dor dos outros. Você é sábio quando conhece os limites de sua sabedoria. Você é verdadeiro quando admite que há vezes em que você se engana. Você está vivo quando a esperança de amanhã significa mais a você do que o erro de ontem. Você é livre quando têm o controle de si e não deseja controlar os outros. Você é honrado quando descobre que sua honra é honrar os outros. Você é generoso quando pode receber tão docemente quanto você pode dar. Você é humilde quando você não sabe como pode ser humilhado. Você é atencioso quando me vê exatamente como sou e me trata exatamente como você é. Você é misericordioso quando perdoa nos outros as faltas que você condena em si mesmo. Você é belo quando não precisa que um espelho lhe conte. Você é rico quando nunca precisa mais do que o que você tem. Você é você quando está em paz com quem você não é.
Como um homem pode ser corajoso se está com medo? Essa é a única altura em que um homem pode ser corajoso.
Nem o homem sábio nem o corajoso
se deita nos trilhos da história
para esperar que o trem do futuro o atropele.
Existem tantas maneiras de ser corajoso
neste mundo. Às vezes, coragem
significa abrir mão da sua vida por algo
maior do que você ou por outra pessoa.
Às vezes, significa abrir mão de tudo o
que você conhece, ou de todos os que
você jamais amou, por algo maior.
Mas, às vezes, não.
Às vezes, significa apenas encarar a
sua dor e o trabalho árduo do dia a dia e
caminhar devagar em direção a uma
vida melhor.
Esse é o tipo de coragem que preciso
ter agora.
Cada homem é árbitro de suas próprias virtudes. Você considerar o ato corajoso ou não é mais importante que o ato em si.
Ser corajoso (...) é uma oportunidade que mais cedo ou mais tarde se apresentará a todos nós.
É preciso ser corajoso e bom, humilde e capaz. Se houver talento, melhor ainda, mas este último não dispensa os quatro primeiros.
Às vezes o simples ato de se levantar e seguir em frente é algo corajoso e grandioso.
Pode não parecer corajoso, mas as vezes evitar o conflito é uma das coisas mais corajosas que alguém pode fazer.
Não é que seja exatamente corajoso, meu coração tem é isso de bom: não ocupa espaço com mágoas e, com o tempo, ele se tornou desmemoriado pra assuntos de frustração. Quando me dou conta, lá está ele amando de novo, sorriso de orelha a orelha, com tal frescor que parece que nunca foi ferido.
A UM SUICIDA
À memória de Tomás Cabreira Júnior
Tu crias em ti mesmo e eras corajoso,
Tu tinhas ideais e tinhas confiança,
Oh! quantas vezes desesp'rançoso,
Não invejei a tua esp'rança!
Dizia para mim: — Aquele há-de vencer
Aquele há-de colar a boca sequiosa
Nuns lábios cor-de-rosa
Que eu nunca beijarei, que me farão morrer
A nossa amante era a Glória
Que para ti — era a vitória,
E para mim — asas partidas.
Tinhas esp'ranças, ambições...
As minhas pobres ilusões,
Essas estavam já perdidas...
Imersa no azul dos campos siderais
Sorria para ti a grande encantadora,
A grande caprichosa, a grande amante loura
Em que tínhamos posto os nossos ideais.
Robusto caminheiro e forte lutador
Havias de chegar ao fim da longa estrada
De corpo avigorado e de alma avigorada
Pelo triunfo e pelo amor
Amor! Quem tem vinte anos
Há-de por força amar.
Na idade dos enganos
Quem se não há-de enganar?
Enquanto tu vencerias
Na luta heroica da vida
E, sereno, esperarias
Aquela segunda vida
Dos bem-fadados da Glória
Dos eternos vencedores
Que revivem na memória —
Sem triunfos, sem amores,
Eu teria adormecido
Espojado no caminho,
Preguiçoso, entorpecido,
Cheio de raiva, daninho...
Recordo com saudade as horas que passava
Quando ia a tua casa e tu, muito animado,
Me lias um trabalho há pouco terminado,
Na salazinha verde em que tão bem se estava.
Dizíamos ali sinceramente
As nossas ambições, os nossos ideais:
Um livro impresso, um drama em cena, o nome nos jornais...
Dizíamos tudo isso, amigo, seriamente...
Ao pé de ti, voltava-me a coragem:
Queria a Glória... Ia partir!
Ia lançar-me na voragem!
Ia vencer ou sucumbir!...
Ai! mas um dia, tu, o grande corajoso,
Também desfaleceste.
Não te espojaste, não. Tu eras mais brioso:
Tu, morreste.
Foste vencido? Não sei.
Morrer não é ser vencido,
Nem é tão pouco vencer.
Eu por mim, continuei
Espojado, adormecido,
A existir sem viver
Foi triste, muito triste, amigo, a tua sorte —
Mais triste do que a minha e malaventurada.
... Mas tu inda alcançaste alguma coisa: a morte,
E há tantos como eu que não alcançam nada...
Lisboa, 1° de outubro de 1911
(aos 21 anos)
Não importa durante quanto tempo você treine alguém para ser corajoso, você nunca saberá se ele é ou não até algo real acontecer.
Vejo a educação como um corajoso mergulho. Jamais podemos saber o que iremos encontrar neste mar de emoções"